Após o sucesso de "Drácula" (1931), o roteirista Richard Schayer e o diretor Robert Florey sugeriram à Universal Pictures já em 1931, que uma adaptação de "O Homem Invisível" , de H.G. Wells , seria uma continuação adequada. Carl Laemmle e Carl Laemmle Jr. optaram por fazer uma adaptação cinematográfica de "Frankenstein" (1931). Enquanto Frankenstein era filmando, a Universal comprou os direitos de "The Invisible Man" de Wells em 22 de setembro de 1931, e o escritor exigiu a aprovação do roteiro ...
H.G.Wells (Herbert George Wells , 1866 -1946) escritor inglês que ficou conhecido como 'o pai da ficção científica', escreveu entre outros, os clássicos: "The Time Machine" (1895, A Máquina do Tempo, que foi seu primeiro romance), "A Ilha do Doutor Moreau" (1896), "A Guerra dos Mundos" (1898), e "The Invisible Man" ( O Homem Invisível, 1897)...
Começou uma luta para levar o romance para as telas, o que levou à escrita de várias roteiros e a vários diretores em potencial, tudo com a intenção de ser um filme para Boris Karloff. Karloff em alta e cheio de trabalhos, acabou deixando o projeto por questões salariais. Foi considerado Colin Clive para o papel-título, mas o escolhido foi o britânico Claude Rains (1889-1967). Finalmente em 1933, James Whale assinou contrato e seu colega roteirista R.C. Sherriff desenvolveu o roteiro de...
"The Invisible Man" (O Homem Invisível, 1933) de James Whale
O químico Dr. Jack Griffin (Claude Rains) hospeda-se em uma pequena vila no interior da Inglaterra. Ele está coberto por bandagens e tem os olhos obscurecidos por óculos escuros. Nunca saindo de seus aposentos, o estranho exige que o deixe completamente sozinho até que sua senhoria (Una O'Connor- 1880-1959) descobre que ele é... invisível.
Griffin retorna ao laboratório de seu mentor, Dr. Cranley ( Henry Travers ), onde revela seu segredo ao Dr. Kemp (William Harrigan) e à ex-noiva Flora Cranley (Gloria Stuart) - ele descobriu o segredo da invisibilidade enquanto conduzia uma série de testes envolvendo uma droga chamada 'Monocane'.
Logo eles descobrem que a descoberta de Griffin o deixou louco, levando-o a provar sua superioridade sobre outras pessoas, primeiro realizando pequenos delitos e travessuras, e depois, voltando-se para o crime e assassinato.
Diferente dos outros filmes de terror da Universal, aqui o destaque do 'monstro' não é sua maquiagem, mas os efeitos especiais visuais criados por Joh P. Fulton (1902-1966), que já havia trabalhado em "A Múmia" (1932), para mostrar, ou melhor, 'não mostrar' o cientista enlouquecido. Fulton foi indicado ao Oscar por seu trabalho em "O Homem Invisível", e continuou criando ilusões em outros filmes da Universal, como "A Noiva de Frankenstein", em 1935...
Lançada durante o Halloween de 1933, a produção ( que mistura de forma inteligente terror, sci-fi e humor) foi um grande sucesso financeiro para a Universal, e recebeu ótimas críticas de várias publicações, incluindo o 'The New York Times' , que o colocou entre os melhores do cinema do ano.
O Homem Invisível entrou para o panteão dos grandes monstros do cinema, e o filme gerou várias sequências na década de 1940...
https://archive.org/details/the-invisible-man-1933_202105
De todas as séries de monstros da Universal, essa mistura de terror, sci-fi e policial baseada em H.G.Wells, foi a que manteve o melhor nível de criatividade e diversão, começando com...
"The Invisible Man Return's" (A Volta do Homem Invisível, 1940) de Joe May
Acusado injustamente do assassinato de seu irmão, o químico industrial Geoffrey Radcliffe (Vincent Price) é condenado a forca. Após a visita de seu colega Dr. Frank Griffin (John Sutton), ele desaparece misteriosamente da prisão. O inspetor de polícia Sampson (Cecil Kellaway ) percebe que Griffin é irmão do Homem Invisível original e, deu a Geoffrey a fórmula para ajudá-lo a escapar.
Pode Geoffrey escapar da rede policial e rastrear o verdadeiro assassino? Mais importante, Griffin pode descobrir um antídoto antes que a fórmula de invisibilidade deixe Geoffrey totalmente louco?
Curt Siodmak criou uma nova história, com uma conexão mínima com o filme anterior. O diretor austríaco Joe May (Joseph Otto Mandl , 1880 - 1954) era um veterano do cinema europeu (começou a dirigir em 1912), e quando emigrou para os EUA em 1933, passou a dirigir filmes 'B', principalmente para a Universal. Essa dupla se esforçou para entregar um filme modesto, climático e divertido.
Os três papéis principais ficaram com atores que haviam trabalhado recentemente no terror histórico "Tower of London" (A Torre de Londres, 1939, de Rowland V. Lee) : Vincent Price (1911-1993, futuramente um dos grandes astros do terror dos anos 1960-70) , Nan Gray e John Sutton. O veterano Sir Cedric Hardwicke (1893-1964) ficou como destaque (e maior cachê), apesar de seu papel ser menor. Os efeitos visuais de John P. Fulton e equipe foram novamente indicados ao Oscar.
https://archive.org/details/the-invisible-man-returns-1940_202105
A Universal então decidiu fazer rapidamente uma versão ainda mais livre e cômica, produzindo...
"The Invisible Woman" (A Mulher Invisível, 1940) de A. Edward Sutherland
O maluco professor Gibbs (John Barrymore) coloca um anúncio em busca de uma cobaia humana para seus experimentos de invisibilidade, patrocinados por um playboy à beira da falência. O anúncio é respondido pela modelo Kitty Carroll (Virginia Bruce), que acaba de ser demitida por seu intrometido chefe Sr. Grawley (Charles Lane). O experimento é bem-sucedido e Kitty invisível sai imediatamente para dar uma lição a Grawley.
Ao mesmo tempo, o processo de invisibilidade é procurado por uma gangue de criminosos que quer usá-lo para contrabandear seu chefe de volta do México.
A intenção foi trocar o terror e o policial por risos e farsa total, sem nenhuma conexão com os outros filmes. Para isso foi chamado o diretor britânico Sutherland, que começou como humorista no cinema mudo (era um dos famosos 'Keystone Kops', e havia trabalhado com Charles Chaplin e O Gordo e o Magro), e depois em Hollywood se especializou em ...comédias. A intenção fica ainda mais clara com a participação de Shemp Howard (de Os 3 Patetas) como um dos criminosos...
Novamente os efeitos de John P. Fulton se destacam, apesar do orçamento apertado acabar provocando algumas falhas no seu trabalho.
https://archive.org/details/the-invisible-woman-1940_202105
Em Nova York, o impressor Frank Raymond (Jon Hall) é abordado pelo oficial nazista Conrad Stauffer (Sir Cedrick Hardwick) e pelo agente japonês Barão Ikito (Peter Lorre).
Curt Siodmak escreveu um roteiro que mixa terror, sci-fi, aventura de guerra, espionagem, alguns toques de humor, e claro, propaganda patriótica. Os vilões dão um show à parte, e Peter Lorre (Ladislav Loewenstein, 1904-1964) vive uma caricatura de um sinistro japonês, roubando grande parte do filme, como fez diversas vezes em sua fantástica carreira.
Robert Griffin (Jon Hall) que liderou uma expedição que descobriu uma fonte de diamantes na Tanzânia, desaparece, e é dado como morto. Ele surge cinco anos depois na propriedade de Sir Jasper Herrick (Lester Matthews), exigindo sua parte nos lucros da expedição, já que foi abandonado na África por Sir Jasper. Mas, Jasper se apropriou de tudo e expulsa Griffin como um mendigo. Vagando,ele chega à casa do maluco Dr. Drury (John Carradine), que tem um laboratório cheio de papagaios e cães invisíveis, que ele cuida normalmente como seus pets. Drury convence Griffin a se tornar sua primeira cobaia humana em um experimento de invisibilidade.
Depois de comédia e aventura, a série retorna a terror com alguns toques de humor. O filme é bem dirigido pelo ex-diretor de seriados Ford Beebe (1888-1978). Existem alguns bons efeitos de invisibilidade, e piadas com os provincianos ingleses.
Abbott & Costello foram os comediantes americanos mais populares da década de 1940, tendo produzido 2-3 filmes por ano desde sua primeira aparição em 1941. A dupla fez grande sucesso com seu vigésimo primeiro filme "Abbott and Costello Meet Frankenstein" (1948), no qual uniram a palhaçada com os personagens de terror da Universal: Drácula, a Criatura de Frankenstein e o Lobisomem. Os dois trapalhões então tiveram mais reuniões com os monstros clássicos como Dr. Jekyll/Sr. Hyde, a Múmia, e um encontro com o Homem Invisível...
A comédia mistura as trapalhadas da dupla com uma outra trama interessante com um homem invisível. Novamente os efeitos de invisibilidade (de John P. Fulton e David S. Horsley) são excelentes, e podemos ver o personagem-título se vestindo e se despindo, embaralhando cartas e comendo espaguete.