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Tesouros do Museu- Parte 5: Viva México!
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Tesouros do Museu- Parte 6: Loucos & Psicopatas
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Ad-Mat : A Arte Perdida dos Anúncios de Cinema nos Jornais
As exibições de filmes em salas de cinema, sofreram primeiro com a TV, depois vídeo cassete, TV por assinatura, DVD, Blu Ray... Agora sofrem ainda mais com a era do download & streaming. Mas, o cinema já foi (ainda é a melhor forma de assistir filmes, mas...) "A Maior Diversão" !
Nos tempos em que os cinemas dominavam, as distribuidoras de filmes lutavam para divulgar seus lançamentos. Uma das formas mais comuns e baratas, eram os anúncios em jornais & revistas periódicos. Os americanos chamam de AD-MAT...Hoje, resgatamos clássicos (ou nem tanto!) anúncios em jornais brasileiros de nossos filmes favoritos (ou nem tanto!) dos anos 30, aos anos 80...e para nossa Maior Diversão...sem muita ordem...heheh
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O Rei dos Monstros- Parte 13: Godzilla, Rei dos Monstros...
Em Primeiro Lugar: Godzilla Não é Gojira. Mas, como diz uma amigo meu: Cumpre o seu papel!
Mas, antes de falarmos do novo Godzilla americano, vamos voltar a Terra do Sol Nascente e um pouco tempo atrás...
Enquanto os direitos do personagem estão nas mãos da produtora americana Legendary, a Toho (lar original do lagartão) lançou uma trilogia de animação em parceria com a Polygon Pictures e distribuição mundial pela Netflix (no Oriente a trilogia foi lançada nos cinemas com sucesso):
"Gojira: Kaiju Wakusei" (Godzilla: Planeta dos Monstros, 2017); "Gojira: Kessen Kidô Zoshoku Toshi" (Godzilla: Cidade no Limiar da Batalha, 2018) & "Gojira: Hoshi o Kû Mono" (Godzilla: O Devorador de Planetas, 2018) de Kobun Shizuno & Hiroyuki Seshita, com roteiros de Gen Orobushi...
Uma saga de ficção científica que começa no último verão do séc. XX - Kaijus surgem por todo o planeta, e GOJIRA se mostra o mais poderoso e perigoso de todos, atacando tanto os seres humanos quanto os outros monstros. A destruição da Terra é eminente. Surgem duas raças alienígenas, uma raça de religiosos e a outra com a promessa de eliminar "Godzilla" usando o sofisticado "Mecha-Godzilla". Nada feito! As 3 raças precisam fugir para o espaço e tentar achar outro planeta habitável.
20 anos depois, o jovem Capitão Haruo, convence o comitê central de que é melhor voltar para a Terra e enfrentar Godzilla utilizando novos conhecimentos e tecnologia.
Esta é a premissa para uma saga que tem bons momentos e ótimas ideias, mas, roteiros fracos. A concepção visual, efeitos e animação são muito bons. Fãs de Gojira & fãs de Anime podem curtir à vontade...
"Godzilla: King of the Monsters" (Godzilla II: Rei dos Monstros, 2019) de Michael Dougherty, é a continuação direta da produção americana de 2014, escrito e dirigido pelo roteirista e diretor independente ("Krampus: o Terror do Natal" e "Contos do Dia das Bruxas") Dougherty.
Vale lembrar que o filme se cruza com o universo de "Kong: A Ilha da Caveira" (2017) de Jordan Vogt-Roberts, cuja cena pós créditos já indicava o aguardado retorno dos kaijus clássicos para compor o "MonsterVerse" da produtora Legendary.
Se no filme de 2014, Godzilla demora para emplacar, afogado em dramas humanos, em "Rei dos Monstros" o caminho é totalmente o oposto.
Assim sendo, assistimos a volta de Rodan, Mothra e do mais mortal e lindo Kaiju-do-mal, Ghidorah ("Monster Zero"é forçar muito a barra, né?); além de diversos outros anônimos (Incluindo um Kaiju brasileiro: Behemot/Mapinguary, um mamute-gorila ? ), liberados por uma organização eco-terrorista (liderada pelo "sempre vilão cumprindo seu dever de casa", Charles Dance)...
Deixando de lado as diversas tramas paralelas do núcleo humano do roteiro, o que interessa, é que agora, a humanidade vai ter que contar com o lagartão para vencer o maligno Ghidorah, que quer ser o "King" dos Kaijus, e destruir os humanos inconvenientes...
Com um orçamento de US$ 200 milhões, Rei dos Monstros possui ótimos efeitos especiais e, claro, muitas lutas entre os Kaijus/Titãs. Destaque para o primeiro round entre Godzilla & Ghidorah, que me lembrou os filmes clássicos dos anos 60/70; e a breve (mas bonita) batalha entre Mothra & Rodan.
Falando nos designs das criaturas, Godzilla está ok. Ghidorah está soberbo! Gostei do Rodan...
Não gostei da Mothra- Mothra tem a aparência frágil, sim. Mas tem que ser imponente e grandiosa...
O elenco é recheado de bons atores, (incluindo Sally Hawkins, de "A Forma da Água", de Guillermo Del Toro!), mas, o destaque fica com Ken Watanabe ("goodbye, old friend") e a menina Millie Bobby-Brown (vinda da série "Stranger Things"), que tem destaque, mas é sub aproveitada...
Enfim, o filme presta uma boa homenagem ao gênero Kaiju-Eiga (e bebe direto da fonte, com muitas citações e easter-eggs), e dá detalhes instigantes sobre a mitologia dos Titãs, que provavelmente será explorada no futuro. "Godzilla vs Kong" estreia em 2020, provando que nossos adoráveis super- monstros gigantes podem arrasar mais do que os certinhos super-heróis uniformizados...
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LONGA VIDA AO REI!!!!!!!!!
Falando nos designs das criaturas, Godzilla está ok. Ghidorah está soberbo! Gostei do Rodan...
Não gostei da Mothra- Mothra tem a aparência frágil, sim. Mas tem que ser imponente e grandiosa...
O elenco é recheado de bons atores, (incluindo Sally Hawkins, de "A Forma da Água", de Guillermo Del Toro!), mas, o destaque fica com Ken Watanabe ("goodbye, old friend") e a menina Millie Bobby-Brown (vinda da série "Stranger Things"), que tem destaque, mas é sub aproveitada...
Enfim, o filme presta uma boa homenagem ao gênero Kaiju-Eiga (e bebe direto da fonte, com muitas citações e easter-eggs), e dá detalhes instigantes sobre a mitologia dos Titãs, que provavelmente será explorada no futuro. "Godzilla vs Kong" estreia em 2020, provando que nossos adoráveis super- monstros gigantes podem arrasar mais do que os certinhos super-heróis uniformizados...

LONGA VIDA AO REI!!!!!!!!!
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Monstros & Desastres- A Arte de Shigeru Komatsuzaki
Shigeru Komatsuzaki (1915 - 2001) nasceu em Tóquio e foi um dos artistas gráficos mais prolíficos & influentes da ficção científica do Japão desde os anos 50...
Conhecido no Japão como um “gigante em ilustrações de ficção científica”, sua carreira começou nos primeiros anos depois do fim da famigerada Segunda Guerra Mundial.O seu auge artístico e comercial coincidindo com a ascensão do Japão como uma superpotência econômica.
Komatsuzaki começou ilustrando romances seriados em jornais e depois passou para pinturas usadas em revistas infantis e outras mídias. Entre os principais motivos de suas obras estavam ilustrações de monstros, guerreiros, aeronaves, navios de guerra, cenas de catástrofes, super-heróis, robôs e outros projetos futuristas...
...além de ilustrar contos clássicos de terror, em um estilo mais gótico que seu trabalho habitual..
Seu primeiro trabalho publicado, "Shirogitsune Kidan" ("Mistério da Raposa Branca") foi criado quando ele era adolescente, antes de ser recrutado para desenhar equipamentos mecânicos para um diário chamado 'Kikaika' durante a Segunda Guerra Mundial.
Seu primeiro trabalho publicado, "Shirogitsune Kidan" ("Mistério da Raposa Branca") foi criado quando ele era adolescente, antes de ser recrutado para desenhar equipamentos mecânicos para um diário chamado 'Kikaika' durante a Segunda Guerra Mundial.
Após a guerra, ele escreveu e ilustrou vários livros voltados para jovens adultos, como "Daini no Sekai" ("Segundo Mundo") e Kaitei Ōkoku ("Reino Submarino"), enquanto também trabalhava como designer de arte / produção em vários livros japoneses. Komatsuzaki também trabalhou para o cinema, em filmes como "Chikyū Bōeigun" ("The Mysterians"/ Os Bárbaros Invadem a Terra, 1957) de Ishiro Honda...
... e Uchū Daisensō ("Battle in Outer Space"/ Mundo em Guerra, 1959) de Ishiro Honda; até "Wakusei Daisenso" (" The War in Space", 1977) de Jun Fukuda...
... trabalhando no departamento de arte, criando armas futuristas e adereços alienígenas...
... e Uchū Daisensō ("Battle in Outer Space"/ Mundo em Guerra, 1959) de Ishiro Honda; até "Wakusei Daisenso" (" The War in Space", 1977) de Jun Fukuda...
... trabalhando no departamento de arte, criando armas futuristas e adereços alienígenas...
Enquanto a indústria de quadrinhos no Japão estava começando a decolar internacionalmente, Komatsuzaki decidiu criar grandes ilustrações para várias empresas de modelos que criavam kits militares, Gundams e principalmente para "Thunderbirds" e outras obras/produtos de Gerry Anderson para a TV, como "Captain Scarlet", "Joe 90" e "UFO".
Seu último trabalho ilustrativo publicado foi para um encarte em CD para o jogo "Metal Gear Solid: Sons of Liberty" e, infelizmente, em 1995, a maioria de suas criativas artes originais foram destruídas em um incêndio em sua casa...
Komatsuzaki faleceu em 7 de dezembro de 2001 e é considerado pela maioria dos escritores japoneses de ficção científica e quadrinhos como um dos homens mais influentes do gênero.

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Lucha Libre, Monstruos & Arte!
Sim! Gostamos muito do Cinema Mexicano de terror & ficção dos anos 60/70! Os astros & heróis eram os Lutadores Mascarados reais & famosos (El Santo, Blue Demon, Mil Máscaras, etc) ou inventados para o cinema (como Superzan). Ou duplas de comediantes mexicanos envolvidos com os Monstros Clássicos, totalmente inspirados por Abbott & Costello...
Uma matéria completa sobre o Gênero escrevi para o Blog Canibuk em 2011 : "Luchadores & Monstruos"...
O Assunto hoje é a Arte inspirada pelo gênero.
O primeiro nome é RAFAEL GALLUR (nascido em 10 de Dezembro de 1948, na Cidade do México).Rafael Gallur Iniciou sua carreira como assistente de ilustradores veteranos, e publicou seu primeiro trabalho no jornal La Prensa. Trabalhou para a editora Edar (mais tarde Vid) em quadrinhos como "Mini Terror", "Mini Aventuras", e para a EJEA em 'Frank Kein', 'Posesion Diabolica'...
... e 'Sangre India'. Ele acabou deixando as ilustrações dos quadrinhos para se concentrar em pinturas de capas, entre outras para as revistas "Sensacionales de Lucha", "Vaqueros" e "Maestros", sob o pseudônimo de Garr.
Gallur também ilustrou muitas capas dos chamados "Ghetto Librettos" (pequenas e baratas revistas em quadrinhos mexicanas, cheias de sexo & violência). Mais tarde, ele ilustrou para a DC Comics, e outras editoras gringas. Os trabalhos mais celebrados de Gallur, são dedicados aos "Luchadores Enmascarados": Quadrinhos & capas, sendo destaque inclusive na revista "Famous Monsters" em uma edição dedicada ao gênero...
Um pouco da arte de Gallur...
JUSTIN ERICKSON é um jovem ilustrador e artista gráfico canadense dedicado a trabalhos envolvendo o cinema. Principalmente o cinema Fantástico. Justin cria projetos gráficos para revistas, posters de filmes, eventos e shows.
Justin se formou no prestigiado programa de Ilustração Interpretativa do Sheridan College em 2004. Trabalhando primeiro como ilustrador e designer gráfico freelancer, Justin ganhou uma valiosa experiência no setor,quando conseguiu um emprego na revista de cinema de terror Rue Morgue Magazine como designer gráfico, em 2007.
(capa da Revista Rue Morgue por Justin)
Foi na revista que o amor e interesse de Justin pelo design de entretenimento floresceu, inspirando-o a co-fundar a empresa Phantom City Creative em 2010.
Em 2012, Justin recebeu dois Key Art Awards de prata por seu pôster para o filme " The Cabin in the Woods" (O Segredo da Cabana, 2011)...
Em parceria com a Rue Morgue, Justin criou o projeto "El Lucha Monstruo", uma homenagem/brincadeira com o gênero, aonde o artista recria os Monstros Clássicos como Luchadores, e os filmes da Fase de Ouro do Terror da Universal, como se fossem produzidos no México...
E para encerrar por hoje, dois outros artistas mexicanos:
GALTHARLLIN (Horácio Sandoval)
E JOSÉ QUINTERO...
Uma matéria completa sobre o Gênero escrevi para o Blog Canibuk em 2011 : "Luchadores & Monstruos"...
O Assunto hoje é a Arte inspirada pelo gênero.
O primeiro nome é RAFAEL GALLUR (nascido em 10 de Dezembro de 1948, na Cidade do México).Rafael Gallur Iniciou sua carreira como assistente de ilustradores veteranos, e publicou seu primeiro trabalho no jornal La Prensa. Trabalhou para a editora Edar (mais tarde Vid) em quadrinhos como "Mini Terror", "Mini Aventuras", e para a EJEA em 'Frank Kein', 'Posesion Diabolica'...
... e 'Sangre India'. Ele acabou deixando as ilustrações dos quadrinhos para se concentrar em pinturas de capas, entre outras para as revistas "Sensacionales de Lucha", "Vaqueros" e "Maestros", sob o pseudônimo de Garr.
Gallur também ilustrou muitas capas dos chamados "Ghetto Librettos" (pequenas e baratas revistas em quadrinhos mexicanas, cheias de sexo & violência). Mais tarde, ele ilustrou para a DC Comics, e outras editoras gringas. Os trabalhos mais celebrados de Gallur, são dedicados aos "Luchadores Enmascarados": Quadrinhos & capas, sendo destaque inclusive na revista "Famous Monsters" em uma edição dedicada ao gênero...
Um pouco da arte de Gallur...
JUSTIN ERICKSON é um jovem ilustrador e artista gráfico canadense dedicado a trabalhos envolvendo o cinema. Principalmente o cinema Fantástico. Justin cria projetos gráficos para revistas, posters de filmes, eventos e shows.
Justin se formou no prestigiado programa de Ilustração Interpretativa do Sheridan College em 2004. Trabalhando primeiro como ilustrador e designer gráfico freelancer, Justin ganhou uma valiosa experiência no setor,quando conseguiu um emprego na revista de cinema de terror Rue Morgue Magazine como designer gráfico, em 2007.
(capa da Revista Rue Morgue por Justin)
Foi na revista que o amor e interesse de Justin pelo design de entretenimento floresceu, inspirando-o a co-fundar a empresa Phantom City Creative em 2010.
Em 2012, Justin recebeu dois Key Art Awards de prata por seu pôster para o filme " The Cabin in the Woods" (O Segredo da Cabana, 2011)...
Em parceria com a Rue Morgue, Justin criou o projeto "El Lucha Monstruo", uma homenagem/brincadeira com o gênero, aonde o artista recria os Monstros Clássicos como Luchadores, e os filmes da Fase de Ouro do Terror da Universal, como se fossem produzidos no México...
GALTHARLLIN (Horácio Sandoval)
E JOSÉ QUINTERO...
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O Terror Brasileiro em Cartaz - Capítulo 1
* Praticamente uma introdução!!!
- O texto original desta matéria, eu escrevi entre 1999 e 2000, baseado nos filmes que havia visto no cinema e em VHS; nos meus arquivos pessoais, pesquisas em livros, revistas...
(Revista Cinema em Close-Up, editada entre 1975-1979 pelos profissionais da "Boca")
... jornais e na incríveis publicações do extinto INC (Instituto Nacional do Cinema) : "Guia de Filmes"& "Revista Filme Cultura.
Na época eu ainda não utilizava a internet (!?), e o trabalho foi duro, mas gostoso! hehehe!!!
Ele foi publicado no fanzine "B.T.C. Brazilian Trash Cinema" (novembro de 2001), que eu editava em parceria com Petter Baiestorf. O texto e pesquisa foram revistos e atualizados em 2011, para o blog CANIBUK, de Baiestorf. Se chamava "Estes Praticamente Estranhos Filmes de Horror Nacional", levando em conta que, de José Mojica Marins, passando pela Boca-do-Lixo, Udigrudi, produções caseiras em VHS, até os primeiros filmes de Rodrigo Aragão, o cinema de terror brasileiro era uma saudável "mistureba" de gêneros, executados (via de regra) de forma amadora.
2019: Já fazem 8 anos que adentrei no mundo digital, e comecei este blog, e o safado She Demons Zine Blog.
Nosso cinema de terror agora é muito profissional, autoral, de sucesso, e muito mais...Terror!
Esta nova atualização tem como base os filmes que assisti (é claro!), pesquisas no IMDB & outros sites e blogs, e nas pesquisas de Laura Cánepa, Carlos Primati, Lúcio Reis, Fábio Vellozo, André Barcinski & outros aficionados neste nosso terror brasileiro nas telas...o Horror nacional, real, vamos deixar de lado um pouquinho...ou, não...
Começamos então!
- Com um atraso incrível (as primeiras salas de exibição brasileiras surgiram em 1896 e as primeiras produções locais logo em seguida) num país sabidamente supersticioso e com um rico folclore, nossos primeiros filmes de terror e sobrenatural só apareceram durante os anos 1960, Assim sendo, a trajetória do gênero no Brasil se confunde com a de seu maior ícone: José Mojica Marins (1931). Paulista, neto de espanhóis, criado dentro de um pequeno cinema que seu pai gerenciava na Vila Anastácio, Lapa. Desde criança, se interessou por teatro, histórias em quadrinhos e principalmente cinema. Com a colaboração da família e amigos criou uma escola de atores/produtora mambembe e depois de rodar um faroeste nacional e um melodrama infantil criou o personagem Josefel Zanatas, mais conhecido como Zé do Caixão para o clássico “À Meia Noite Levarei Sua Alma” (1964).
O próprio diretor/roteirista assumiu o papel do coveiro sádico em sua busca insana por uma mulher perfeita que lhe daria um filho superior e a imortalidade. Julgando ter encontrado a mulher ideal, Zé violenta a namorada virgem de um amigo seu. A garota desesperada se suicida, mas antes promete voltar dos mortos para buscá-lo. A figura sinistra de longas unhas, barba, cartola e capa preta iniciaria uma longa relação simbiótica entre criador-criatura/ator-personagem, que extrapolaria a mídia e criaria raízes no imaginário popular.
“A Meia Noite Levarei a Sua Alma” dividiu a crítica da época, afinal a produção era recheada de blasfêmias, sexo, violência, filosofia de botequim, diálogos hilários e cenários de papelão. O terror e o trash nasceram juntos entre nós, e o público adorou. Estreando primeiro em São Paulo e depois no Rio de Janeiro, o filme foi um grande sucesso, mas por total falta de gerenciamento da produção, Mojica ficou sem nenhum centavo das bilheterias lotadas.
Em Belo Horizonte (MG), o veterinário Luiz Renato Brescia ( 1903-1988) realizador independente de pequenos documentários, também se aventurava em gêneros pouco comuns por aqui. Tentou rodar um Western em 1945 e sete anos depois produziu o Peplum (Épico Romano) “Nos Tempos de Tibério César” com direção de seu filho Ettore. Com parcos recursos começou a rodar nos fins de semana, “Phobus, Ministro do Diabo” (1965), sobre um ser maligno com a missão de espalhar o mal sobre a terra, e encarnado em Flávio (Ivaldo Selva) um professor mineiro.
Realizado com um elenco de amadores, equipe técnica diminuta e contando com inúmeros “defeitos especiais” óticos desenvolvidos pelo próprio diretor, a obra só ficou pronta na década seguinte e recebeu um lançamento precário em 1974, encerrando a carreira de Brescia e legando-lhe um status cult/trash digno de um Ed Wood nacional.
Após transferir seus modestos estúdios para uma sinagoga abandonada (e com fama de assombrada, um ótimo marketing!), Mojica entusiasmado com o sucesso de seu primeiro filme de terror, decide dar continuidade a história.
Em “Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver” (1966), Zé do Caixão continua sua busca insana e com a ajuda de seu fiel criado, o corcunda Bruno rapta várias jovens e as submete a torturas que envolvem aranhas caranguejeiras e um poço com serpentes (exigindo realismo e poupando nos efeitos especiais, Mojica utilizou bichos de verdade, uma tortura verdadeira para o elenco feminino e técnicos). Atormentado pela culpa de ter assassinado uma mulher grávida, Zé sonha que é arrastado para um inferno gelado e a cores (o filme assim como o anterior era em p&b, com exceção desta seqüência antológica) e no fim acaba morrendo afogado e blasfemando.
A rígida censura da época, já preocupada com as ousadias do diretor, o obrigou a realizar uma re-dublagem tosca mostrando o personagem amoral e agnóstico se convertendo no último instante. Promovido pela imprensa a superstar e paparicado pelos cineastas do movimento “Cinema Marginal” (Sganzerla, Reinchenbach e outros), José Mojica ganhou um programa na recém inaugurada TV Bandeirantes: “Além, Muito Além do Além” (1967/1968) que tinha episódios com seus alunos como elenco, e tendo Zé do Caixão como mestre de cerimônias. O sucesso de audiência muito se deve as histórias escritas por Rubens Francisco Lucchetti (1934), autor de centenas de livros populares de bolso, histórias em quadrinhos e roteiros para cinema e TV.
Baseado nas histórias de Lucchetti para o show, o produtor Antonio P. Galante (1934), astuto empresário da “Boca do Lixo”, investiu no filme de episódios "Trilogia de Terror" (1967).
Mojica dirigiu “Pesadelo Macabro”, sobre catalepsia e enterro prematuro, enredo bastante influenciado pelo escritor americano Edgar Allan Poe (1809-1849).
Ozualdo Candeias (1922-2007) adaptou “O Acordo”, sobre um pacto com o capeta, e Luiz Sérgio Person (1936-1976) conduziu “A Procissão dos Mortos”aonde apareciam guerrilheiros fantasmas.
Apesar do filme se chamar “Trilogia de Terror” , as adaptações dos outros dois cineastas nada tinham de assustador, pendendo para o experimentalismo marginal e a crítica política (com um explícito chamamento às armas, numa época onde as esquerdas estavam abaladas pela morte do líder guerrilheiro Che Guevara).
Mas Mojica gostou da fórmula de um filme em episódios e tocou a produção de “O Estranho Mundo De Zé do Caixão” (1968), que ele encomendara para R.F. Lucchetti antes ainda do programa televisivo.
As três histórias macabras foram rodadas em apenas 17 dias, em cenários construídos na sinagoga. Em “O Fabricante de Bonecas”, marginais invadem a casa de um artesão para roubar e abusar de suas filhas e descobrem da pior forma como o velho conseguia olhos realistas para seus brinquedos.
Em “A Tara”, um pobre corcunda vendedor de balões é apaixonado por uma bela jovem e só consegue consumar sua paixão depois que ele morre; finalmente em “A Ideologia”, Mojica apresenta seu “novo” personagem, o Professor Oaxiac Odez...
... que desafiado em um programa de debates na TV a provar sua tese que o instinto supera a razão, tranca um casal em sua masmorra e os submete a torturas, humilhações e canibalismo, se o nome do professor era Zé do Caixão ao contrário, suas idéias e métodos são muito parecidos e até mais cruéis.
“Trilogia do Terror” e “O Estranho Mundo De Zé do Caixão” estrearam em 1968 com uma infinidade de cortes exigidos pela censura.
O formato de longa com histórias curtas foi também utilizado em 1969 em “Incrível, Fantástico, Extraordinário”, adaptação de um programa radiofônico muito popular, apresentado entre 1947-1958 pelo radialista "Almirante"...
Realizado por C. Adolpho Chadler (1931), com o astro-cantor Cyll Farney (1925-2003) num elenco que vivia 4 histórias populares de sobrenatural: “A Ajuda”, sobre um motorista que é avisado por uma mulher de um trágico acidente e ao salvar o filho dela descobre que ela já estava morta; “O Sonho”, com uma garota que pode prever mortes em sonhos, inclusive a sua; “A Volta”, onde uma viúva é atormentada pelo retrato do falecido e “O Coveiro”, sobre um ladrão de túmulos que recebe o castigo merecido.
Chadler voltaria com outra antologia “O Impossível Acontece” (1970), agora com roteiro e co-direção dos famosos Anselmo Duarte (1936-2009) e Daniel Filho (1937) e os episódios fantásticos-cômicos ”O Acidente”, “Eu, Ela e o Outro” e “O Reimplante” (com os hilários Tião Macalé & Wilza Carla); ao estilo do seriado americano “Além da Imaginação” (Twilight Zone) com um tempero nacional.
Uma sátira ao gênero, com a brasileiríssima fórmula da Chanchada trouxe em 1969 “Um Sonho de Vampiros” de Iberê Cavalcante (1935).
O humorista Ankito ( Anchizes Pinto, 1924-2009) vive o Dr. Pan, um velho médico da pacata cidade de Paraíso Tropical que faz um pacto secreto com a Morte e acaba se transformando em um vampiro que ataca e transforma as principais autoridades de sua pequena cidade. Fugindo da infestação de vampiros, um jovem casal de namorados vive várias aventuras.
José Mojica apesar de ter se transformado em um artista multimídia (cinema, TV, histórias em quadrinhos, disco de carnaval, marca de cachaça e até uma linha de perfumes!) continuava não administrando sua carreira e estava falido. Com a ajuda de seus alunos, amigos do Cinema marginal e um providencial financiamento bancário, decidiu rodar um filme radical, misturando horror, violência urbana, drogas e metalinguagem seguindo a onda sessentista de filmes psicodélicos. “Ritual dos Sádicos” escrito por Lucchetti e dirigido por Mojica, contava como um psicólogo utilizava quatro cobaias humanas, fazendo-as ter alucinações envolvendo Zé do caixão através de injeções de LSD.
Rodado e divulgado em 1969, foi totalmente barrado pela censura e só liberado em 1983, já com o título de “O Despertar da Besta”, tendo lançamento apenas em festivais e mostras especiais.
A década de 70 foi a mais promissora para o Horror brazuca, o movimento Udigrudi (Underground verde-amarelo, também conhecido como Cinema Marginal) e a emergente produção da chamada “Boca do Lixo” providenciaram o estufo “B” necessário. “Os Monstros de Babaloo” de Elyseu Visconti Cavalleiro (1939-2014) e “A Possuída dos Mil Demônios” de Carlos Frederico Jordan (1945), ambos de 1970, são fantasias bizarras e simbólicas que tanto podem ser vistas como variações burlescas do terror, como alucinadas críticas a sociedade.
O primeiro à sociedade burguesa com um humor negro pré John Waters nas desventuras do dia-a-dia da família grotesca de Mr. Badu (Wilza Carla, Badu, Helena Ignez, Zezé Macedo), vivendo na fictícia Ilha de Babaloo ; e o segundo à pobreza e ignorância de nossas favelas onde afloram superstições e loucura à lá Pasolini- a "Possuída"é uma mulher pobre, que tem delírios e ouve vozes misteriosas. Subitamente ela se torna uma predadora sexual que seduz adolescentes e ataca homens. A comunidade local decide mata-la, mas, "os demônios" no seu interior, podem ser mais fortes...
“Fantasticon, Os Deuses do Sexo”, de 1971 é mais um filme em episódios. “A Curtição” de Teresa Trautman (1951) e “Os Últimos” e “Kelak, A Bruxa” de José Marreco (1946), possuem toques de psicodelia/política, ficção científica e sobrenatural, respectivamente, e narrativas experimentais. Produção de baixíssimo orçamento realizada pelos diretores iniciantes em regime de cooperativa, e com equipamentos emprestados.
“O Macabro Dr. Scivano” (1971) de Raul Calhado(1938) e Rosalvo Caçador (ator e técnico em filmes de José Mojica, como O Estranho Mundo de Zé do Caixão e Finis Hominis ), mostrava Edmundo Scivano, um político fracassado que se envolvia com macumba e em troca de riqueza e poder se transformava numa espécie de vampiro tupiniquim.
No final, depois de reduzido a pó pela força de uma cruz, um psicólogo diagnostica que ele era apenas um paranoico (em um final copiado descaradamente de “Psicose” de Alfred Hitchcock de 1960). Promovido na época como “O Primeiro filme brasileiro de Ficção Científica” (?!), era na verdade uma tentativa de imitar o terror de Mojica, inclusive com o ator/produtor/roteirista e co-diretor Calhado fazendo aparições públicas caracterizado como o seu personagem...muito parecido com um certo Zé...
O ítalo-brasileiro Raffaele Rossi (1938-2007), escreveu, dirigiu e estrelou uma fábula de horror questionando a autoridade paterna e a negligência familiar intitulada “O Homem Lobo” (1971), onde um professor de uma cidade do interior descobre que seu filho adotivo, que fora criado longe dele sofre de licantropia , e nas noites de lua cheia se transforma em uma criatura que ataca as mulheres da região.
Primeiro ele tenta encobrir os crimes assumindo a culpa e depois decide caçar e eliminar o lobisomem.
Rituais de magia negra e cultos jovens com líderes ao estilo do americano Charles Mason são o tópico de " Guru Das Sete Cidades” (1972) de Carlos Binni (1940), sobre um casal de milionários em crise que se envolve com uma seita hippie que exige sacrifícios humanos.
Outro casal se enreda com o capeta e seus seguidores em “O Diabo Tem Mil Chifres” (1972) de Penna filho (1936).
Recém casados, eles recebem uma carta de uma misteriosa “corrente”, que ignoram. Logo aparece um artista plástico determinado a seduzir e levar a mulher. O marido recebe uma proposta do demônio para resolver toda a questão…
O filme (rodado em preto & branco), foi retido pela censura, e só liberado em 1977, com classificação para 18 anos!!!
A Licantropia, tema presente em inúmeros relatos de nosso folclore e certamente trazido da Europa por nossos colonizadores, retornou a tela em 1974 com “ O Lobisomem, O Demônio da Meia Noite”.
A pobreza da produção (apesar de uma bela fotografia colorida), a edição caótica e os diálogos beirando o surrealismo marcam outro udigrudi típico de Eliseu Cavalleiro. Wilson Grey (1923-1993) em seu primeiro papel principal, é um milionário excêntrico, que mora em um chalé próximo a uma mata e que preside um culto de bebedores de sangue, se transformando em um lobisomem (que mais parece um vampiro), até ser exterminado por uma figura mística chamada Branca Justiça.
Uma livre adaptação da história policial “O Caso dos Dez Negrinhos” da escritora Agatha Christie, gerou o suspense “O Signo de Escorpião” (1974) de Carlos Coimbra (1928-2007).
Um grupo de doze pessoas é convidado por um famoso astrólogo para visitar sua ilha particular, e testar uma revolucionária máquina de previsões astrológicas. Eles passam a ser assassinados um a um, de acordo com seus signos do Zodíaco. Em meio a um elenco de atores conhecidos, a presença sinistra de Wanda Kosmo, da gostosinha Kate Lyra e do famoso (na época) astrólogo televisivo Omar Cardoso.
A participação especial de Cardoso era um Gimmick para atrair os telespectadores para os cinemas, e dar uma certa credibilidade a história envolvendo o horóscopo, mas ele ficou parecendo uma versão tupiniquim de Criswell nos filmes de Ed Wood...
Já “Quem Tem Medo de Lobisomem?” de Reginaldo Faria (1938), do mesmo ano, brinca com o tema e coloca dois rapazes da cidade grande (Stepan Nercessian e o diretor Faria) em busca de suas raízes e da lenda do “lobisomem das sete encruzilhadas”.
Acabam encontrando uma família do interior que parece assombrada por fantasmas e que tem seis filhas mulheres e um caçula que descobrem tardiamente ser um homem lobo.
Uma divertida (mesmo que confusa) mistura de aventura, comédia e horror fantástico, que seu diretor/ator definiu como “um filme de terror com bom humor”.
O sucesso internacional do terror-católico “O Exorcista”, de 1973, levou o produtor Aníbal Massaini Netto (1945) a investir em um similar nacional : “Exorcismo Negro”(1974) de e com… José Mojica Marins.
Na trama bolada por Lucchetti, o diretor Mojica descansa na casa de campo de uma família tradicional e pacata (com um elenco Global da época) e acaba enfrentando uma bruxa (Wanda Kosmo), um filho do capeta e o próprio Zé do Caixão, que é convocado pela feiticeira para cobrar uma dívida infernal.
Numa produção refinada e bem acabada para os padrões de Mojica, ele acabou representando uma auto-paródia, ao ser mostrado como um intelectual de muito sucesso. Numa jogada publicitária genial, o próprio Zé do Caixão improvisava comícios na frente dos cinemas que exibiam o filme gringo e anunciava “O diabo é nosso! O diabo brasileiro é melhor!”, conclamando o público a assistir sua versão.
Ainda em 1974 tivemos o surpreendente “O Anjo da Noite” de Walter Hugo Khoury (1929-2003), um drama de suspense e terror psicológico baseado em um fato verídico vivido por uma babá brasileira nos EUA (que também inspirou o americano John Carpenter a criar seu clássico “Halloween” em 1978).
Na história, premiada no Festival de Cinema Fantástico e de Terror de Sitges (Espanha), uma jovem universitária (a linda e expressiva Selma Egrei) aceita cuidar de duas crianças durante uma noite em uma mansão isolada. Pouco a pouco ela é assustada por misteriosos telefonemas e por uma presença sinistra dentro da casa.
Uma pequena obra prima densa e perturbadora, com ares de terror gótico brasileiro.
O argentino Carlos Hugo Christensen (1914-1999) também fez uso do telefone como instrumento torturador em “Enigma para Demônios” (1975), baseado no conto de Carlos Drummond de Andrade “Flor, Telefone, Moça”.
Monique Lafond é Elza, uma brasileira que vive na Argentina, e que volta para a casa da família para receber uma herança. Ao visitar o túmulo de sua mãe, acaba retirando uma rosa depositada em outra sepultura.
Passa então a ser aterrorizada por telefonemas em que uma voz pergunta “onde está a rosa que você tirou da minha sepultura?”. Ela refugia-se em um sítio onde não há telefones, mas outros fatos misteriosos parecem confirmar uma trama sobrenatural.
Uma boa dose de misticismo, cenários naturalmente soturnos de Ouro Preto (MG), e um final imprevisível; tudo com qualidade técnica e a direção criativa de Christensen!
Christensen voltaria ao suspense fantástico com “A Mulher do Desejo” (1976) baseado em idéias do escritor Nathaniel Hawthorne sobre a sobrevivência do espírito e com diálogos precisos de Orígenes Lessa.
Recém casados vão morar em um casarão do sec.XVIII, e o homem parece possuído pelo fantasma de seu tio, adquirindo até algumas características físicas do morto, o que obriga sua esposa a procurar um exorcista.
Foi filmado sob o título de “A Casa das Sombras”, utilizando atores amadores e novamente a arquitetura peculiar de Minas Gerais.
“Seduzidas pelo Demônio”(1975) foi a volta de Raffaele Rossi (que faria fortuna anos depois ao iniciar o ciclo de sexo explícito com seu “Coisas Eróticas”) ao terror misturado com conflitos familiares tendo como pano de fundo o tema da moda, a possessão diabólica.
Um universitário é possuído pelo espírito do mal e provoca a morte de várias mulheres. Seu pai adotivo vem em seu auxílio e descobre que ele fora resgatado quando criança de um grupo de adoradores do diabo. O conflito final entre os dois é inevitável, assim como o uso de uma cruz como arma contra o Tinhoso…
O místico, compositor (letras com Paulo Coelho e Raul Seixas) e cineasta Marcelo Motta (1931-1987 ), dirigiu José Mojica Marins em “A Estranha Hospedaria dos Prazeres” (1976), sobre uma pousada mal-assombrada, que seria uma espécie de purgatório gerenciado pela própria morte (Mojica, trocando a cartola por um chapéu-coco).
Em uma noite de tempestade, casais adúlteros, malandros, criminosos e um grupo de engraçados hippies motoqueiros acabam se refugiando no local e encontrando a danação eterna.
A pobreza e o amadorismo da produção (Mojica enfrentava sérios problemas financeiros e pessoais) se repetiram em...
... “Inferno Carnal” (1976) de José Mojica Marins, uma refilmagem de um episódio televisivo de sua série de 1969.
Tentando acertar com um terror mais tradicional, Mojica acabou fazendo um Trash muito parecido com os melodramas sobrenaturais mexicanos dos anos 60, com uma história clichê de um cientista que é traído e deformado por sua esposa e seu melhor amigo, e se vinga.
Um dos acertos do filme foi a escalação da linda Helena Ramos (1955), a futura “Rainha do cinema erótico brasileiro” no papel de uma garota sexy, mas ingênua protegida pelo cientista atormentado.
“Excitação” (1976), de Jean Garrett (José Antônio N.G. Silva, 1947-1996, português de nascimento), por detrás de mais um título com chamariz sexual, é uma mistura de macumba, reencarnação e fenômenos paranormais.
Uma mulher (Kate Hansen) vai morar em uma casa de praia para se recuperar de uma crise nervosa, passando a ter visões com um suicida e enlouquecendo quando aparelhos eletrodomésticos passam a funcionar sozinhos e a ameaçam.
A produção paulista “A Virgem da Colina”(1977), de Celso Falcão (?) contava o caso de uma jovem noiva (Cristina Amaral), que depois de ganhar um um anel comprado em um antiquário, tem sua personalidade dividida e de dia virava uma prostituta barata.
Ela acaba ficando com o rosto deformado, e seu marido apela para um padre-exorcista (Jofre Soares), que revela que o anel pertencera a uma prostituta com podres sobrenaturais, e que fora queimada viva pela população.
O filme foi lançado na Espanha como "Poseída", e nos Estados Unidos como "The Ring of Evil"...
Um curioso mix de subgêneros surgiu no argumento criado pelo produtor Antônio P. Galante (1934) para “Escola Penal de Meninas Violentadas” (1977) de Antonio Meliande (1945-2017):
Garotas marginais são recolhidas para uma escola penal dirigida por um grupo de freiras. Um cadáver encontrado nas redondezas trás a tona uma série de crimes e torturas ocorridas no local. Um policial veterano descobre que a tirânica madre superiora é na verdade uma psicopata fugitiva que assassinara e tomara o lugar da religiosa, transformando a instituição num lugar infernal.
Um carcereiro brutamontes e mudo, uma freira possuída pelo diabo, detentas com pouca (ou nenhuma ) roupa e a presença dos ótimos Sergio Hingst e Zilda Mayo e de uma muito jovem Nicole Puzzi no elenco, completam o coquetel macabro.
O prolífico diretor-produtor Fauzi Mansur (1941-2019) flertou com o gênero a primeira vez com “Belas e Corrompidas” (1977)...
... sobre uma psicopata (Maria Izabel de Lizandra) que se diverte seduzindo homens para depois assassina-los de maneiras variadas, sempre com a ajuda de sua fiel assistente corcunda Tula (contrapartida feminina do personagem clichê “Ygor”) num suspense erótico que tinha o saudável sub-título de “Sexta-Feira as Bruxas Ficam Nuas”.
Inspirados por manchetes sensacionalistas sobre um gênero de filmes onde atores desavisados seriam mortos em frente às câmeras, Claudio Cunha e Carlos Reichenbach escreveram “Snuff – Vítimas do Prazer” (1977) dirigido por Cunha...
... onde uma dupla de produtores de filmes pornográficos americanos aporta em nosso país em busca de equipe e principalmente elenco feminino para um filme. Eles contratam um técnico falido (Carlos Vereza) e seu assistente ( o comediante Canarinho ), além de uma stripper, uma atriz decadente, uma candidata a miss, e um ator com problemas mentais.
O que elenco e equipe não sabem, é a intenção dos gringos de cometerem assassinatos reais em frente as câmeras.
O jornal paulista "Notícias Populares" deu a manchete na capa de seu caderno de variedades: "Estreia hoje o Filme que Mata!".
A atriz Rosângela Maldonado (1928), fã de Mojica, procurou seguir seus passos. Primeiro escreveu, produziu, musicou e atuou sob a direção dele, a comédia erótica de cunho fantástico “A Mulher que põe a Pomba no Ar” (1977), sobre uma cientista traída que cria mulheres-pombas para se vingar dos homens.
A maquiagem das mutantes consistia em braços com penas, asas coladas nas costas e esquisitos capacetes com bicos. O filme foi um fracasso total, mal sendo distribuído. Obstinada, ela em seguida escreveu, produziu, dirigiu, fez a cenografia, maquiagem, figurino e (ufa!) atuou em “A Deusa de Mármore – Escrava do Diabo” (1978).
Uma mulher misteriosa (Maldonado) com 2000 anos de idade, conserva a juventude através de um pacto com o demônio, em troca de um fluido mágico ela extrai a alma de homens durante o ato sexual, sendo constantemente cobrada pelo enviado do capeta “seu Sete Encruzilhada” (Mojica).
A mistura de terror com pornochanchada teve uma mãozinha de Mojica na direção, auxiliando sua discípula atrapalhada com as múltiplas funções. Em destaque na produção mambembe, os créditos de abertura desenhados de forma arrojada pelo artista plástico Akira Murayama, que também faz uma ponta no filme.
O chinês Juan Bajon (1948 ) fez sua estréia escrevendo e dirigindo o policial de suspense “O Estripador de Mulheres” (1978), sobre um assassino psicopata procurado pela polícia e pela imprensa e que acaba condenando injustamente um funcionário de um frigorífico.
No elenco, o ótimo Ewerton de Castro, como o psycho-killer Pascoal, o "Assassino da Noite" (outro título do filme); além de uma ponta da linda gaúcha Aldine Müller (1953), que seria a Rainha do Gênero terror-erótico no Brasil.
Aldine estrelaria o primeiro filme de outro chinês radicado aqui- John Doo (Chien Lun Tun, 1942- 2012). Trabalhando no cinema paulista desde os anos 60, em diversas atividades, Doo passou a escrever e dirigir quase sempre misturando erotismo com elementos fantásticos.
Em “Ninfas Diabólicas” (1978) ele coloca Úrsula (Aldine Müller) e Circe (Patricia Scalvi), duas jovens e belas estudantes que pegam uma carona com o bem comportado pai de família Rodrigo (Sérgio Hingst-1924-2004), que as leva para uma casa na praia.
Seduzido, o homem revela seu lado animalesco, enquanto as garotas parecem ter um elo psíquico, que no final se revela sobrenatural...
Uma pequena joia do cinema nacional, realizado com poucos recursos, elenco mínimo (mas afiado), e a criatividade de John Doo- muito acima da média na produção da Boca-do-Lixo...
CONTINUA...
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O Terror Brasileiro em Cartaz - Parte 2
Walter Hugo Khouri fez uma nova incursão no terror, com o fantástico “As Filhas do Fogo” (1978).
Numa mansão em Gramado (na serra gaúcha), duas jovens amigas/namoradas (Paola Morra & Rosina Malbouisson), após uma experiência com uma vizinha parapsicóloga (Karin Rodrigues), passam por estranhas situações com vozes de espíritos angustiados, estranhos rituais e um final onde a casa parece ser devorada pela vegetação local.
As marcas de Khoury estão bem presentes: produção requintada, belas atrizes (incluindo a italiana Paola Morra), sexo e roteiro intelectualizado. O filme foi divulgado na época pela popular Revista Planeta (especializada em assuntos esotéricos, místicos, sobrenaturais, etc), com um concurso e muitos cartazes em bancas de jornais.
Mas, Khoury não faz qualquer concessão- o erotismo lésbico é requintado, e os personagens e locações fogem de qualquer "brasilidade". O clima é angustiante, e o terror-fantástico remete a E.A.Poe & E.T. Hoffmann. Filme de culto!
Absolutamente sem dinheiro para fazer um novo longa, José Mojica Marins filma 30 minutos de um drama, onde um psiquiatra é atormentado por pesadelos em que Zé do Caixão quer roubar sua esposa ("Tâaaaniaaaa!!!"), e tem que apelar para a ajuda do próprio criador do personagem (José Mojica...metalinguagem que o diretor voltaria a utilizar) para tentar salvá-la .
Completando os outros 56 minutos, cenas extraídas de quatro filmes seus anteriores, principalmente as que conseguira liberar da censura. Assim ficou pronto “Delírios de um Anormal” (1978)...
... um caleidoscópio de alucinações repetitivas… demencialmente trash!
O argumento/roteiro criado pelo sempre presente R.F. Lucchetti, e a edição de Nilcemar Leyart dão sentido ao turbilhão de cenas!
O dublê de crítico e cineasta Alfredo Sternheim (1942), escreveu e dirigiu suspense erótico "Mulher Desejada” (1978) baseado em uma epígrafe de Edgar Allan Poe.
Kate Hansen vive uma estrela de TV em crise que procura refúgio em uma casa de campo de uma amiga. Lá se envolve com Waldo (Eduardo Tornaghi) filho da caseira e acaba descobrindo que mãe e filho não são nada normais, o que a leva para um pesadelo que pode ou não ser real…
Já “A Força dos Sentidos” (1979) de Jean Garrett, apresenta um clima fantástico-fantasmagórico recheado de erotismo...
...que acompanha um escritor que vai para uma pequena praia para se isolar e escrever um romance.
Lá sente-se atraído por uma bela jovem surdo-muda ( a presença hipnotizante de Aldine Müller) e descobre um estranho ritual dos moradores locais que envolve um defunto que aparece na praia todas as noites e é levado de volta para o mar em procissão.
A inspiração vem de de H.P. Lovecraft, e uma frase dele abre o filme “Não está morto aquele que pode jazer, e após a eternidade até mesmo a morte pode morrer”.
Mojica em uma fase mais “realista” tivera a ideia de um filme chamado “Estupro”, sobre um industrial milionário chamado Vitorio Palestrina (Mojica!), sádico que gosta de humilhar e torturas suas conquistas (Pete Tombs, em “Mondo Macabro”, diz que Palestrina é o que Zé do Caixão seria se ganhasse na loteria).
Um dia ele estupra uma jovem e lhe arranca um mamilo a dentadas. Passa então a exibir o bico do seio guardado em um vidro como um troféu. Assim como Zé, Palestrina procura uma companheira perfeita, amoral como ele. Conhece a bela Vitória (Arlete Moreira) e se apaixona, mas durante o ato sexual ela lhe arranca os testículos, revelando ser a irmã da garota que ele mutilou.
Este melodrama gore acabou sendo exibido no Festival de Cinema Fantástico de Sitges (Espanha) e foi lançado no Brasil com um título mais ameno: “Perversão” (1979), exigência da censura...
Elogiado pela crítica e com sucesso de público graças a “Ninfas Diabólicas”, John Doo planeja uma segunda parte para o filme, mas aceita conduzir uma produção mais cara, com atores oriundos das telenovelas, e uma das suas musas...
“Uma Estranha História de Amor” (1979) com Nei Latorraca e Selma Egrei.
Maria (Egrei) é a nova professora primária de uma cidadezinha do interior. Ela se envolve com o afetuoso e sensível professor Daniel (Latorraca), mas, acaba nos braços (e na cama ) do rico e conquistador Diogo (David José ).
Daniel se refugia magoado em uma cabana, enquanto Maria acaba aprisionada pelo possessivo Diogo. Mas, Raquel, uma estranha menina, aluna preferida de Maria, tem poderes extrassensoriais, e acaba unindo o trágico casal, vencendo a morte, reencarnação, e influenciando outros amantes...
De volta ao sistema independente da Boca do Lixo, Doo dirige então “As Ninfas Insaciáveis” (1979- lançado somente em 1981), policial-erótico-com toques fantásticos, estrelando Zilda Mayo, Tânia Gomide e Alvamar Taddei ...
... que, apesar do título, não é uma sequencia de "Ninfas Diabólicas".
Doo também fez segmentos eróticos-sobrenaturais para as antologias “A Noite das Taras” (1980), episódio ”A Carta de Érico”; “Aqui Tarados” (1980), o gore e irônico “O Pasteleiro” (onde também atua dirigido por David Cardoso, em uma história de necrofilia e canibalismo), e “Pornô” (1981), com o excelente “O Gafanhoto”(sobre uma feiticeira-pianista cega (Zélia Diniz), seu escravo sexual e seu "bichinho de estimação")...
Sempre que podia, Doo contrabandeava elementos fantásticos e o sobrenatural para estas produções eróticas, sempre dosando o macabro com doses de ironia.
No longa com 3 episódios fantásticos "Delírios Eróticos" (1981), John Doo trabalhou dobrado...
...escreveu o segmento "Sussurros e Gemidos", dirigido por Waldir Kopesky, sobre um homem que é seduzido por uma bela mulher, que só aparece e transa quando está chovendo. No final, ele descobre aterrorizado, ser uma das inúmeras vítimas fatais desta "Ninfa da Chuva".
Seu episódio "Amor por Telepatia" mostra um jovem casal de desconhecidos em um ônibus, que fantasiam um sobre o outro. Mas, enquanto a fantasia dele termina romanticamente, a dela envolve sadomasoquismo e castração.
Jair Correia (1956-) dirigiu "Duas Estranhas Mulheres" (1981)...
...com os segmentos "Diana"& "Eva". No primeiro, Diana (Patricia Scalvi) é interrogada pela polícia sobre o envenenamento de seu abusivo marido Raul (Hélio Porto). Ela precisa explicar seu relacionamento com seu gentil e simpático amante Otávio (Hélio Porto)...que seria na verdade, a mesma pessoa..
...Eva (Fátima Celebrini) aparece sempre nos sonhos do oriental conhecido como China (John Doo novamente!). Ele a vê em sua cama, nos braços do marido, e também a morte deste em um acidente de carro. Um dia, China dá uma carona para...Eva...acabam em um relacionamento que termina em morte. No final, China e o marido dela seriam a mesma pessoa???
Interessante que a premissa básica e os desfechos abertos dos dois segmentos são muito parecidos, com dois "Estranhos Homens"...
Prolífico e criativo, John Doo ainda foi ator e diretor de fotografia várias vezes, e e escreveu e dirigiu o terror “Excitação Diabólica” (1982), com Wanda Kosmos (a bruxa oficial do cinema nacional) como uma prostituta com poderes sobrenaturais.
Maltratada por três motoqueiros metidos a machões, ela se transforma na mulher dos sonhos de cada um deles (Aldine Müller, Zaira Bueno e Silvia Gless), levando-os a loucura e a morte.
Sem dúvida, John Doo foi, depois de Mojica, o maior nome dos primórdios do Terror nacional no cinema.
A dupla Luiz Castillini (1944) e Cláudio Cunha (1946), especialistas em sacanagem, realizaram em 1982 uma pretensiosa adaptação de um conto de Boccagio, que se chamou “A Reencarnação do Sexo”...
... mas a história do espectro de uma bela mulher (Patricia Scalvi) dominado pela vontade da cabeça decepada de seu amante que exige vingança, é na verdade uma cópia erótica do argumento do clássico da Hammer Films inglesa “Frankenstein Criou a Mulher” de 1966.
“Fantasias Sexuais”(1982) seria mais um filme erótico em episódios rotineiro, mas Juan Bajon ousou...
... e no segmento “Os Caronistas” , três jovens são perseguidos por um psicopata tarado, e em “A Mulher Abelha”, a perturbada personagem título, ameaça suicídio e atraí homens atenciosos que acabam sendo consumidos sexualmente por ela até a morte.
O carioca Ivan Cardoso (1952), fotógrafo, super-oitista e cinéfilo inveterado, driblou todas as dificuldades para realizar de forma independente sua homenagem-paródia aos clássicos de terror da Universal/Hammer, com roteiro de R.F.Lucchetti, “O Segredo da Múmia” (1982)...
O cientista louco brasileiro Expedito Vitus (Wilson Grey) descobre um soro da vida e ressuscita uma múmia egípcia para ajuda-lo em uma vingança pessoal.
Perfeito em sua combinação de terror com chanchada, sacanagem e deboche tem seu ponto alto no elenco recheado de atores famosos, mulheres maravilhosas, participações especiais (até José Mojica faz uma ponta no começo da história), amigos pessoais de Ivan e estreantes de muito talento, como o advogado Felipe Falcão no papel do alucinado e tarado assistente Igor.
O filme, com uma ajuda da Embrafilme na pós produção e distribuição, foi um sucesso de público e crítica e inaugurou um gênero apelidado de “Terrir”. A ousadia de Ivan, ao transpor o personagem para os cenários e sotaques nacionais, foi lançado também no exterior, e ganhou adaptação em HQ...
Nesta época, o terror era uma moda internacional e a tônica da produção brasileira era calcar nos modelos e clichês americanos com doses generosas de nudez e sexo para ajudar nas bilheterias.
“Shock” (1982) de Jair Correia (1956)...
... com as belas Aldine Müller, Claudia Alencar e Mayara Magri, era uma tentativa de realizar um suspense ao estilo “Slasher”/"Giallo" com um maníaco (metido a baterista!) massacrando jovens após uma festa em uma mansão isolada...
No erótico “Banquete de Taras” (1982) de Carlos Alberto Almeida (1942), Vladimir Vladislav, um jovem escultor recebe uma visita da Transilvânia com uma missão: sossegar seu antepassado o Conde (Drácula?!) no sepulcro a mais de 500 anos, fazendo sexo e sacrificando quatro mulheres durante quatro noites.
As mulheres acabam sendo transformadas em estátuas de pedra que passam a decorar o jardim da mansão do artista. O próprio "Conde" vampiro acaba aparecendo na pele do baixinho Newton Couto...maravilhas da Boca-do-Terror!!!
"A Noite do Amor Eterno" (1982) de Jean Garrett...
...é um thriller de suspense e terror erótico-masoquista, estrelado por nossa rainha do gênero: Aldine Müller.
Ela vive Lilian, uma atriz que é perseguida por um fã maluco (Flávio Portho), e acaba sendo sequestrada por ele.
O homem é um ator frustado, psicopata, que vive em uma mansão com seu pai inválido, recita frases de Shakespeare, e tem tendências suicidas...
Já em “ O Castelo das Taras” (1982) de Julius Belvedere (?), um grupo de estudantes que se dedica a pesquisas com o sobrenatural, acaba invocando o espírito do Marquês de Sade, que possuí um deles e transforma tudo em uma orgia de sexo e violência até a intervenção de um espírito do bem que termina com a festa.
Filho de um lendário documentarista francês radicado no Brasil, Jean-Pierre Manzon se aventurou uma única vez em um filme ficcional, numa produção bem cuidada, elenco de primeira (Emílio de Biasi, Aldine Müller, Ênio Gonçalves, Selma Egrei), música original e roteiro nem tanto...
“Força Estranha” (1983) reconta a velha história do casal de amantes que planeja enlouquecer a mulher dele, no caso uma jornalista (Aldine Müller), que tem fantasias sadomasoquistas, e passa a ter esquisitas alucinações com uma mulher morta e um casarão antigo. No “final surpresa” ela parece genuinamente possuída e mata os traidores afogados em uma piscina. O filme acabou sendo relançado com o título mais comercial de “Estranhos Prazeres de Uma Mulher Casada”.
Significante e premonitória é a premiação no II Festival Fotóptica de São Paulo do filme gaúcho “Beijo Ardente/Overdose” (1984) de Flávia Moraes e Hélio Alvarez...
...onde um vampiro entediado da vida eterna (o italiano Andrea L’Abate), auxiliado por seu mordomo sinistro (o hilário Antônio Carlos Falcão), procura um meio alternativo de saciar sua entediante necessidade de sangue humano. Divertido e melancólico, foi rodado em vídeo (Betacam), antevendo uma tendência que quase dez anos depois seria uma forma de manter o cinema macabro em ação...
CONTINUA...
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O Terror Brasileiro em Cartaz - 3
Brasil 1983: O país já vivia a 19 anos sob a ditadura militar. O povo foi para as ruas pedindo Eleições Diretas Já! O governo dominado pelos militares responde com o endurecimento da Lei de Segurança Nacional, e reagindo com a habitual violência policial e censura. Em abril de 1984, a chamada Emenda Dante de Oliveira, com a proposta de eleições foi rejeitada.
Enquanto isto...
Fauzi Mansur voltou a misturar erotismo com terror em "Sadismo- Aberrações Sexuais" (1983).
A história de Joana (Ana Maria Kreisler), que após um acidente perde a memória e não consegue mais andar.
Juntamente com a sobrinha Martinha (Cristina Keller), ela transforma sua casa em um motel, para poder espiar os casais nos quartos, e juntas desenvolvem e executam fantasias sexuais, com experiências brutais de sadomasoquismo, estupro, depravação e canibalismo!
"As Ninfetas do Sexo Selvagem" (1983) de Wilson Nunes da Silva & Hizat Surman (Fauzi Mansur, com outro de seus pseudônimos bizarros), amplia a "mistureba" de gêneros...
...é uma história de ficção científica pós-apocalíptica, sobre um apocalipse nuclear, aonde duas meninas sobrevivem e crescem em uma ilha deserta. Alex (Luiz Imbassahy) é um astronauta americano que volta para a Terra (na ilha!) e encontra o mundo em frangalhos (como em "O Planeta dos Macacos"...sem macacos!). Paralelamente, um líder bárbaro de outros sobreviventes (Oásis Minitti) aprisiona homens como escravos, e mulheres como objetos sexuais.
As duas histórias são narradas em paralelo, e se misturam.
Existe violência, sexo simulado, sexo explícito, morte real de um animal (uma ovelha, que é degolada e devorada crua!), e um maluco final alternativo...Terror-Sci-Fi-Pornochanchada!!!
"Karma: Enigma do Medo" (1984) de Custódio Gomes (com uma ajudinha do produtor Fauzi Mansur!), é um terror sobrenatural com inspiração na doutrina Espírita...
Um casal de irmãos (Márcia Ferro & Alain Fontaine, performances pornôs da Boca-do-lixo) inauguram um hotel-fazenda, sem saber que o local foi cenário de um massacre 100 anos atrás.
Fenômenos estranhos e mortes ameaçam os hóspedes (reencarnações das vítimas e assassinos do passado)...e o tédio mata os espectadores do apelidado "carma! o filme já vai acabá!"...
Com a crise econômica dos anos 80, a produção nacional de filmes decaiu. O regime militar diminuiu a censura sobre os filmes, e as empresas estrangeiras passaram a exportar seus filmes hard-core para o Brasil.
Com o domínio dos filmes pornôs importados ocupando cada sala de cinema do país, centenas de similares nacionais começaram a emergir rapidamente da Boca do Lixo, e mesmo produções apenas eróticas passaram a ser remontadas sofrendo inserts de cenas hardcore (como um filme policial-erótico de John Doo que acabou virando “A Mansão do Sexo Explícito” (1984) e foi assinada por seu diretor de fotografia, Henrique Borges).
“As Taras do Mini-Vampiro” (1984) de José Adalto Cardoso, colocou o anão Chumbinho (figura onipresente no gênero) como o personagem título ("um vampiro anão pequeno" como é descrito em uma cena), atacando casais em pleno ato sexual na pequena cidade de Batatal, no interior de São Paulo.
Ele provoca confusões em vez de terror, é perseguido por um subnutrido caçador de vampiros, e explorado pelo prefeito da cidade.
Em uma cena que somente poderia sair da Boca-do-Lixo, o vampirinho recebe como lanche uma sacola cheia de absorventes íntimos usados, enquanto reclama "a minha maior desgraça é estar no cinema brasileiro, se fosse num filme americano eu virava um morcego, mas aqui, só levo porrada!"
Fauzi Mansur assina como Victor Triunfo “A Seita do Sexo Profano” (1985), pornô-terror sobre uma mulher (Sandra Morelli) que relembra de quando se envolveu com os praticantes de uma seita satânica, participando de rituais & orgias...
...se Mansur inseria sexo em suas produções de terror & suspense (como todos na época), aqui é o contrário. O plot das lembranças sobre a seita, é apenas a desculpa para as cenas de orgia (incluindo uma ousada para a época, com um gang-bang anal com Sandra Morelli!), assim como muitos outros filmes da Boca.
Perdido em meio a onda pornô, apareceu "Perdidos no Vale dos Dinossauros" (1985) de Michele Massimo Tarantini...
...aventura estilo "Indiana Jones", misturada com o horror dos filmes italianos de canibais, gore, nudez & muito trash!
Um famoso paleontólogo organiza uma expedição ao mítico "vale dos dinossauros" em meio a floresta Amazônica (filmado na floresta da Tijuca, RJ). O avião com a equipe sofre uma pane e cai (uma cena hilária com um aviãozinho de brinquedo!), matando o professor e uma garota. Os sobreviventes, liderados pelo aventureiro gringo Kevin (Michael Sopkiw ameicano com uma pequena carreira em filmes italianos do gênero), vão enfrentar os horrores da selva: serpentes, areia movediça, sanguessugas e piranhas...
...e depois, uma tribo de canibais, e garimpeiros malvados, liderados por China (Carlos Imperial)!
Produção ítalo-brasileira, com diretor italiano, herói americano e elenco de brasileiros & brasileiras (Suzane Carvalho, Milton Rodríguez, Marta Anderson, Joffre Soares, Gloria Cristal, Susan Hahn, Maria Reis, Andy Silas, Leonidas Bayer & Carlos Imperial).
“Arrepios – O Monstro do Sexo” (1986) de Sylas Bueno e Carlos Nascimento, servia-se novamente da fórmula de terror em episódios. Acabou mostrando, que talvez os maiores “monstros” nacionais foram algumas atrizes da Boca do Lixo, já que elas rivalizavam em feiura com o mutante-aranha e o monstro da caverna tarado (com máscara e luvas de látex de carnaval) neste trash absurdo que foi relançado em vídeo em 1992 com o título de “Aberrações”.
O ator/diretor/produtor/roteirista Francisco Cavalcanti rodou “A Hora do Medo” (1986) como um terror-pornográfico sobre um psicopata que com a ajuda da mãe, estupra, mata e esconde os corpos de mulheres no fundo da antiga casa em que moram.
Decidido a abocanhar a moda de filmes de terror da época (chamada por aqui de “Espantomania”) pediu ajuda para José Mojica Marins para substituir as cenas de putaria explícita por mais sangue e horror. O veterano mestre nacional, aproveitou e exagerou, sendo que seus 13 minutos de gore demencial destoam completamente do resto deste sub-Psicose-terceiromundista.
Caminho inverso seguiu Ivan Cardoso em seu segundo Terrir, agora o deboche respeitoso do diretor com os clichês do gênero resultaram em uma pornochanchada noir-musical-macabra chamada “As Sete Vampiras” (1986).
Uma espécie de “fantasma do cabaré” assombra o Rio de Janeiro dos anos 50, com direito a uma mortífera planta carnívora, cientistas loucos, vampiras de mentira, mulheres gostosas nuas de verdade, detetives babacas e figuras icônicas como o Fu-Manchu de Wilson Grey.
Tudo com muitas citações ao gênero, reconstituição de época e elenco classe A em um grande e afinado besteirol de sucesso.
Enquanto isto, Mário Lima, amigo e produtor de José Mojica, se aventura na direção com o violento pornô "A Menina do Sexo Diabólico" (1987).
Uma garota virgem (Markerley Reis), vai para a fazenda de seus tios e se apaixona por seu primo (Walter Gabarron), perde a virgindade e, na ausência de seu amante, é estuprada e brutalmente morta por seus três cunhados. Possuído pelo espírito da garota morta, Cláudio inicia uma vingança sangrenta contra sua própria família.
O filme foi relançado no ano seguinte, sem as cenas de sexo explícito, com o título "A Vingança Diabólica", depois em VHS (completo) como "A Curra".
John Doo conseguiu em seu último esforço autoral, um co-financiamento com a então agonizante Embrafilme para terminar seu “Presença de Marisa” (1986/1988) com Joel Barcelos e Claudia Magno, um melodrama sobre crise existencial, feitiçaria e fenômenos paranormais, ou seja, seus assuntos favoritos. Apesar de um prêmio no Festival de Cinema de Brasília (melhor atriz para Claudia Magno) daquele ano, o filme ficou praticamente sem lançamento e Doo passou a trabalhar apenas como técnico ou ator eventual. O canto de cisne, ou melhor de corvo, para uma década…
Fauzi Mansur realizou, visando o mercado internacional, o terror “Atração Satânica” (Satanic Attraction) em 1989.
Uma série de assassinatos em uma cidade do litoral são motivados por um casal de gêmeos que haviam sido criados por uma seita demoníaca.
Um bom Splatter com produção convincente, cenas gore, e elenco correto, que só pecou por um roteiro previsível e por sua hilária dublagem em um inglês “caipirônico”!
Apesar de exibido em mais de dez países (incluindo EUA, Itália e Alemanha) foi ignorado por aqui, graças a uma péssima distribuição.
Mesmo assim, Mansur realizou “Ritual Macabro” ( The Ritual of Death, 1990) rodado em São Paulo e lançado no exterior com elogios da crítica especializada, mas que continua inédito no Brasil.
Destaque para uma cena de sexo sangrenta em uma banheira, envolvendo um casal e uma… cabeça de bode decepada!
Os anos 90 trouxeram nosso primeiro “presidente-vilão” Fernando Collor e uma pá de cal no que restava do cinema nacional. Mas dois fenômenos trariam o cinema macabro de volta da tumba: A internacionalização de nossos representantes, José (agora “Coffin Joe”) Mojica Marins e Ivan (“The Terror”) Cardoso lançados em VHS nos Estados Unidos e o nascimento de uma nova geração, a dos videomakers, jovens cheios de referências via Histórias em quadrinhos, TV e vídeo cassete...
CONTINUA....
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O Terror Brasileiro em Cartaz - Episódio 4
Com muita vontade, mas sem possibilidades técnica e financeira de realizarem obras em película, uma série de novos diretores/produtores passaram a utilizar suas câmeras caseiras de vídeo amigos, parentes e vizinhos como equipe técnica e elenco e filmes de terror trash pipocaram por todo o país. Em Recife, o camelô alagoano Simão Martiniano (1931-2015) realiza “A Rede Maldita” (1991) uma história de suspense sobrenatural sobre um fazendeiro que rouba uma botija cheia de dinheiro achada por um pobre agricultor, sem saber que a fortuna é amaldiçoada e provoca a vingança da alma do dono que não consegue descansar. A fita, assim como toda a produção caseira de Martiniano (em Super-8, e depois em VHS) é comercializada diretamente em sua barraca em um camelódromo, em meio a velhos discos de vinil.
No interior do Espírito Santo, Manoel Loreno "Seu Manoelzinho" (1959-2018), um servente de pedreiro & analfabeto, realiza filmes VHS, sem nenhum orçamento, como o hilário curta (22 min.) de terror "A Maldição na Casa de Vanirim" (1989)...
Imagem ECA.USP. Laura L. Cánepa
Mais tarde, ele se aventurou em longas como “O Espantalho Assassino” (2000), sobre um espantalho de uma plantação de feijão, que cria vida e passa a perseguir catadores ilegais de pedras preciosas...
...e “O Aluguel Assombroso” (2005), onde o amadorismo das produções é levado às últimas conseqüências- notem a utilização da mesma máscara carnavalesca de plástico no curta de 89, e no longa de 2000 (imagem acima)!
O sempre humilde e simpático "Seu Manoelzinho" ganhou notoriedade ao ser entrevistado no "Programa do Jô", e foi homenageado ( e sua obra exibida) no festival Cinema de Bordas em 2012, graças aos esforços e pesquisas de Bernadette Lyra & Gelson Santana,
Na pequena cidade de Palmitos, oeste de Santa Catarina, um jovem sócio de uma locadora de vídeo, Petter Baiestorf (1974), reúne alguns amigos e com parcos recursos e uma câmera emprestada, roda “Criaturas Hediondas” (1993), uma ficção científica de terror-trash sobre o Dr. Rottenberg (E.B.Toniolli) um cientista marciano transloucado que quer invadir a terra.
”Criaturas Hediondas II” (1994) mostra o dia seguinte a invasão, com óbvias influências de Ed Wood Jr., Roger Corman, seriados japoneses e filmes splatter como “O Massacre da Serra Elétrica” (1974)...com sotaque regional e muito bom humor!
Inventando (assim como Martiniano) seus próprios efeitos especiais e recursos técnicos e descobrindo atores amadores com a cara do gênero, Baiestorf e sua Canibal Produções passam a regurgitar centenas de informações da cultura pop (com um grosso caldo de transgressão e deboche), tomando de assalto o circuito nacional underground de bandas de rock e fanzines.
Uma onda de modismo pelos trash-movies e o aparecimento da primeira convenção nacional de horror em São Paulo (Horrorcon) aceleraram o movimento do chamado Cinema-de-Garagem. Contando com uma equipe mais numerosa e aprimorando autodidaticamente sua técnica, Baiestorf lança “O Monstro Legume do Espaço” (1995)...
... com as desventuras de uma criatura alienígena (Loures Jahnke) de origem vegetal e ímpetos filosóficos que é aprisionada por um cientista tupiniquim e seu assistente coprófago Caquinha (o maquiador Leomar Wazlawick).
Mesmo sem um circuito de exibição e distribuição (os filmes da Canibal eram exibidos em faculdades, festivais, bares e shows ; e distribuídos de mão-em-mão, no mesmo esquema alternativo dos fanzines e fitas demo), o vídeo virou mania, influenciando novos realizadores encantados com seu clima trash escatológico.
Em São Paulo, Diomédio Piskator (Diomédio de Morais) adapta uma história em quadrinhos do grande desenhista Júlio Shimamoto numa produção independente em 35mm chamada “Urubuzão Humano” (1996)...
...sobre um médico que depois de ingerir carne humana morta para sobreviver a um acidente aéreo na selva, sofre mutações e se transforma em uma criatura que come cadáveres em cemitérios. A iniciativa ousada encontra o eterno problema brasileiro de finalização e distribuição e jamais é lançada comercialmente, tendo sua estreia no Cine SESC, em São Paulo, e depois sendo exibido em uma boate...
Influenciado pela história verídica de dois irmãos canibais necrófilos que aterrorizaram o interior do Rio de Janeiro em 1995, Petter Baiestorf concebe “Eles Comem Sua Carne” (1996).
Um grupo de amigos antropófagos, isolados da civilização, vive em harmonia, e enquanto caçam fiscais da prefeitura e estranhos incautos para serem devorados, se preparam para uma uma festa de casamento.
Procurando misturar ainda mais os gêneros (marca de sua produção futura), Petter Baiestorf lança “Caquinha Superstar A-Go-Go: The Gore Horror Picture Show” (1996), uma tentativa de comédia musical escatológica desenvolvendo o personagem cult aparecido em “O Monstro Legume do Espaço”.
Agora o pavoroso e engraçado Caquinha (E.B.Toniolli) vive feliz ao lado de sua amada Lena ( Suzana Mânica), que aplaca seus instintos doentios. Quando ela é atacada por uma dupla de caçadores caipiras (Jorge Timm & Coffin Souza), o retardado coprófago se vê sozinho em um mundo com criaturas tão estranhas quanto ele.
Contrastando com detalhes de seu lançamento, como trilha sonora original lançada em CD, o longa rodado as pressas em apenas um fim de semana ficou abaixo das expectativas.
Em Porto Alegre (RS) Cesar "Coffin" Souza, que havia iniciado fazendo pequenos curtas de terror na bitola Super-8, nos anos 80, decide refilmar seu "Satânikus, O Anjo das Trevas" (1981) em VHS, e ampliando o roteiro (minimalista) original.
"Satãnikus" (1996, 35 min. ) conta como um grupo de pessoas é enganado e explorado por um satanista charlatão. Enquanto uma repórter infiltrada no grupo, tenta desmascarar o "Mestre", um dos seus discípulos (Ricardo Silveira, repetindo o papel do curta) parece possuído por um demônio, e passa a caçar e matar os outros integrantes.
O trabalho de câmera de Norton Cardia Simões, e uma cabeça decepada construída por Júlio Freitas acrescentam qualidade neste SOV típico, feito sem recursos e entre amigos. Mais importante foi o resgate e inclusão do filme original no final do vídeo.
José Mojica Marins foi convidado no começo de 1996 para ser o "Host" do programa da TV Bandeirantes "Cine Trash", que exibia filmes vagabundos de terror às tardes. O programa foi um sucesso, e Zé do Caixão foi descoberto por novas gerações.
No exterior, Mojica era reverenciado em livros e revistas como um cineasta revolucionário no gênero.
"Em outubro de 1997, ele viajou à Europa, onde foi homenageado com retrospectivas de sua obra em três festivais de cinema...Mojica deu palestras para auditórios lotados, assinou centenas de autógrafos e foi bajulado por John Landis...e Paul Schrader...De volta volta ao Brasil, foi correndo animar um bingo na Vila Piauí." ( trecho final de "Maldito" de André Barcinski e Ivan Finotti, primeira edição em 1998)
Mojica, que já ganhara até um clone: Antônio Firmino, o “Toninho do Diabo” (criador & criatura nos curtas “O Caçador de Almas” e “O Caçador de Falsos Profetas”) aderiu a nova “boca do lixo eletrônica”. Dirigido por Andrea Pasquini atuou em “Contos de Horror – A Filha do Pavor”(1997), em dois papéis, como um padre e como o narrador “O Cavaleiro do Medo”, da história de uma mulher estuprada e morta que volta para se vingar.
O vídeo faria parte de uma pretensa série de vinte episódios realizados para a TV, mas apenas este exemplar seria lançado anos mais tarde para o mercado de videolocadoras.
Mojica ainda fez uma ponta como um personagem "do bem" em “Babu – A Vingança Maldita” (1997) do paulista César Nero, sobre um jovem adorador do diabo (Daniel Garateguy) que é morto antes de sacrificar uma jovem em um ritual. Seu corpo é enterrado em um quintal, mas ele retorna com estranhos poderes, e procurando vingança.
O vídeo seria reeditado com novas cenas e efeitos de computação gráfica, e relançado como "Babu, a Cruz e o Pentagrama" em 2009.
“Blerghhh” (1996/97) de Petter Baiestorf...
... Contando agora com grande equipe/elenco e efeitos especiais mais elaborados, trás um grupo de terroristas atrapalhados que sequestram o filho de um milionário e sua sexy guarda costas e provocam uma série de incidentes que envolvem sexo, drogas, e (muita) violência gratuita...
...além de um morto vivo (o primeiro da filmografia nacional) que se recusa a morrer mesmo quando tem a cabeça decepada.
Mesmo tendo sua exibição pública proibida na terceira edição da Horrorcon (mesma convenção que ajudou a Canibal a ser conhecida nacionalmente) e uma edição deficiente, o vídeo obteve ótima repercussão.
A chamada “fase 1998” da produtora catarinense seria marcada pela transgressão, deboche e sexualidade exacerbada. “Gore Gore Gays” (1998) tinha como protagonistas um casal de bissexuais apaixonados e perturbados (vividos pelos realizadores Baiestorf e Coffin Souza) que embarcam em uma viagem de auto-conhecimento, mutilações e assassinados violentos.
“S.B.A.F. – Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos” (1998) começou a ser rodado como um vídeo pornô sobre um psiquiatra estudando as taras de dois pacientes, mas acabou se transformando numa mistura (indigesta para grande parte do público) de violência com sexo explícito...
A fórmula sexo explícito + deboche + gore saí pela culatra e os produtores se vêem à beira da falência...
"Nocturnu" (1998) de Dennison Ramalho, é um curta metragem (11 minutos) rodado em 16mm e em P&B (com inserts coloridos em vídeo)...
...um grupo de caçadores de vampiros investiga um navio em que toda a tripulação foi massacrada. Descobrem uma sobrevivente, mas um casal de vampiros demoníacos escapa para a noite de Porto Alegre...
Em plena era SOV (Shot-on-Video : filmes amadores rodados em VHS), o gaúcho Ramalho, ousa com seu primeiro filme, bem produzido, com bom elenco, fotografia e efeitos (sem esquecer de parte da trupe da Canibal/Mabuse convidada para papéis principais (Baiestorf & Denise V.), pontas e equipe técnica), e o resultado é premiado no Festival de Brasília, Festival de Gramado, e outros.
O rockeiro e videomaker do interior paulista Cleiner Micceno, depois de vários curtas metragens divertidos, consegue finalizar “Dominium” (1999) sobre uma invasão de mortos vivos demoníacos que traz o apocalipse sobre a terra...iniciando em Sorocaba, interior de São Paulo...
Zumbis também seriam o tema de “Zombio” (1999) de Petter Baiestorf, um média metragem (45 min.) inspirado nos filmes do italiano Lucio Fulci.
Um casal passa um fim de semana em uma ilha isolada, e que seria paradisíaca se não fossem um psicopata travestido e uma sacerdotisa vudu que acorda uma legião de mortos apodrecidos famintos por carne humana...
Assim, como a praga de zumbis se alastra nos filmes impregnando inocentes transformando-os em criaturas malignas, o vírus do “faça-você-mesmo-e –se –divirta” vai tomando conta do sul do país...
Do interior gaúcho surge “Soul Crusher 2 – O Retorno do Homem Coisa” (1999) do jovem videomaníaco Cristian Verardi, um média da produtora Toque de Muerto, com influências de “Evil Dead” (1984), Spaghetti Westerns, filmes orientais, Troma Films e Canibal Filmes.
Uma criatura deformada e sanguinária procura um livro maldito (que teria sido roubado na imaginária parte 1) por ordens de um lendário demônio chamado Amazarel de Nicodemus.
Em Chapecó, SC, Fabiano Boni conta a origem de seu personagem Boni Coveiro (calcado nitidamente em Toninho do Diabo, que imitava Zé do Caixão) em “O Mensageiro das Trevas” (2000), onde o psicopata satanista se diverte matando inocentes (e chatos!) escoteiros.
Carlos Barbosa, no interior do Rio Grande do Sul, é assolada por um assassino mascarado atrapalhado em “Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-Feira 13 do Verão Passado” (2001) de Felipe M.Guerra, uma divertida homenagem satírica aos filmes de terror adolescente dos anos 90 (principalmente a série “Pânico”de Wes Craven).
Boni Coveiro retorna dos mortos para se revelar “O Guardião do Inferno” (2001) dirigido e vivido novamente por Fabiano Boni, com participações especiais de seu "mestre" Toninho do Diabo, do músico Wander Wildner e de outras personalidades sulinas.
CONTINUA...
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O Terror Brasileiro em Cartaz - Quinta Parte
No Brasil de 2001, estávamos sob o julgo do governo FHC (Fernandinho Henrique Cardoso), a continuação do Plano Real, nossas finanças indo para o brejo, e o povo...se fodendo como sempre...mas...
Petter Baiestorf retoma suas atividades e filma “Raiva” ( Raiva: rage-o-rama, 2001)...
... uma mescla de filmes de ação (satirizando Quentin Tarantino) com terror gore, mostrando um bando de criminosos (ladrões de histórias em quadrinhos de terror, no caso a icônica "Spektro") que são pegos de surpresa por colonos contaminados por uma droga (testada pelo governo) que libera os instintos assassinos!!!
Na frente da câmera, praticamente o mesmo grupo de atores/colaboradores que acompanha a Canibal Filmes a anos, por trás muito mais cuidado com a técnica (elenco, maquiagens e até uma ousada- para os padrões SOV-explosão de um carro) e o amadurecimento da linguagem cinematográfica.
O pioneiro do gore americano H.G.Lewis (2000 Maniacs), Troma & Canibal Filmes foram a influência para um grupo de paulistas capitaneados por Fernando Rick ao realizarem o trash debochado “Rubão – O Canibal” (2002) e inserirem sua produtora, a Black Vomit Filmes, no circuito de bares e shows de metal, principal reduto de culto a toda esta produção de terror em VHS.
A história é simples (como deve ser!) : Irmãos Nazistas canibais & necrófilos moram no meio do mato, e fazem de jovens babacas, suas vítimas/refeição/diversão...
A mesma trupe foi (i)responsável pelo primeiro terror-trash lançado em formato digital (DVD) por aqui: “Feto Morto” (2003)...
....sobre um nerd (Rui Villani) que tem um bebê grudado em sua cabeça (resultado de uma relação incestuosa de seu pai) e é hostilizado por uma gang. Escatologia, sexo e gore no que Fernando Rick chama de “estilo Troma de ser”.
Juntando a suas influências básicas, sua admiração pelo grupo de humor britânico Monty Python, Petter Baiestorf realiza o pastelão de terror “Cerveja Atômica” (2003)...
... Um cientista louco-punk desenvolve a fórmula da bebida mortal que transforma bêbados em zumbis alucinados, mas, acaba despertando a fúria da avó de Chapeuzinho Vermelho (!?) e suas colegas de chá da tarde, que armadas e perigosas resolvem se vingar!!!!
Felipe M. Guerra consegue divulgação nacional ao fazer o curta de horror & comédia "Mistério na Colônia" (2003)...
...aproveitando o insuportável apresentador da Rede Globo, Luciano Huck, no papel de um médico da cidade grande, que acaba vítima de simpáticos colonos do interior do Rio Grande do Sul (Carlos Barbosa, terra natal do diretor/ator)...
...divertido SOV exibido em rede nacional!
De Apucarana, Paraná, veio "A Bruxa do Cemitério" (2004) de Semi Salomão Neto...
...contando como uma típica festa de jovens (pelo menos no cinema!) regada a drogas e bebidas, termina em tragédia.
Uma garota é morta acidentalmente após uma briga, e o grupo de amigos resolve esconder o corpo em um local isolado.
Logo, cada um vai ter que enfrentar seu destino, em pesadelos sobrenaturais causados pela tal Bruxa do cemitério...
Rodado em DV, o média conseguiu exibições em cinemas no Paraná, rodou o circuito de festivais, teve exibição on-line, e seu diretor/roteirista.produtor/ator, continuou sua carreira independente ligada ao terror...
O cenário de produção desta época começa a mudar, já não existe mais espaço para a divulgação dos vídeos toscos em VHS, os computadores caseiros passaram a substituir as prosaicas mesas de edição linear e o cinema profissional brasileiro começava a se reerguer. Curtas de horror com qualidade técnica e artística (como “Amor Só de Mãe” (2002) de Denninson Ramalho (um clássico!)...
”Sozinho”de André ZP; “Conrad : Bruxaria, Pajelança & Canibalismo” de Luciano Maciel e “Coleção de Humanos Mortos” de Fernando Rick) conseguem espaço e até reconhecimento internacional, apontando novos caminhos para o cinema fantástico nacional. Falaremos em breve de dois deles...
"Amor Só de Mãe"
A interferência dos produtores acostumados com produções de cunho televisivo-cinematográfico (leia-se Xuxa/Globo) amenizam muito suas pretensões de uma história envolvendo o personagem clássico Dr.Moreau (baseado em H.G.Wells), guerreiras Amazonas e um lobisomem latino...baseado no romance "A Amazônia Misteriosa" de Gastão Cruls.
O filme é divertido, mas, considerando o orçamento, as ideias originais e o elenco (além Paul Naschy, Evandro Mesquita, Toni Tornado, Nuno Leal Maia, Sidney Magal!, e um time de mulheres maravilhosas!!)...
... poderia ter sido um clássico...
Remontando material antigo seu (principalmente “O Lago Maldito”de 1977, inacabado e embrião do “Segredo da Múmia”) com cine-jornais antigos e cenas novas cria depois uma obra muito superior, mas pouco vista, chamada “O Sarcófago Macabro” (2006 )...
... aonde um agente americano da CIA (Carlo Mossy, 1946) descobre um dossiê sobre um cientista louco brasileiro (Expeditus Vitus, leia-se Wilson Grey, morto em 1993) que colabora com os nazistas e trás para o brasil diversos carrascos da SS, inclusive o próprio Adolf Hitler, como múmias.
O paulista Rubens Mello divulga seu média “Lâmia, Vampiro!” (2005)...
... sobre a ressurreição da matriarca dos sanguessugas para evitar o apocalipse planejado por seus rebentos...SOV/underground, gravado em fins de semana, e com argumento baseado em um R.P.G.
Semi Salomão volta com uma antologia: "Histórias do Sobrenatural" (2006)...
...com 3 episódios "O Monstro do Lago Jaboti", "Chamado do Infinito" (ficção científica), e "Toque de Recolher", este último, o mais interessante, com os habitantes de uma cidadezinha do interior transformados em zumbis durante a noite, e um forasteiro que se revela um exterminador cibernético!
Petter Baiestorf & Coffin Souza planejam uma refilmagem do clássico B “O Incrível Homem que Derreteu” (1978 ), mas o roteiro é mudado para uma história anarco-ateísta sobre a volta de Jesus Cristo como um monstro pegajoso, e finalmente é transformado em “A Curtição do Avacalho” (2006)...
.... agora uma comédia que homenageia o cinema marginal e mistura um cientista louco, um padre fanático, um psicopata mascarado paraguaio, monstros clássicos, zumbis, heróis atrapalhados, pessoas derretendo, mocinha em perigo e cineastas frustados...
...uma sopa de metalinguagem e auto-referências!
Felipe M. Guerra retornaria discretamente ao terror com a comédia "Canibais & Solidão" (2006).
Uma divertida mistura de comédia romântica adolescente, filmes de canibais do cinema italiano, humor negro e toques de pornochanchada. Três jovens amigos possuem o mesmo problema: dificuldades de relacionamento com as garotas, e consequentemente, a dificuldade de conseguir a primeira transa. Entre desejos, fantasias e muitas trapalhadas, o vídeo (que demorou 3 anos para ser finalizado...coisas do cinema independente) flerta com o gênero várias vezes...
No mesmo ano a Canibal cometeria a tão aguardada continuação de seu clássico “O Monstro Legume do Espaço 2”, contando o dia seguinte da suposta morte da criatura, e a chegada em uma "sofisticada" nave-geladeira de um outro monstro-legume, menos filosófico e mais mortal...
...mas o orçamento zero e uma equipe abaixo do mínimo (mesmo para os padrões da Canibal!) frustaram realizadores e fãs, que ainda aguardam a volta por cima do “ícone do Terror SOV...
No cinemão, o cineasta Walter Rogério conduz o policial com toques de humor negro “Olhos de Vampa” (2006), sobre uma série de crimes que aterrorizam São Paulo com as mesmas características...
...mulheres tem o sangue do corpo sugado por uma mordida na bunda e são encontradas seminuas em poses eróticas, e com um pêssego na boca!
Dois policiais que investigam descobrem um suspeito que apelidam de Vampa (o ótimo Joel Barcellos, sinistro no papel!), que vive recluso e protegido por uma velha mendiga, e, que nunca sabemos se é um vampiro, ou um serial killer!
Uma tentativa frustada (nas bilheterias) de misturar o clima/argumentos das pornochanchadas da Boca, com um suspense/terror bem produzido...que fica sempre no meio termo entre Terror-Terrir, um filme bizarro...que merece ser visto!
O selo de bandas de Metal "Mutilation Records", lança o DVD "3 Cortes" (2006), com os curtas:
"Sozinho" de Andre ZP; sobre um homem solitário (o ex-ator e escritor José Salles) e angustiado, e seu encontro com uma bela garota (Mara Vanessa Prieto), que termina em um banho de sangue e gore (efeitos de Kapel Furman & Fernando Rick).
"Coleção de Humanos Mortos" de Fernando Rick - No sótão de sua casa, um psicopata (Ulisses Granados), seguido seus devaneios, tortura e mata suas vítimas raptadas. O banho de sangue e pedaços de corpos são de autoria de Kapel Furman, que dirigiu ( e fez os efeitos ) de...
..."06 Tiros, 60 Ml" - Um traficante e viciado, morre de overdose, mas revive em um hospital, iniciando um massacre, e depois enfrenta um rival!
Uma produção realizada por José Mojica Marins e seus alunos em 1979, na bitola amadora Super 8mm é finalmente editado pelo diretor/montador Eugênio Puppo, como parte das comemorações dos 50 anos de carreira do cineasta maldito. “A Praga” (1979/2007) escrita por Lucchetti conta como um homem é amaldiçoado por uma bruxa (Wanda Kosmo, é claro!) e uma misteriosa ferida em sua barriga precisa ser alimentada constantemente com carne, mesmo que seja carne… humana.
Falando em "carne humana", Joel Caetano escreve, dirige e atua em "Minha Esposa é um Zumbi" (2006)...
...uma divertida comédia curta (23 min.) de terror, sobre um casal (Joel & sua esposa/sócia/parceira/musa Mariana Zani), uma crise sexual (ele está impotente), uma droga experimental, e, uma esposa transformada em morta-viva...para o bem ou para o mal...
O curta anunciava uma invasão de mortos vivos...que se propagaria pelas telas e telinhas do país nos próximos anos...
CONTINUA...
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O Terror Brasileiro em Cartaz (6)
O Brasil vivia a Era Lula, com o seu maior crescimento econômico em 3 décadas. A Crise Financeira Internacional de 2007-2008 apavorou o mundo, mas sobrevivemos. No fim de 2008, os Estados Unidos elegeram Barack Obama, seu primeiro Presidente negro.
Enquanto isto...
Eclode nesta época uma verdadeira epidemia de zumbis antropófagos nacionais. Primeiro é o descolado “Era dos Mortos”(2007) média metragem (50 min.) SOV, do mineiro Rodrigo Brandão, com um rapaz que fica preso em um elevador e ao conseguir sair se vê em meio a uma invasão de cadáveres ambulantes e famintos.
É o Apocalipse Zumbi, e o literal fim da humanidade, já que os sobreviventes que ele vai encontrando pelo caminho se mostram tão perigosos e predadores quanto os mortos...
...tudo para um final sangrento e pessimista.
Seguido do pretensioso longa “A Capital dos Mortos” (2008) de Tiago Belotti, com Brasília sendo invadida por mortos vivos como previsto na profecia apocalíptica do padre Dom Bosco em 1883 ...
... aonde um grupo de jovens amigos tenta sobreviver a todo o custo...
SOV com ótima produção e maquiagens, e
com direito a uma rápida ponta de Zé do Caixão em pessoa, com mais uma de suas tradicionais narrações/introduções...
Chegamos então ao cultuado “Mangue Negro” (2008) com roteiro, direção e maquiagens de Rodrigo Aragão (1977).
Em meio a um manguezal no interior do Espírito Santo, a pobre comunidade local assiste aterrorizada uma contaminação que faz os mortos se levantarem da lama em busca da carne dos vivos.
O apavorado catador de caranguejos Luis da Machadinha (Walderrama dos Santos) precisa a todo custo sobreviver e proteger a lavadeira Raquel (Kika de Oliveira), sua amada.
Maquiador profissional e realizador de curtas de horror (“Peixe Podre”, “Peixe Podre 2” e “Chupa Cabras”), Aragão utiliza seus conhecimentos para ótimos efeitos especiais, unindo a isto um cenário exótico, um elenco afiado de profissionais e amadores e um roteiro que coloca os zumbis em um contexto verdadeiramente nacional ( com influências sim, de "Night of the Living Dead", "Fome Animal"& "Evil Dead"), sendo premiado aqui e no exterior.
Como observou Petter Baiestorf no seu artigo "O Shot-on-Video e o Cinema Independente Brasileiro" (Blog Canibuk ):
"Produção que se encontra no tênue limite entre SOV e filme profissional, tendo representado um ganho de qualidade para o cinema independente brasileiro."
Este “ciclo nacional” de mortos ambulantes teria ainda a participação do longa gaúcho “Porto dos Mortos” (2008) de Davi de Oliveira Pinheiro...
...um policial (Rafael Tombini) persegue um serial-killer com poderes extra-sensoriais, em uma Porto Alegre infestada por uma invasão de zumbis...
...muito divulgado na época, mas, somente lançado em 2010, o filme se mostra uma bagunça narrativa, com influências de vários sub-gêneros, e com um senso de humor ( e ego) particular & bizarro de seu realizador...
Diversos curtas nacionais também tiveram os zumbis como temática, como "Colt Romero"(2008) de Cristian Verardi, "Os Zumbis do Espaço de Lá" (2008) de Larissa Anzoategui, e "Desalmados- O Vírus" (2009) de Raphael Borghi...
...um terror/ação pós apocalíptico com Kapel Furman (também produtor e maquiador), e que seria premiado no festival Fantaspoa em 2012, e transformado em um longa!
Sempre na contra-mão, Petter Baiestorf exercita estilo e linguagem com médias metragens na linha horror- sexploitation, unindo sexo simulado e violência explícita, e homenageando o diretor espanhol Jesus Franco e o cinema da Boca do Lixo com “Arrombada-Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo” (2007) ...
...sobre uma garota viciada ( Ljana Carrion), sequestrada à mando de um político, para servir de escrava sexual pra um trio de burgueses degenerados.
A trama, tipicamente "boca-do-lixo" se transforma em um "Rape & Revenge" gore e escatológico...
... "Vadias do Sexo Sangrento” (2008) contando com a edição precisa do músico/cineasta-experimental Gurcius Gewdner, mostra como um triângulo amoroso pode ficar muito mais complicado com a presença de um quarto elemento...
...principalmente se ele for um serial killer colecionador de vaginas que foi estuprado por 48 padres quando criança!
Depois de trinta anos de tentativas frustradas, bicos em parques de diversão, shows de rock, mestre de cerimônias de filmes vagabundos na TV e pontas em filmes alheios (inclusive pornôs), Josefel do Caixão Zanatas ressurge da tumba para completar a sua saga!
Com apoio do produtor Paulo Sacramento e do fã-cineasta Dennison Ramalho, José Mojica Marins tira a poeira de seu roteiro escrito em 1966, adaptado para os dias atuais em “Encarnação do Demônio”(2008).
Depois de passar quatro décadas atrás das grades por seus crimes insanos, Zé do Caixão é posto em liberdade e escolhe novos seguidores, retomando sua busca pela mulher perfeita.
No seu encalço estão um padre enlouquecido, dois policiais veteranos e os fantasmas de suas vítimas, todos sedentos de vingança.
Com uma produção digna, efeitos especiais elaborados e elenco estelar (Jece Valadão, Adriano Stuart, Débora Muniz, Zé Celso, Helena Ignez e Rui Rezende), Mojica consegue mostrar a força e o horror de seu personagem imortal e é consagrado pela crítica. Aparece em capa de revistas "sérias", é exibido no Festival de Veneza, e ganha sete prêmios no Festival de Paulínia. O grande público não corresponde nas bilheterias, mas fãs brasileiros e estrangeiros assistem ao filme muitas vezes no cinema e em um DVD caprichado com diversos extras.
Em Curitiba(PR), Paulo Biscaia Filho escreve e dirige o longa “Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos” (2009)...
... humor-negro sobre um estranho triângulo envolvendo Ana Argento, uma desenhista de quadrinhos, um vendedor de seguros cataléptico e um legista psicopata que dopa suas vítimas com veneno de Baiacu para estupra-las e assassina-las no necrotério.
A adaptação da peça teatral homônima de 2004, é premiada em diversos festivais internacionais de cinema fantástico e de filmes independentes.
Também do Paraná, veio a continuação “A Bruxa do Cemitério 2” (2009) de Semi Salomão, com um colono sendo atormentado pelo espírito de uma feiticeira que exige vingança e atraí vítimas para um cemitério, onde ela domina as forças maléficas.
"Quase" inclassificável é o longa "O Fim da Picada" (2009) de Christian Saghaard...
...baseado livremente na peça "Macário", de Álvarez de Azevedo", é um filme experimental e surreal, com uma narrativa fragmentada, elementos da obra original mesclados com macumba/satanismo, orgia, Saci, Carlão Reichenbach...
... Exu, necrofilia, Zé do Caixão, São Paulo, David Cardoso, gore...e muito mais! Cinema de Invenção como diria Jairo Ferreira...
"Gato" (2009) de Joel Caetano, é um curta (23 min.) de horror psicológico e humor negro...
...sobre um homem (o próprio diretor) amargurado e angustiado, cujo único amigo é seu gato, chamado Gato! Ele passa a ver o bichano como um homem com cabeça de felino, e que parece influenciar seu comportamento psicótico. Produzido por sua produtora RZP, o curta, apesar do baixo orçamento, é muito bem produzido, e foi premiado no Festival Montevideo Fantástico (Uruguai) em 2010.
Dimitri Kozma e Geisla Fernandes fazem parceria em 3 curtas de terror : "Horror Capiau" (2007), "Vontade de Comer" (2008) & "A Carne" (2009).
"Ninjas " (2010) de Dennison Ramalho...
...curta metragem (23 min.) baseado em um conto do ex-repórter policial Marco de Castro. Jailton (Flávio Bauraqui, Kikito de Melhor Ator no Festival de Gramado por esta atuação) é um policial novato, que é assombrado pelo fantasma de um menino inocente, morto por ele durante uma missão de rotina.
Atormentado, ele procura auxilio na religião, mas, a solução é entrar para o grupo de extermínio chamado "Ninjas"...
Filme cultuado e premiado, aonde o horror real da violência policial (que Dennison já havia explorado no roteiro de "Encarnação do Demônio") é mais forte do que todos os fantasmas...
CONTINUA...
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O Terror Brasileiro em Cartaz: Capítulo Sete...
Em 2010, último ano do governo Lula, o Brasil cresceu economicamente 7,5 %. Assim como o cinema nacional, que quebrou recordes de público ("Tropa de Elite 2" vendeu mais de 11 milhões de ingressos!), e finalmente foi lançado nos cinemas "Bellini e o Demônio" ( de 2008) de Marcelo Galvão, baseado no livro de Tony Bellotto...
O detetive Remo Bellini (Fábio Assunção), em meio a uma grande crise, é contratado para descobrir o paradeiro do mítico "Livro da Lei" (escrito pelo ocultista Aleister Crowley).
O livro parece estar ligado a uma onda de assassinatos brutais e rituais satânicos.
O filme tem um bom clima de suspense-terror, e uma ótima (e premiada) atuação de Fábio Assunção .
Mas, é confuso e gerou muitas críticas negativas, principalmente em comparação ao policial "Bellini e a Esfinge" (2001) com o mesmo ator.
Como o nosso "cinemão" ainda não acertava no gênero, os teimosos, e endividados produtores/diretores independentes (nossos talentosos "Horror-Makers, genuinamente brasileiros) continuavam na batalha, seguidos por uma nova geração de realizadores dedicados ao cinema fantástico.
O paulista João Paulo Brasile Takada escreve, dirige e edita o longa em duas partes “Fúria Alucinante” (2010), com ação (com influência de filmes orientais) e ultra-violência na história de um ex-militar que através de experiências genéticas se transforma em um super-assassino vingativo.
SOV com boa produção, elenco (muito) amador e efeitos digitais.
Felipe M. Guerra entrega outro curta metragem de Terror (neste caso, bem mais terror do que terrir...) : "Extrema Unção" (2010, 20 min.).
Uma idosa (Oldina do Monte/Dona Oldina) muito religiosa, morre sozinha em sua casa. Um tempo depois, um rapaz (Felipe Guerra) aluga o local por uma pechincha. Dizem as más línguas de que a casa é assombrada pela senhora, que não recebeu a extrema unção, e portanto não consegue descansar seu espírito. Ele não acredita em nada, e segue sua vida, mesmo quando estranhos fenômenos & visões passam a incomodar...
...quando finalmente ele se defronta com o fantasma...
Curta realizado em uma tarde e sem orçamento, mas com muita criatividade...que foi premiado com uma Menção Honrosa no festival CineFantasy!
A atriz Gisele Ferran é arregimentada para as hordas da Canibal Filmes e estrela o média “O Doce Avanço da Faca” (2010) de Petter Baiestorf...
... mostrando que uma mulher também pode virar uma máquina de matar, ao se vingar de uma seita de crentes ( "deus não gosta de putinhas") responsável pelo assassinato de seu amado.
Um "Machete", com sexploitation, gore & humor negro, no estilo Canibal Filmes!
Ainda na mesma linha, tivemos “Pólvora Negra” (2011) de Kapel Furman, um policial de ação, suspense e muito sangue, com influência de Robert Rodriguez, mas com estilo e ótima produção.
O professor e escritor André Bozzetto Jr. (Pinhalzinho, SC) escreve, produz e dirige o curta ( SOV, 26 min.) "Lua Perversa" (2010), sobre um jovem da cidade grande que ao visitar seus parentes no interior do Rio Grande do Sul, descobre que uma lenda local sobre um lobisomem, pode ser real...
Contando com o apoio da Canibal Filmes (Petter Baiestorf e Coffin Souza fazem uma ponta no final do curta), o diretor resolveu fazer uma sequência, e assim nasceu "Lua Perversa 2" (2011), depois transformado em uma web-série, "Lua Perversa- A Série".
Finalmente em 2012 foi produzida a última parte "Lua Perversa III", agora com o lobisomem interiorano (Coffin Souza) enfrentando uma invasão de zumbis do mato...
Felipe Guerra retoma seus personagens para a continuação de sua engraçada sátira aos filmes de terror Hollywoodiano com “Entrei em Pânico ao Saber o Que Vocês Fizeram na Sexta-Feira do Verão Passado 2 – A Hora da Volta da Vingança dos Jogos Mortais de Halloween” (2011)...ufa!...
... com os novos crimes ( e risadas) provocados pelo assassino interiorano Geison, para o desespero dos sobreviventes do primeiro massacre!
Também em São Paulo, Sandro Debiazzi lança (depois de 20 anos de filmagens!!!) seu média-metragem (54 min.) “O Tormento de Mathias” (2011)...
Mathias (Augusto S. Rodrigues) é abusado pela mãe, e acaba matando-a, e se tornando um serial-killer. Internado em um sanatório, vira cobaia de um médico louco e de seu assistente/enfermeiro retardado. A história e os crimes de Mathias são contados em flashbacks, pela investigação de um repórter.
Debiazzi iniciou o filme em 1992 (em VHS), abandonando o projeto anos depois. Em 2008 resolveu conclui-lo (em DV) com novos personagens, situações e participações especiais de Felipe M. Guerra, Joel Caetano, e da pesquisadora e incentivadora do cinema independente, Bernardete Lyra!
Guerra (pagando peitinho...), Rodrigues & Caetano, se divertindo na loucura de Mathias!
"O Tormento de Mathias"é uma divertida comédia de terror, assumidamente trash, e um ode de amor ao SOV!
Falando em Joel Caetano & Felipe Guerra, eles estiveram juntos também em "Morte e Morte de Johnny Zombie" (2011) de Gabriel Carneiro...
...curta (13 min.) de terror-comédia sobre um operário (Joel) que se transforma em um morto-vivo apodrecido (maquiagens de Fritz Martiliano), para a surpresa e infelicidade de seus amigos e conhecidos...
"O Cabra Bode" (2011) de Milton Santos Jr. e Cícero Dantas, é um média metragem (45 min.) da Bahia...
...contando como um homem faminto acaba comendo a genitália de um bode sagrado, e se transforma em uma criatura meio homem-meio bode. Um veterano caçador passa a perseguir o monstro que aterroriza a a região...
O filme foi exibido em mostras do gênero, e também em um grande cinema da Bahia.
Rodado em um dia (na verdade, em apenas uma tarde!), foi o curta "A Paixão dos Mortos" (2011, 8 min.) de Coffin Souza...
...uma brincadeira utilizando uma técnica que consiste numa sequencia de (centenas) de fotos para contar a história de uma garota (Gisele Ferran, também produtora e co-roteirista) que é atacada por zumbis, e se transforma em sua rainha dominadora e sensual.
Produção com apoio da equipe da Canibal Filmes, e máscaras e props cedidos por Rodrigo Aragão (sobras de efeitos de "Mangue Negro")...O curta abriu a Terceira Mostra do Cinema de Bordas em abril de 2011.
"Zombeach" (2011) de Newton Uzeda...
Caminhando a noite pela praia, Samuel (Rodrigo Freire) salva uma garota afogada e ferida, e a leva para casa. A bela mulher sofre de amnésia...e de algo mais...um vírus? Uma infecção?
Curta (18 min.) com a linda & cult Monica Mattos estreando no terror, com uma ótima performance como a garota que vai se transformando em uma morta viva...
Rodrigo Freire dirigiu então Monica Mattos em seu curta (3 min.) "Driller Killer" (2011), um rápido slasher com referência clara a "Texas Chainsaw Massacre"...
Mas o novo marco da produção independente cabe novamente ao capixaba Rodrigo Aragão com o maravilhoso “A Noite do Chupacabras” (2011).
No interior do Espírito Santo, o conflito entre duas famílias rivais é acentuado com a chegada de um casal e com a presença de uma criatura monstruosa e sanguinária que sai da mata e provoca baixas nas duas facções em guerra.
Assim como em “Mangue Negro”, Aragão prova que podemos produzir maquiagens e efeitos especiais de primeira categoria e originalidade.
E que monstros como o lendário Chupacabras (vivido por Walderrama dos Santos) podem ser integrados a uma realidade nacional-regional, algo só conseguido antes com o Zé do Caixão de Mojica.
Significativa também é a presença de outros cineastas brasileiros em destaque no elenco, como o vilão alucinado de Petter Baiestorf, o herói apalermado de Joel Caetano ( “Minha Esposa é um Zumbi”, “Gato” ), ou o “Velho-do-Saco” (outra figura mítica/sobrenatural presente na trama) de Cristian Verardi (“Colt Romero”de 2008 e outros).
Armando Fonseca realizou um gore movie macabro tecnicamente muito bem realizado chamado “Velho Mundo” (2011)...
...sobre uma estranha substância que acidentalmente contamina o encanamento de um prédio, aonde um casal vai descobrir as propriedades e horrores dos resíduos do velho mundo...
O músico/cineasta/agitador cultural de Goiânia (GO), Márcio Júnior e sua esposa Márcia Deretti filmaram o curta “O Ogro” (2011), uma animação baseada nos quadrinhos do grande desenhista Júlio Y. Shimamoto e do roteirista Antônio Rodrigues...
O cinema de terror nacional entra na onda found footage com o longa "Desaparecidos" (2011) de David Shürmann...
...seis amigos após uma festa em uma ilha, desaparecem, e apenas as imagens de uma câmera encontrada pela polícia, pode desvendar a assustadora verdade.
Rodado de forma independente ( com um orçamento de 55 mil Reais), pelo famoso documentarista e aventureiro (da família brasileira que deu a volta ao mundo em um veleiro), foi exibido nos cinemas nacionais, e pelo canal a cabo TNT, para toda a América Latina.
Joel Caetano e Mariana Zani acertam novamente com o curta (12 min.) "Estranha" (2010/2011)...
...sobre duas mulheres (Mariana e Kika Oliveira, da equipe de Rodrigo Aragão), uma turbulenta relação familiar (com Walderrama dos Santos, também da "Fábulas Negras"), e um desfecho sangrento e macabro!
Finalmente descobrimos que "Trabalhar Cansa" (2011) de Juliana Rojas & Marco Dutra...
Helena (Helena Albergaria), uma jovem dona-de-casa, decide montar o seu primeiro negócio: uma mercadinho de bairro. Contrata então Paula ( Naloana Lima) para tratar da filha e da casa. Mas quando Otávio (Marat Descartes), o marido de Helena, fica desempregado, as relações entre as três personagens mudam de repente.
Acontecimentos sobrenaturais começam então a ameaçar o comércio de Helena: Um líquido negro que brota nas lajotas do piso, uma estranha mancha de umidade aparece nas paredes, cheiros pútridos, objetos mudando de posição durante a noite, e...mais...
Terror, realismo fantástico e drama social no primeiro longa de Rojas & Dutra...de quem ouviremos/leremos mais...
Não percam o nosso próximo capítulo!
CONTINUA...
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O Terror Brasileiro em Cartaz- Oitavo
2012 teve novos recordes no cinema mainstream nacional...todos comédias! Enquanto isto...
...choramos a morte do grande John Doo - em coma desde 2009, depois de um acidente vascular... 😢
...e a morte do grande ator independente (e grande amigo) Jorge Timm...
Enquanto isto...
"Matadouro" (2012) de Carlos Júnior, é um longa SOV/ gore/slasher, aproveitando a febre dos filmes found-footage...
...um grupo de amigos voltando de carro de uma viagem, encontram um andarilho no meio da estrada e decidem "zoar" com ele. Claro, que é um assassino perigoso e que vai persegui-los...e ele não está sozinho...
Realizado sem orçamento, e em apenas um dia é "D.R." (2012) de Joel Caetano & Felipe M. Guerra...
...um curta (10 min.), sobre a famigerada Discussão de Relacionamento entre uma esposa traída (Mariana Zani), seu marido (Joel Caetano), e a sogra dele (Dona Oldina do Monte, avó de Felipe Guerra, e sua atriz e musa).
Humor negro e violento...
"Nervo Craniano Zero" (2012) de Paulo Biscaia...
Uma escritora famosa e ambiciosa, e um neurocirurgião maluco utilizam uma garota como cobaia para um experimento. Um chip é instalado em seu cérebro, para afetar o tal "nervo craniano zero" e, induzir surtos de inspiração.
Claro que tudo sai de controle, com consequências perturbadoras!
Longa nacional que ganhou o prêmio de Melhor Direção no New Orleans Horror Film Festival & Melhores Efeitos Especiais no Thriller Chiller Festival de 2012 nos EUA!
"Vermibus" ( 2012) de Rubens Mello...
Após perder os pais em um acidente, Lucila (Elaine Trash) é incentivada por seu companheiro (Felipe M. Guerra) a vender uma casa de espetáculos e cultura, aonde ela crescera. Os espectros horrendos de seus pais ( maquiagens especiais de Fritz Martiliano, Rubens Mello & equipe), passam a aterroriza-la por todas as partes...
Ótimo curta (20 min.) de horror do ator/diretor de Guarulhos (SP)!
2013 nos tirou Jesus Franco, Ray Harryhausen, Richard Matheson, Karen Black & Lou Reed, mas por aqui...
"Matadouro Parte 2: Prelúdio" (2013) de Carlos Júnior...
...bom , o título já diz tudo, mostra o que aconteceu antes de "Matadouro" (2012). Um grupo de amigos se reúne em uma casa afastada para uma barulhenta festa de natal. Um rosto conhecido (para quem viu a primeira parte) anuncia o banho de sangue ao estilo found footage. Alguns amigos decidem ir embora, são raptados e torturados (e gravados) no fatídico matadouro...
Então, os mortos-vivos invadem as telas novamente!
"Mar Negro" (2013) de Rodrigo Aragão...
Pescadores do litoral capixaba pegam um peixe monstruoso em sua rede, e um deles é mordido...transformando-se em um zumbi, e espalhando a praga no pequeno lugarejo.
Enquanto isto, rola a inauguração de um bordel de luxo na região. Logo, todos vão ter que lutar contra a praga dos zumbis...criados pela poluição, ou pelo diabo (?!?).
Aragão reúne um elenco que inclui sua excelente trupe (destaque para Walderrama dos Santos como o heroico Albino), nomes conhecidos do cenário SOV nacional (Joel Caetano & Mariana Zani, Petter Baiestorf, Gurcius Gewdner, Coffin Souza, Gisele Ferran & Cristian Verardi- destaque com sua atuação insana como a "Madame Ursula")...
... e convidados internacionais como Ernesto Valverde Villalobos (roteirista e diretor da Costa Rica), Maria Laura Umaña (fotógrafa e produtora da Costa Rica) & o ator e diretor mexicano Agustín "Oso" Tapia, entre outros!
Terror, humor, toneladas de sangue, zumbis e criaturas marinhas mutantes!
"Zombio 2 : Chimarrão Zombies" (2013) de Petter Baiestorf...
Na área rural do oste de Santa Catarina, a erva mate Cronenberg, provoca uma infestação de mortos-vivos "turbinados".
Mas, os clássicos zumbis lentos e pegajosos surgidos no primeiro filme, também querem a carne dos humanos... principalmente das humanas!
"Esta sequência do Zombio de 1999 é ainda mais sangrenta e desprezível, apresentando um show de lesbianismo, estupro de zumbis e uma quantidade impressionante de efeitos pegajosos! Este filme de horror e comédia sobre um apocalipse zumbi, vale a pena ser assistido . A atuação é péssima, mais desleixada que a média do festival, e a “comédia” é mais ou menos, com algumas mulheres feias também… Mas, oh, os peitos, os peitos!! Não vai ganhar nenhum prêmio, mas são 83 minutos divertidos, obviamente inspirados nos primeiros trabalhos de Peter Jackson, em tom sangrento exagerado. A cena de estupro de zumbi é bastante brutal" (site WipFilms.net )
* Os dois longas compartilham parte do elenco (Gurcius Gewdner, Coffin Souza, Gisele Ferran, Cristian Verardi); Zombio 2 utiliza sobras de maquiagens de Mangue Negro, e também conta com o trabalho do maquiador de FX Alexandre Brunoro (da equipe de Rodrigo Aragão); e foram igualmente selecionados e exibidos em festivais internacionais como Fantaspoa (Brasil), Montevideo Fantastico (Uruguai) & SITGES Film Festival (Espanha) !
Também no tema é a web série "Nerd of the Dead" (2013) de Chris Tex...
Comédia de horror sobre dois amigos nerds que se preparam dia pós dia para o fatal "apocalipse zumbi". Quando descobrem que de fato, o evento macabro está acontecendo, partem para a aventura de suas vidas!..
"Iandara" (2013) de Vini Trash (Vinicius J. Santos)
O feiticeiro indígena Munguabi (Marcelo Rodrigues) ama Iandara (Charry Jin), filha do chefe da tribo. O amor é proibido, e Manguabi é condenado à morte, e amaldiçoa todos da região.
Tempos atuais: o antropologista prof. Wallace (Rodrigo P. Castro) descobre o túmulo do feiticeiro, e a poderosa maldição é libertada com consequências funestas...
Longa de romance/terror/humor negro de baixo orçamento, gravado em HD, em Jacareí (SP), e lançado em festivais do gênero e em DVD.
"Red Hookers" (2013) de Larissa Anzoategui...
A certinha e estudiosa Karen (Monica Mattos) uma estudante universitária que começa a perceber que existe algo muito errado com sua irmã "maluquinha" Karen (Jacqueline Takara), e descobre que ela trabalha com o nome de "Cherry" no bordel chamado "Red Hookers".
Investigando o local, Karen toma um drink "batizado", e consegue ver a verdadeira e horrenda aparência das garotas que trabalham no local...
Curta-metragem de terror, da equipe da Vadre Retro Produções (o escritor Ramiro Giroldo, e a diretora Larissa Anzoategui)... sexy & grotesco, com influência de H.P.Lovecraft.
A atuação da musa Monica Mattos, os efeitos especiais de "Fritz P. Hyde" (Fritz Martiliano/Audrey Martiliano da Silva) & Renato Ramos Batarce, e a direção de Larissa, compensam o pequeno orçamento, fazendo do curta um "sucesso" internacional.
"Mal Passado (Extra Bloody)" (2013) de Julio Wong...
Rapaz (Marcelo Nesseroff) vai na casa de sua namorada (Marieli Sardelotto) e ela o algema na cama. O que ele imagina ser o início de uma boa sacanagem se transforma em horror...a família da garota tem hábitos peculiares de alimentação...
Curta (20 min.) de terror & humor (inspirado em Texas Chainsaw Massacre), com a participação especial de luminares da Boca do Lixo (José Mojica Marins, Francisco Cavalcanti, José "Índio" Lopes, Vera Luz & F.E. Kokocht), além de Liz "Vamp" Marins & Rubens Mello.
Melhor Curta eleito pelo público & Melhor Atriz (Marieli Sbardelotto) no festival Guarufantástico 2013, e Menção Honrosa no I FantasNor.
O maquiador/diretor gaúcho Ricardo Ghiorzi realiza "Belphegor" (2013), um curta (6 min.) muito simples e econômico, com ótimo clima e efeitos especiais.
Um padre (Cledio Oleques) estuda/traduz um livro proibido de magia negra, e recebe uma visita...
Misturando sci-fi & terror, "Estrela Radiante" (2013) de Fabiana Servilha...
....é um curta metragem (25 min.) que conta a história de Antônio (André Ceccato), um homem do campo, que após ver uma estrela cair do céu tem sua vida mudada.
Contando apenas com um amigo (Fábio Neppo), ele tenta desvendar o mistério, enquanto seu corpo vai sendo tomado por feridas e pústulas (maquiagem de nosso velho conhecido Fritz Martiliano/P. Hyde).
Filmado durante dois anos, o curta é um trabalho de conclusão de um curso de cinema (Filmworks), e acabou sendo selecionado em 6 festivais internacionais, e André Ceccato ganhou um prêmio por sua atuação no Festival ArtDeco...
Também tivemos mais um curta de Joel Caetano: "Encosto"(2013, 7 min.)...
...um homem (Joel) faz um ritual de magia negra, com consequências aterradoras...
...exibido em mais de 70 festivais em 20 países ao redor do mundo, ganhou dois prêmios no Guaru Fantástico, prêmio de Melhor Ator no FantasNor 2013 (Sergipe), entre outros...
CONTINUAMOS....
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O Terror Brasileiro em Cartaz ...9 !
Antes mesmo de iniciar, 2014 já se anunciava como um ano de fortes emoções...Eleições presidenciais, uma nova crise econômica, copa do mundo, escândalo na Petrobrás (e inicio da Operação Lava-Jato). Então tivemos a morte misteriosa de um candidato a presidência, a eleição mais acirrada da história, a reeleição de Dilma Rousseff, a volta da direita conservadora & um "povo burro" nas ruas pedindo a volta da ditadura militar...
Enquanto isto, tivemos fortes emoções com...
"Kassandra" (2013) de Ulisses da Motta Costa
A jovem Kassandra (Renata Stein) vive reclusa em seu apartamento sofrendo de um estresse pós-traumático, que a deixou muda e tendo alucinações com um misterioso "Homem Grande".
Seus únicos contatos com o mundo são as visitas de seu terapeuta, e de um vizinho (Leandro Lefa), um safado que aproveita a condição da garota para assedia-la.
Curta (22 min.) realizado pelo gaúcho Ulisses, através de um financiamento coletivo. Terror psicológico gravado em p&b, com ecos de "Repulsion" de Roman Polanski.
Selecionado para muitos festivais, ganhou diversos prêmios, e uma HQ "Kassandra, Versos do Silêncio e da Loucura", idealizada por Roger Monteiro, roteirista do curta...
Os gaúchos estavam "a mil"!
Lucas Sá (do Maranhão) escreve e dirige "Nua Por Dentro do Couro" (2014), filmado em Pelotas (RS), aonde o cineasta estudava...
Uma mulher de meia-idade (Gilda Nomacce) mora em um condomínio, e tem problemas psicológicos com sua idade e aparência.
Suas estranhas fantasias (incluindo uma planta carnívora) envolvem sua vizinha (Miriã Possani), uma jovem mulher sempre preocupada com sua pele e carne...
Curta ( 21 min.) bastante premiado; a atriz Gilda Nomacce esteve em "Trabalhar Cansa" (2011), e se transformou na "Rainha do Horror" brasileiro contemporâneo, sendo que em 2014 ela atuou também em "Sinfonia da Metrópole", "Gata Velha Ainda Mia"& "Quando Eu Era Vivo" (ver abaixo...)
" A Maldição do Sanguanel" (2014)...
Antologia dividida em quatro histórias, cada uma de um diretor do RGS: Felipe M. Guerra (Carlos Barbosa), Eliseu Damari (Carlos Barbosa), Rafael Giovanella (Caxias do Sul) e Ricardo Ghiorzi (Canoas).
Todas com suas visões sobre o lendário "Sanguanel", um mito da região ítalo-gaúcha: Um monstrinho de cor vermelha e que gosta de pregar sustos e roubar crianças, que ficam em estado de sonolência, e são bem tratadas por ele. Como o projeto é de terror-fantástico, o personagem ( monstrinho criado pelo maquiador/produtor/diretor Ricardo Ghiorzi) aqui é bem mais sinistro.
Também unindo as histórias é a presença da musa Dona Oldina Cerutti do Monte, nossa querida "Fernanda Montenegro do Terror-Trash" !
O projeto começou em 2011, e foi finalizado em 2014, com sua estreia no X Festival Fantaspoa.
"Pray" (2014) de Claudio Ellovitch...
...um premiado curta metragem (15 min.) experimental, provocativo, gore (efeitos especiais de Rodrigo Aragão) & com ótima produção...
...sobre livros místicos, experimentos religiosos & e estados alterados da mente...
"O Estripador da Rua Augusta" (2014) de Geisla Fernandes & Felipe M. Guerra...
Uma sexy vampira (Mônica Mattos) ronda a noite de São Paulo caçando homens para se alimentar.
Na mesma região, um psicopata (Henrique Zanoni) procura garotas para torturar.
Ele acaba achando a vítima perfeita: depois de dopar e aprisionar a vampirinha, ele passa a machuca-la de todas as maneiras (furadeira, arame farpado, etc...), e depois de alimenta-la com sangue, ela está novinha em folha para mais brincadeiras sádicas...
...como acabará este embate???
Curta (20 min. ) co-dirigido-escrito-editado (mas com versões diferentes de edição & trilha sonora de cada um, devido a polêmicas divergências ) por Geisla & Felipe, com a (vou ter que repetir!) musa Mônica Mattos, e com efeitos especiais de Kapel Furman. Bingo!...Filmaço!
O Cinemão de gênero começa a encontrar seu caminho no país. Marco Dutra ( que havia dirigido ao lado de Juliana Rojas o elogiado "Trabalhar Cansa" em 2011) lança nos cinemas "Quando Eu Era Vivo" (2014)...
...adaptação de um romance do escritor/desenhista Lourenço Mutarelli, adaptado por Dutra e por Gabriela Amaral Almeida.
Depois de perder o emprego e a esposa, Júnior (Marat Descartes) volta a morar com seu velho pai (Antônio Fagundes), ficando fascinado pela jovem inquilina dele, a estudante de música Bruna (Sandy Leah).
Mexendo em objetos que pertencia a sua mãe, Júnior relembra um passado que seu pai já havia enterrado, e tenta desvendar algo que aconteceu com ele e seu irmão (agora internado em um manicômio) quando criança. Passado, presente, realidade e delírios se confundem...
Suspense e terror psicológico, com bela produção, elenco e edição. Dutra opta por um terror sutil, mas (ou por isso mesmo) bastante assustador.
A "polêmica" escolha da cantora Sandy para atuar em um filme de gênero mostra-se acertada, e não só uma jogada de marketing...
Juliana Rojas também lança seu primeiro longa solo: "Sinfonia da Necrópole" (2014)...
Deodato (Eduardo Gomes) é um homem simples e iletrado do interior, que consegue um emprego de aprendiz de coveiro, mas tem dificuldades de se acostumar com o trabalho "macabro". Sua estranheza e melancolia são amenizadas quando chega Jaqueline (Luciana Paes), mulher bela, independente e inteligente, encarregada de organizar uma reforma no cemitério.
Entre personagens bizarros que circulam pelo local, cadáveres apodrecidos, barulhos sinistros & músicas, floresce algo entre o improvável casal...
Comédia romântica musical com toques de horror, humor-negro & crítica social. Mistureba louca de gêneros? Não para que acompanha o trabalho criativo de Juliana (aqui ajudada por Marco Dutra apenas na parte musical)!
O filme foi premiado como Melhor Longa-Metragem pelo Júri da Crítica no Festival de Gramado.
Rodrigo Aragão decidiu fazer uma antologia baseada em histórias do imaginário popular brasileiro, assim, convidou outros 3 diretores do gênero para " As Fábulas Negras" (2014)...
Quatro meninos vestidos de super-heróis, brincam em uma mata, e contam histórias assustadoras um para o outro, servindo de ligação para os episódios: "O Monstro do Esgoto" (Rodrigo Aragão)...
"Pampa Feroz" (Petter Baiestorf)...
"O Saci" (José Mojica Marins)...
"A Loira do Banheiro" (Joel Caetano) & "A Casa de Iara" (Rodrigo Aragão).
Rodrigo também dirige os interlúdios com as crianças, e foi o responsável (com sua dedicada equipe) dos efeitos especiais de cada episódio.
“As Fábulas Negras” ganhou diversos prêmios como: Melhor Filme pelo Júri Popular no Festival de Vitória, Melhor Direção (para o grupo de diretores), Melhor atriz (Margareth Galvão) e Melhor Atriz Coadjuvante (Dora Dadalto ambas por “A Loira do Banheiro”) no MAC HORROR Film Fest (Amazonas), Menção Honrosa pelos Efeitos Especiais e Menção Honrosa de Melhor Episódio (“A loira do Banheiro”) no Montevideo Fantastico no Uruguai e Menção Honrosa de Melhor Direção (Joel Caetano por “A Loira do Banheiro”) no II Festival Boca do Inferno em São Paulo.
Do nosso cinema mainstream surge "Isolados" (2014) de Tomas Portella...
Um casal de namorados, o estudante de psiquiatria Lauro (Bruno Gagliasso) e a bonita e perturbada artista plástica Renata (Juliana Alves), fazem uma viagem a região serrana do Rio de Janeiro. No caminho ele fica sabendo de boatos sobre mulheres barbaramente assassinadas na região, mas esconde o fato de Laura por conta de seu estado emocional.
Eles se isolam numa casa em meio a mata, enquanto os assassinos parecem cada vez mais perto. Eles precisarão lutar por sua sobrevivência e sanidade...
Thriller de suspense & terror bem produzido, com uma trama batida e muitos clichês do gênero, mas o final é tenso e foge do convencional. O casal de atores "globais" se sai muito bem. Último filme do ator José Wilker ( como o Dr. Fausto, professor de Lauro), que morreu antes da estreia do filme.
Também tivemos o suspense/drama/terror psicológico "Gata Velha Ainda Mia" (2014) de Rafael Primot...
Gloria Polk (Regina Duarte) é uma escritora que fez sucesso, mas não publica nada a 17 anos. Reclusa, ela aceita dar uma entrevista a jovem jornalista Carol (Bárbara Paz), que é casada com o ex-marido de Gloria...
Aos poucos, o jantar/entrevista vai virando um desabafo de ambas as partes, e a confusa e enigmática velha escritora acaba revelando sua mente doentia...para um desfecho macabro...
A famosa atriz Regina Duarte se revela uma ótima "bruxa maligna" na tela...papel que desempenha também na vida real...com seus posicionamentos de extrema-direita & agora uma "boquinha" no (des)governo...
Dennison Ramalho participa da antologia internacional de terror & humor negro "ABCs of Death 2" (O ABC da Morte 2, 2014)...
...seu elogiado curta (5 min.) "J de Jesus" (realizado no Brasil com orçamento gringo), mostra um grupo de religiosos dementes tentando exorcizar a homossexualidade de um rapaz, que enxerga seus torturadores como demônios...
CONTINUA...
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O Terror Brasileiro em Cartaz Parte X
2015 foi um ano tumultuado. Protestos por todo o país, pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, rompimento de uma barragem em Mariana (MG), morte de Jorge "Zé Bonitinho" Loredo & o terror do aedes aegypit...
Mas...
Estreia nas telas dos cinemas o longa "O Amuleto" (2015) de Jeferson De ( Jeferson Rodrigues Rezende)...
...No passado, um homem sacrifica duas mulheres no meio da mata. No presente, em Florianópolis (SC), um policial encontra uma sobrevivente de um grupo de amigos que desapareceram.
O mistério do passado de uma família e o tal do amuleto são as chaves para o caso, investigado através dos vídeos gravados nos celulares da vítimas...
Bem fotografado, o longa (81 min.) tem boas intenções, mas infelizmente falha em quase tudo...
Por outro lado, tivemos a estreia de "Condado Macabro" (2015) de Marcos DeBrito & André de Campos...
Um grupo de jovens aluga uma casa de campo para as férias. No caminho dão carona para o pobre palhaço Cangaço (Francisco Gaspar), que junto com seu parceiro Bola 8 (Fernando de Paula) vive de golpes e furtos.
A casa se transforma no palco de uma chacina. Cangaço é o suspeito, mas...
Slasher com todos os elementos do gênero & explícitas influências de "Texas Chainsaw Massacre"& "Motel Hell" (1980). Tudo filmado no Mato Grosso do Sul, com trilha sonora com músicas bregas & um ator "Global"...
Apesar de muitas críticas negativas, o filme ganhou o Prêmio do Júri de Melhor Filme Brasileiro no Fantaspoa, e foi selecionado para festivais no México, Espanha, Holanda e Argentina. Divertido, gore e com o Palhaço Macabro de Francisco Gaspar!
Ricardo Ghiorzi capitaneou a antologia "13 Histórias Estranhas" (2015) de Fernando Mantelli, Ricardo Ghiorzi, Cláudia Borba, Petter Baiestorf, Marcio Toson, Cesar Coffin Souza, Rafael Duarte, Taisa Ennes Marques, Gustavo Fogaça, Renato Siqueira, Leo Dias de los Muertos, Paulo Biscaia Filho, Felipe M. Guerra, Filipe Ferreira, Cristian Verardi...
13 episódios bizarros dirigidos/produzidos por diretores independentes do sul do Brasil. Psicopatas, fantasmas, alienígena, maldições, demônios, vermes, cães & muito mais... Destaque para os segmentos "Encomenda Especial" de Ghiorzi, "Larvae" de Felipe Guerra & "Ne Pas Projeter" de Verardi...
...o longa foi exibido em festivais do gênero, mas por diversos detalhes do gerenciamento de sua produção totalmente independente (cada diretor realizou seu segmento por conta própria & com total liberdade), nunca foi lançado em nenhuma mídia. Alguns episódios tiveram vida própria, como "A Cor Que Caiu do Espaço" de Baiestorf, lançado no youtube; "O Laboratório do Dr.Sepúlveda" de Coffin Souza, exibido na Mostra Cinema de Bordas & no Festival de Cinema de Vitória...
... e "Ne Pas Projeter", selecionado para o Festival de Sitges (Espanha), e exibido no Festival de Gramado (RS/Brasil)...
Outra antologia com total liberdade, mas com horrores conectados foi "A Percepção do Medo" (2015) de Armando Fonseca, Kapel Furman & Gurcius Gewdner...
Em Brasília, Marcus (Ricardo Gelli) tem uma vida difícil e humilhante, o que faz com que ele perca o senso de realidade, e se torne um maníaco. Pela TV somos transportados para um caso que acontece em Florianópolis, aonde Carlos (Marcel Mars) tem outro problema...intestinal!...tão grave que ele pode regurgitar as próprias fezes!
Marcus volta para sua cidade natal (São Paulo), mas, não consegue entrar em seu apartamento, tendo que recorrer a um chaveiro, então...
Projeto contemplado por um projeto da Funarte, os 3 curtas sobre os medos e obsessões dos moradores de grandes cidades se interligam na construção da psicopatia de Marcus. Exibido em diversos festivais, o longa nunca foi lançado comercialmente. O insano e nojento episódio "Bom Dia Carlos" de Gurcius, teve carreira solo, e acabou se transformando em um longa metragem... de que falaremos mais tarde.
A RZP entregou outro filme de pouco orçamento e muito terror: "Judas" (2015) de Joel Caetano...
...um garoto carrega um boneco de Judas no Sábado de Aleluia, mas o protege de se "malhado". Em casa ele tem problemas com seu pai abusivo, então...
Curta (10 min.) exibido em mais de 100 festivais em diversos países, ganhou, entre outros, o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no HorrorQuest nos Estados Unidos, Melhor Curta no Mondo Estronho, Melhor Montagem no Festicini - Festival Internacional de Cinema Independente em Sumaré (SP), e Menção Honrosa pela direção e curta no II Festival Boca do Inferno.
"Carniçal" (2015) de Rubens Mello...
Felipe (Victor Fernandes) é um jovem dominado por sua mãe (Eliana Sotero), uma megera, e com um pai doente (José Mojica Marins) no quarto. Ele tem uma relação com Thais (Lenny Dark) uma mulher livre e um pouco mais velha, e depois de uma noite de amor em um cemitério, um segredo antigo e aterrador vem a tona...
Curta (15 min.) com uma drama que explora a figura mitológica do Ghoul, monstro que habita os cemitérios. No Brasil a variação da lenda é o Papa-Figo, ou Carniçal...
Bom clima, boas atuações, maquiagem, gore, e a presença de José Mojica!!!
"Embaraço" (2015) de Fernando Rick...
A garota Angélica (Amanda Pereira) descobre que está grávida, e tenta se livrar de todas as formas de seu pequeno/grande problema. Várias tentativas falham, e ela vai definhando...
...simples assim...direto, minimalista, realista e violento. Embaraço (em espanhol embarazo é gravidez) é um curta (21 min.) "Body Horror", e um 'soco no estômago'...
"A Capital dos Mortos 2: Mundo Morto" (2015) de Tiago Belotti
Cinco anos depois dos eventos que transformaram Brasília na Capital dos Mortos-Vivos, o sobrevivente Lucas (Gustavo Serrate) une forças com a traumatizada Denise (Lorena Aloli).
Eles precisam enfrentar os zumbis e principalmente os humanos degradados, dispostos a qualquer coisa para sobreviver ao caos...
Longa (70 min.) escrito, produzido, dirigido, editado e musicado por Tiago Belotti, bastante superior a primeira parte.
"Cabrito" (2015) de Luciano de Azevedo
Um homem (Nino de Barros ) vende algodão doce nas ruas de uma pequena cidade, para ajudar o sustento da casa, aonde vive em conflito com sua mãe (Sandra Emília Costa ), uma fanática religiosa.
A miséria e a loucura alimentam o ódio entre os personagens, principalmente quando ele se envolve com uma prostituta grávida ...
Selecionado e exibido em dezenas de festivais brasileiros e internacionais, o curta (19 min.) "Cabrito" ganhou 9 prêmios.
Descobrimos então, que "O Diabo Mora Aqui" (2015) de Dante Vescio & Rodrigo Gasparini.
Quatro jovens decidem passar o final de semana em um casarão colonial isolado. O local era, há mais de um século, a casa do sádico Barão do Mel (Ivo Müller), um apicultor que tinha prazer em torturar seus escravos. Quando o grupo brinca de invocar o espírito dos mortos, descobre que uma maldição obscura assombra o lugar, e que estão em meio a uma batalha entre forças sobrenaturais...
Partindo de um enredo básico e clichê ( e influências de " The Evil Dead", " Candyman"...), a dupla de diretores injeta "sangue novo", com o tema da escravidão e coisas do nosso folclore. Ivo Müller recebeu o prêmio de "Melhor Vilão" no festival Cinefantasy de 2016, e o filme participou de diversos festivais internacionais, como Sitges (Barcelona), Mórbido Fest (México), etc...
Do Ceará veio "Clarisse ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois" (2015) de Petrus Cariry...
A jovem Clarisse (Sabrina Greve) decide visitar seu pai (Everaldo Pontes) que está doente, e que ela não vê a muito tempo. Deixando o conforto de Fortaleza, ela viaja para o interior selvagem (literal e figurativamente).
O encontro é marcado por ressentimentos e segredos de sua infância que vêm a tona. A memória dos mortos, sangue, sombras e sonhos, afetam Clarisse...
Longa de suspense e terror psicológico, com ritmo lento e bela fotografia.
Petrus é filho do cineasta-poeta-escritor Rosemberg Cariry ("Corisco & Dadá" de 1996, e diversos documentários), que é um dos roteiristas do filme...
"Através da Sombra" (2015) de Walter Lima Jr.
Laura (Virginia Cavendish, também produtora do filme) é contratada para cuidar e educar um casal de órfãos que vivem em uma fazenda de café no interior do Brasil dos anos 30.
Ela passa a "ver pessoas mortas", e sente que as crianças estão sob a influência de aluma coisa maligna. Ela tenta desvendar o mistério e manter a sanidade ao mesmo tempo...
Adaptação nacional do clássico de Henry James "A Outra Volta do Parafuso". Participou de diversos festivais internacionais do gênero: Fantasporto, Rojo Sangre, Fantaspoa, FrightFest...
Falha ao tentar ser um remake brazuca de "Os Inocentes" (1961)...
Sci-fi, terror & sexo no curta (19 min.) "Invasor" (2015) do pernambucano Lula Magalhães...
Uma mulher é estuprada e morta. Um médico se apodera do corpo dela para realizar uma experiência tecnológica de ressurreição, implantando partes eletrônicas em seu corpo.
Ao mesmo tempo, mantém o agressor e assassino sendo torturado na mão de três garotas sádicas...
O filme foi selecionado para a Mostra Monstro (São Paulo - SP), Festival de Cinema de Caruaru (Caruaru - PE), Festival Cultural Mondo Estronho (Curitiba - PR), Zine Zombie Internacional Festival (Bogotá - COL), Fantaspoa (Porto Alegre - RS) e Cine Fantasy (São Paulo - SP)...
CONTINUAREMOS....
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O Terror no Cinema Brasileiro: A Parte Onze!
2016...Dilma Rousseff é afastada do cargo de presidenta, assume Michel Temer; Anthony Garotinho, Eduardo Cunha & Sérgio Cabral Filho são presos pela operação Lava Jato; Jogos Olímpicos & Paralímpicos no RJ; morrem: Shaolin, Guilherme Karam, Rodolfo Zalla, Cauby Peixoto, Ferreira Gullar & todo o time de futebol da Chapecoense (SC) em um acidente aéreo...
...enquanto isso...
...o cinema de terror internacional (principalmente o hollywoodiano) ainda dita suas convenções para tentativas (bem produzidas) do gênero no Brasil:
"O Caseiro" (2016) de Julio Conti
Davi Carvalho (Bruno Garcia, também produtor associado) é um psicólogo/escritor cético, famoso por explicar supostos fenômenos sobrenaturais de modo puramente científico. Ele vai a uma cidadezinha do interior aonde uma menina parece estar sofrendo com a visão do caseiro que se suicidou no sítio da família décadas atrás.
No local, ele encontra adultos desconfiados e que parecem esconder algo. A menina que tem machucados estranhos no corpo, e diz conversar com o tal caseiro. Davi desconfia do pai da menina, mas...
Bem produzido (com um orçamento de 1 milhão e meio na época), boa trilha sonora, fotografia, atuações não-muito-boas, efeitos OK, citações a "O Iluminado" de Kubrick, e um bom suspense. Terror psicológico com muitos clichês, mas uma tentativa interessante...
"Diário de um Exorcista- Zero" (2016) de Renato Siqueira...
Lucas Vidal ( Renato Siqueira...) decide ser padre e exorcista, depois de uma tragédia envolvendo seus pais.
Seu "batismo-de-fogo" vai ser um caso tenebroso...
"Baseado" no livro homônimo de Renato Siqueira & Luciano Millici, "Diário" repete todos os clichês de "O Exorcista"& cia...Produzido de forma independente, mas, com distribuição em vídeo, e depois na Netflix...
Mas, o terror SOV continua mostrando seu lado original e regional..."A Menina Só" (2016) de Cíntia Domit Bittar...
Em uma chácara no interior de Santa Catarina, um pai assusta sua filha com a história de que o diabo mora no velho paiol de seu quintal.
Quando decide enfrentar o medo, o que encontra é mais perturbador que o próprio capeta...
Curta (11 min.)
A produtora independente do interior de São Paulo, Black Horse Filmes, finaliza e lança os curtas "Cercados pela Morte" (2016) de João Vitor Ferian...
Um vírus espalha a praga zumbis pelas ruas do país. Um grupo de jovens sobreviventes confinados em uma casa, enfrentam a fome, os mortos esfomeados e os vivos degenerados...
Curta metragem (20 min.) com uma abordagem dramática e bem produzida (maquiagens e efeitos visuais digitais) de uma invasão zumbi. Participou de diversas mostras e festivais nacionais e internacionais, ganhando o prêmio de Melhor Make-Up FX, no II Festival de Cinema Fantástico POE (São José dos Campos, SP).
...e "O Covil Dos Condenados" ( 2016, 7 min.) de J.V. Ferian...
Uma situação simples, tensa e com final "surpresa": Um morador de rua procura abrigo em uma casa abandonada, mas...
Prêmio de Melhor Curta no Festival Mondo Estronho (Curitiba, 2016), e também esteve em festivais internacionais na Itália, Espanha, Inglaterra e EUA...
"Maldita Lembrança" (2016) de Andrea Fergo & Rafael Zanesco
A jovem Yoko (Leticia Takara) sofre com uma perda de memória. Sua amiga Cintia (Mariusa Bregoli) tenta ajudá-la a se lembrar, mas, Yoko tem visões macabras com sua própria morte. Acontecimentos estranhos ocorrem na casa, que parece assombrada por um espírito...
Curta (19 min.) da Hipnóticos Filmes, inspirado no Terror Oriental. Participou do III Festival Boca do Inferno, e de diversos festivais internacionais.
A produtora também tem diversos outros curtas de suspense/terror disponíveis em seu canal no Youtube, como "Não Abra Jamais", "App da Morte", "O Último Andar"...
"ABCs of Death 2.5" (2016) é a terceira parte da antologia de curtas internacionais, agora focado apenas na letra "M"...
...nosso representante é "M is for Mailbox" de Dante Vescio & Rodrigo Gasparini ...
...a dupla de "O Diabo Mora Aqui" (conhecido lá fora como "The Fostering"), que também realizou o curta ( 3 min.) "Blondie" (2016)...
...dois garotos detidos na escola, discutem a forma certa de invocar a velha lenda urbana da "Loira do Banheiro"...
Participou de diversos festivais e ganhou o prêmio de Melhor Filme de Horror na competição on line My RODE Reel...
Outra prova de que se pode fazer/mostrar um terror de qualidade em poucos minutos é "Mesa Para Dois" (2016) de Marcos DeBrito...
Curta (4:22 min.) muito simples: Um homem (Danilo Ferraz) prepara um jantar íntimo. Sua convidada/vítima é Patty Fang (cinéfila, apaixonada por filmes de terror e rock nacional, proprietária da loja Coffin Fang Store, em sua estreia como atriz)...
Efeitos especiais (gore) de Fabio Servullo...
"Vampiro 40°" (2016) de Marcelo Santiago...
O vampiro Vlak ( Fausto Fawcett, compositor, cantor e escritor) volta da Transilvânia e se torna o chefão do submundo vampírico carioca. Entediado, tenta fugir da rotina e de suas obrigações, mas acaba perdendo a memória ao mesmo tempo em que o caos se instaura ao seu redor.
Ele enfrenta uma corporação que domina as máfias de vampiros da América Latina, conhece a linda mafiosa asiática Wang Su (Michele Hayashi), enfrenta seu antigo rival, Draco (Otto Jr. ), e sua perigosa companheira, Dafne "A Foice Ruiva" (Linn Jardim), uma psicopata procurada pela polícia do RJ...
Santiago & Fausto Fawcett já haviam realizado em 2010 a série de TV (Canal Brasil) "Vampiro Carioca", com o mesmo personagem. Fawcett é o compositor (junto com Fernanda Abreu, que gravou a canção) do hit dos anos 90 "Rio 40 Graus"...
A tentativa aqui é de fazer um longa (77 min.) de terror/ação/sexo com vampiros modernos, e com uma estética estilizada ao estilo HQ...Bem produzido (pelo casal Luiz Carlos & Lucy Barreto, e co-produtores norte-americanos), tem personagens demais, clichês demais e um roteiro confuso...restam belas garotas e a tentativa de aproximação com produções estrangeiras do gênero, tentando o mercado internacional...
"Mate-me Por Favor" ( 2015/2016) de Anita Rocha da Silveira, transita por diversos gêneros e sub-gêneros: Drama, filme teen, thriller, terror, psycho-killer, experimental...
...uma garota é perseguida, morta e mutilada no bairro da Tijuca (RJ). Bia (Valentina Herszage) é uma estudante de 15 anos de uma escola da vizinhança, que assim como outros jovens e colegas seus, se alarma com o crime.
Logo, outros corpos de meninas e de um menino, também são vítimas da horrenda violência do assassino misterioso.
Mais do que aterrorizada, Bia, em meio a suas descobertas de adolescente, sente atração pela morte...e o desejo de aproveitar a vida.
Premiado no prestigiado Festival de Veneza ( a selecionado em uma dezena de outros festivais internacionais), e depois no Festival do Rio, o primeiro longa de Anita (diretora de curtas do gênero como "O Vampiro do Meio Dia"- 2008, ou "Os Mortos-Vivos"- 2012), se perde em suas muitas pretensões, inclusive as estéticas...
Sobrevivemos e passamos para 2017, um ano bem complicado para os brasileiros: Além dos escândalos da nossa política, diversos casos macabros abalaram o país.
Incêndio criminoso em uma creche (com 13 mortos, entre adultos e crianças...), massacre em uma escola em Goiânia, estupro coletivo dentro de um colégio carioca, diversos assassinatos violentos de jovens por motivos banais, o jogo assassino "Baleia Azul", e o prenúncio das tendências fascistas de nosso povo, quando um adolescente teve a testa tatuada com a frase "Eu sou ladrão e vacilão", após suspeita do roubo de uma bicicleta...
Nossos realizadores independentes continuam mostrando sua força:
Finalmente é finalizado e lançado o longa metragem "Astaroth" (2017) de Larissa Anzoategui...
Trabalho independente da Vadre Retro Produções ( de Larissa Anzoategui, Ramiro Giroldo (roteirista) e Retano Ramos Batarce, produtor & ator) que começou a ser gravado em 2014, e foi anunciado para 2015...
O tatuador Gregório (Janderson Tucunduva), se interessa pelas artes antigas do oculto. Acaba sendo seduzido por uma entidade demoníaca ( Monica Mattos), e acaba adorando-a e planejando meticulosamente a sua volta à terra.
Três garotas (Juliana Calaf, Jaqueline Takara e a própria Monica Mattos em papel duplo), acabam envolvidas na trama macabra, e se mostram corajosas e lutadoras para enfrentar Astaroth & outros demônios...
Terror, sensualidade & rock'n roll, com inspiração nos filmes do gênero dos anos 80, e maquiagens especiais de Fritz (Martiniano) Hyde.
O primeiro longa da produtora ( que foi rodado em Campo Grande (MS) & São Paulo) foi exibido em diversos festivais internacionais, como Mondevideo Fantástico Festival (Uruguai), Fargo Film Festival (USA), Insólito Festival de Cine de Terror y Fantasía (Lima/Perú), e ficou em segundo lugar no prêmio do público no quarto Festival Boca do Inferno (SP)...
"13 Histórias Estranhas 2" (2017) de Cíntia Domit Bittar (Santa Catarina), Kapel Furman (São Paulo), Paulo Biscaia Filho (Paraná), Liz Marins (São Paulo), Rubens Mello / Julio Wong (São Paulo), Claudio Ellovitch (São Paulo), Ricardo Ghiorzi (Rio Grande do Sul), Filipe Ferreira (Rio Grande do Sul), Felipe M. Guerra (Rio Grande do Sul), Rodrigo Brandão (Minas Gerais), Taísa Ennes Marques / Rafael Duarte (Rio Grande do Sul), Marcos DeBrito (Santa Catarina) e Lucas Sá (Maranhão)...ufa!!!
Depois que a primeira antologia (de 2015) foi bem aceita, e selecionada para o mítico Festival Fantasporto (em Portugal), os horizontes se ampliarem, com a participação agora, de realizadores de vários estados...
Neste formato (mas, faltando um dos curtas) ele fez sua estreia no Fantaspoa Festival.
Como aconteceu com a primeira antologia, alguns curtas tiveram "vida própria" e foram exibidos em diversos festivais e mostras, como "Cinco Cálices" de Rubens Mello & Julio Wong...
Exibido nas mostras Cinema de Bordas, MFL, Mostra Guarulhense, Festival Boca do Inferno...
...ou, "Apóstolos" de Marcos DeBrito...
...selecionado para o festival Screamfest (Los Angeles, USA), Sitges (Espanha), entre outros.
O projeto foi então redirecionado, e abandonando a ideia dos numerais, acabou se transformando em...
"Histórias Estranhas" (2017) de Rodrigo Brandão, Kapel Furman, Taísa Ennes Marques, Paulo Biscaia Filho, Cláudio Ellovitch, Filipe Ferreira, Ricardo Ghiorzi, Marcos DeBrito.
Depois de muitas lutas e mudanças, o longa independente conseguiu ser lançado nos cinemas brasileiros (pela rede Cinemark, em maio de 2019!).
Destaque da antologia (nos dois formatos) é o curta de Marcos DeBrito, uma alegoria anti-religiosa e sangrenta!
Agora, uma pausa turística para conhecermos "Pazúcus- A Ilha do Desarrego" (2017) de Gurcius Gewder...
Carlos (Marcel Mars) se arrasta pelas ruas, sofrendo de terríveis dores abdominais e vomitando gosmas e excrementos. Ele é atormentado pelas suas fezes, que conspiram em suas entranhas, e pelo seu demente psiquiatra Dr. Roberto (Marcel Mars novamente) que quer eliminá-lo...
...paralelamente temos um casal (Gurcius Gewder & Priscilla Menezes), que vão passar um fim de semana na ilha de Pazúcus, aonde preside um deusa da floresta (Ligia Marina), existem ameaças da natureza, & pessoas que...dançam!
O destino de todos os personagens de Pazúcus ( e do mundo) talvez estejam ligados ao intestino de Carlos e a revolução dos monstros fecais...ou...não...
Transformando seu curta "Bom Dia Carlos" (2015 ) em um longa (1h 50 min.), Gurcius criou sua obra prima- uma mistura alucinada de terror, comédia, ficção ecológica, pornochanchada, filme experimental, escatologia, paranoia, e muito mais...
O filme, rodado com apenas R$ 15 mil, teve uma première no Fantaspoa 2017, fez estreia nacional no Cinema do CIC, em Florianópolis (SC), aonde foi rodado. Foi também eleito o filme do mês em sessão promovida pela publicação europeia de cinema experimental Film Panic, na cidade do Porto, em Portugal, e tem acumulado muitos prêmios, elogios e...ofensas...
Direto de Goiânia veio o também independente e elogiado "Terra e Luz" (2017) do mineiro Renné França...
...em um Brasil assolado por uma praga de vampiros, os poucos humanos fazem de tudo para sobreviver...
Um sertanejo (Pedro Otto) usa seu facão para se manter de pé frente aos sinistros predadores noturnos, assim como não se importa em se esconder, trair e abandonar seus semelhantes. Tudo muda quando ele encontra uma criança desamparada (Maya dos Anjos), o que lhe dá uma chance de redenção em meio ao caos...
Com um orçamento mínimo de R$ 6 mil, o longa (1h 14 min), é um horror pós-apocalíptico com sensibilidade e reflexão social. Exibido com muito sucesso na Mostra de Cinema de Tiradentes e no XIII Fantaspoa, e depois em festivais internacionais do gênero.
Terror & Ficção Científica com bom humor no novo curta do casal Mariana & Joel : "Casulos" (2017) de Joel Caetano...
Depois de um longo dia, ela (Mariana Zani) só queria descansar. Mas, alguma coisa vinda do céu estrelado invade seu apartamento...
Ecos de H.P.Lovecraft neste novo curta (13 min.) muito premiado da RZP Filmes!
Então, descobrimos o "Mal Nosso" (2017) de Samuel Galli.
O estranho Arthur (Ademir Esteves), contrata os serviços do serial killer Charles (Ricardo Casella) para matar uma pessoa.
O que o assassino não sabe, é que está metido em um caso de sobrenatural ( Arthur é um médium) e possessão demoníaca, envolvendo uma menina...
Contado de forma não-linear, o longa (92 min.) tem ótima produção (independente, com um orçamento de R$ 350 mil), fotografia, elenco, e efeitos especiais de maquiagem do prestigiado Rodrigo Aragão ( e participação de Walderrama dos Santos ator-fetiche do maquiador/diretor, como o "demônio-sem-pele"...)
'Mal Nosso' estreou na Rússia em 2017 e, nos dois anos seguintes, percorreu cerca de 30 festivais internacionais de cinema, quando conquistou prêmios e elogios da crítica especializada. Em contrapartida, ao estrear no Brasil, em março de 2019, o filme dividiu opiniões.
Após um mês de exibições nas telonas, a produção chegou às plataformas plataformas digitais, aumentando seu público e prestígio.
De São Bernardo do Campo (SP) é o curta "Na Hora da Morte" (2017) de Milton Santos Jr.
Uma participante de um reality show vive momentos de terror e sobrenatural confinada na casa que devia ser protegida...
Curta (25 min.) exibido no Cine Eldorado, em Diadema (SP), e na Mostra Cinema de Bordas...
Seguimos "O Rastro" (2017) do pernambucano Jonathan C. Feyer...
...João Rocha (Rafael Cardoso) é um jovem médico encarregado de organizar a transferência de pacientes de um hospital decadente na cidade do Rio de Janeiro. O mistério começa quando Júlia (Natália M. Guedes), uma jovem paciente desaparece sem deixar rastros.

Produção profissional com elenco de atores conhecidos (Jonas Bloch, Cláudia Abreu, Cássio Gabus Mendes, Felipe Camargo...), cenografia, fotografia & edição de som ótimas.
'O Rastro' flerta com as produções internacionais do gênero, apresentando muitos BU!/Jump-Scares clichês, apesar de sua crítica social tipicamente brasileira.
Chega a Oitava parte da série "Tropa Zumbite"...ops! Não falamos ainda desta divertida web-série...
O primeiro capítulo "Tropa Zumbite: A Dengue Zumbi" (2012) de Michael Klafke, mostrava dois funcionários da SUCAM (extinto órgão de controle de endemias e combate aos mosquitos) do Rio de Janeiro, complicados em seu trabalho, pois suas namoradas foram infectadas pelo vírus que as transformou em zumbis canibais.
Dai em diante são diversas as aventuras deste grupo de exterminadores cariocas de mortos-vivos...
...com bom humor e baixo orçamento...
...então, "Tropa Zumbite- Zumbis Voadores" (2017) de Michel Klafke vem para encerrar/complicar a saga trash, com elementos como o "Necronomicon", mais políticos corruptos, mais trapalhadas, mais mortos que voam...
Conhecemos "O Animal Cordial" (2017) de Gabriela Amaral Almeida...
...um restaurante meio falido, num local isolado em São Paulo, que recentemente passou por um assalto, agora está vivenciando outro - para azar de clientes, funcionários e dos próprios ladrões.
O assalto não sai como esperado pela dupla de ladrões- o gerente/proprietário Inácio (Murilo Benício) rende os bandidos, mas, transforma o local em um cenário de violência e loucura ao longo de uma madrugada muito sangrenta...
Uma fábula sobre o medo e a violência do dia-a-dia no Brasil, ao estilo "Slasher"! O longa foi exibido em Festivais do gênero, como o prestigiado FantAsia (Canadá), e fez carreira internacional, sendo lançado no Japão e na Alemanha...
A lição é básica: o que nos falta são... "As Boas Maneiras" (2017) de Luciana Rojas & Marco Dutra...
A enfermeira negra pobre & lésbica Clara (Isabél Zuaa) é contratada pela rica branca & grávida Ana (Marjorie Estiano). O toque de Clara parece acalmar o "violento" bebê, então Ana a contrata instintivamente - e logo o relacionamento delas fica muito próximo.
No entanto, o comportamento de Ana se torna cada vez mais irregular à medida que sua gravidez avança. Nasce um menino (Miguel Lobo) e tudo avança para... terror, fantasia & canções! Sim, As Boas Maneiras é um musical também! (lembrem-se, Juliana Rojas escreveu e dirigiu o musical macabro-romântico "Sinfonia da Necrópole" em 2014!)
Obviamente, o orçamento apertado acaba utilizando efeitos de CGI vagabundo, mas a turbulência emocional compensa isso, pois a performance de Isabél Zuaa carrega o filme desde o primeiro quadro. E ainda temos performances da cantora/atriz cult Cida Moreira, e de Gilda Nomacce, nossa Dama do Horror!
O longa teve carreira internacional elogiada, e premiada em festivais do gênero...
"Motorrad" (Motorrad: A Trilha da Morte, 2017) de Vicente Amorim...
... um grupo de amigos motociclistas pega uma trilha isolada em busca de diversão e, ao ultrapassar uma barreira de pedras, passam a viver um verdadeiro inferno tentando escapar de um quarteto de motoqueiros misteriosos que querem acabar brutalmente com eles...
Aventura, suspense e terror filmado na Serra da Canastra (MG) pelo diretor carioca. O longa foi lançado no Festival Internacional de Cinema de Toronto ( TIFF, Canadá), e distribuído em vários países. Estreou no circuito comercial brasileiro de forma bastante limitada e sem divulgação, em 2018...
Produção independente e de baixo orçamento, mas, muito bem realizada. Um "slasher sob duas rodas", que lembra um pouco o "Quadrilha de Sádicos 2" (1984) de Wes Craven
CONTINUAMOS...
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O Terror no Cinema Brasileiro...Doze Badaladas...
Brasil 2018: Governo Michel Temer; Luiz Inácio Lula da Silva é condenado a prisão; Marielle Franco e seu motorista são assassinados; incêndio desaba um prédio de 24 andares no centro de São Paulo; incêndio atinge o Museu Nacional no RJ; candidato a presidência Jair Bolsonaro é vítima de atentado fake; morreram: Oswaldo Loureiro, Tônia Carrero, Carlos Eduardo "Gordo" Miranda, Agildo Ribeiro, Roberto Farias, Nelson Pereira dos Santos...Jair Bolsonaro é eleito presidente da república. Apesar de todas estas desgraças, prosseguimos, e até...
..."Dona Oldina Vai às Compras" (2018) de Felipe M. Guerra.
Um dia de rotina: Dona Oldina (Oldina Cerutti do Monte) saí de casa para comprar ovos para uma de suas receitas. O mundo lá fora está "um pouco" complicado após uma infestação de zumbis/raivosos. Dona Oldina está preparada e não vai desistir!
Curta (8 min.) com orçamento "zero", mas muito bom humor, ação & maquiagens de Ricardo Ghiorzi & equipe. Rodado em sua cidade natal- Carlos Barbosa (RS), e com sua família, Felipe Guerra prova mais uma vez seu talento para o dueto terror-humor...
Percorremos "A Mata Negra" (2018) de Rodrigo Aragão :
A jovem Clara (Carol Aragão, filha do diretor) vive com seu pai adotivo, Pai Pedro (Markus Konká), um curandeiro, em meio a mata, em uma casa de barro. Ela precisa ir a cidade próxima, vender as "garrafadas de cura" que os sustentam.
Entre as diversas descobertas da vida, a menina encontra um mítico livro perdido, que tem poderes, e libera um mal que vai mudar a todos ao seu redor, e transformar a mata...
Longa do diretor/roteirista/maquiador, dando continuidade ao seu trabalho de unir folclore e referências regionais, com o terror & gore de inspiração internacional. Além de seu núcleo habitual de colaboradores/atores ( incluindo a volta do personagem Albino, vivido pelo sempre presente Walderrama dos Santos), a presença do ator global Jackson Antunes ,vivendo o vilão Pastor Francisco das Graças...
... e do grande ator paraense Francisco Gaspar (Condado Macabro...) são destaques...
Olhamos "A Janela da Outra" (2018) de Larissa Anzoategui...
A jovem Ela (Larissa Maxine) tenta dormir a noite, mas algo a angustia, e um brilho estranho vindo pela janela incomoda...Ela recorre a uma quantidade abundante de pílulas, e então, o pesadelo começa...
Curta (9:45 min.) do casal Larissa Anzoategui e Ramiro Giroldo (Roteiro), de "Red Hookers"/"Astaroth". Diferente de seus trabalhos anteriores, aqui temos um terror psicológico com toques de sci-fi. E a presença da bela e multi-talentosa Maxine...
Adentramos "O Clube dos Canibais" (2018) de Guto Parente...
O casal Otavio (Tavinho Teixeira) e Gilda (Ana Luiza Rios) vive uma opulência de escala paradisíaca em sua mansão à beira da praia e com empregados escolhidos a dedo...para serem literalmente devorados no exclusivo clube de empresários e políticos.
Tudo se complica quando Gilda descobre um segredo muito bem guardado sobre Borges (Pedro Domingues), um poderoso político de Fortaleza. Além disto, o novo funcionário da mansão (Zé Maria) parece bem mais esperto dos que seus desafortunados antecessores...
Um sátira gore e bem humorada à elite brasileira, o longa (81 min.) do cearense Guto Parente, estreou nos cinemas norte-americanos e teve distribuição internacional, além de participar ( e ganhar prêmios) em diversos festivais e mostras do gênero.
Terror, humor negro, sexo & crítica social e política...e efeitos especiais de Rodrigo Aragão...
Conhecemos a "Influência Final" (2018) de Ivo Costa...
Uma jovem (Larissa Lepore) não consegue superar a morte de seu namorado mesmo depois de seis meses. Seus amigos tentam ajudá-la contra a depressão, mas a influência maior é de Julio, o falecido, e outros fantasmas...
Curta (11:27 min.) assustador e melancólico. O mineiro Ivo Costa realizou outros curtas macabros como "Sexta-Feira da Paixão" (2014), e o ótimo "O Presente de Camila", parte da antologia "Contos da Morte" (2016)...
... longa-metragem episódico organizado/lançado por Vinícius Santos (diretor do curta caseiro "Cereal Killer" e do longa "Iandara"), que reunia os diretores Ulisses da Motta, Thiago Moyses, Rodrigo Brandão, Kayo Zimmermam, Julio Wong, Jeziel Bueno, Ivo Costa, Helvecio Parente, Calebe Lopes, Bruno Benetti e Ana Rosenrot...
Destaque também para o episódio "Snuff Said: Morte em Vídeo" de Julio Wong, com efeitos especiais de Igor Carcará, e que também teve vida própria, sendo lançado em DVD pela Editora Estronho.
...então, Vinícius reuniu os diretores, Ana Rosenrot, Cíntia Dutra, Danilo Morales, Diego Camelo, Janderson Rodrigues, Larissa Anzoategui e Lula Magalhães, para a segunda parte: “Contos da Morte 2” (2018)...
...uma antologia SOV, que mostra que os realizadores independentes continuam com força...
...alguns dos curtas da antologia
O incansável casal de criadores Larissa Anzoategui & Ramiro Giroldo (A Janela da Outra & Fatal, da antologia acima, somente neste ano...) também rodou o longa "Domina Nocturna", com a diretora estreando como atriz.
Segundo Ramiro Giroldo, o longa (73 mi.) é "uma antologia que dialoga Álvares de Azevedo e Lord Byron, criando uma atmosfera de horror e romantismo" O filme ainda sem uma edição final teve apenas uma exibição. Aguardamos para 2020 o seu lançamento oficial...
Descobrimos finalmente que "Morto Não Fala" (2018), de Dennison Ramalho...
...Stênio (Daniel de Oliveira), funcionário do IML da periferia de São Paulo tem o dom paranormal de conversar com os mortos, e ao longo do filme esse dom se revela uma maldição, ou talvez um castigo, porque o que temos aqui é um thriller de horror-gore e um drama familiar com um fundo moral.
As conversas de Stênio com os mortos são mostradas com naturalidade e sem sustos, para ele é um coisa normal em sua rotina. O que muda, são certas revelações, feitas por um de seus "amigos"...
A princípio um confidente dos mortos, Stênio acaba usando certos segredos para arquitetar a morte do padeiro Jaime (Marco Ricca), amante de Odete (Fabíula Nascimento), sua mulher.
A consequência deste ato fará dele e seus filhos pequenos, reféns de uma fúria sobrenatural...
Depois de passar por diversos festivais internacionais, e receber muitos elogios, o longa foi lançado nas telas brasileiras em 2019...
Tentamos desatar "O Nó do Diabo" (2018) de Ramon Porto Mota, Jhésus Tribuzi, Ian Abé & Gabriel Martins...
-"Há dois séculos, no período da escravidão, uma fazenda canavieira no interior da Paraíba, era palco de horrores e crueldades. Anos depois, o passado odioso permanece marcado nas paredes do local, mesmo que ninguém perceba. Eventos estranhos começam a se desenvolver e a morte torna-se evidente"...
Dividido em cinco capítulos, o filme começa em 2018, e vai retrocedendo em cada episódio, chegando até 1818, a origem de todo o mal.
São quatro diretores e sete roteiristas, unindo as histórias de repressão, racismo, violência & sobrenatural; assim como a figura de Seu Vieira, o dono da fazenda, interpretado pelo mesmo ator (Fernando Teixeira) ao longo desses 200 anos...
Ajudamos "Os Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro" (2018) de Fabrício Bittar...
- Investigadores sobrenaturais fajutos que sobrevivem postando vídeos fakes em seu canal à beira da falência no Youtube, tem a chance de ganhar uma grana quando são contratados para acalmar os alunos de um colégio, que acreditam que o estabelecimento está sendo assombrado pela entidade fantasmagórica/lenda urbana conhecida como Loira do Banheiro.
Só que dessa vez a assombração é real. E os Exterminadores do Além terão uma noite repleta de emoções sangrentas, gosmas, clichês, jump scares & piadinhas de gosto duvidoso...
Terrir com boa produção e efeitos especiais de maquiagem & gore de Kapel Furman & Marcelo A.M.P... Veículo para o insuportável Danilo Gentili, e com inúmeras participações especiais de personalidades da TV.
Com o título de "Ghost Killers vs. Bloody Mary", participou de diversos festivais internacionais do gênero, sendo premiado como "Melhor Longa metragem Ibero-americano" no Macabro FICH do México ! (!?) & "Melhor Filme Gore" no FrightFest...
Desvendamos "O Segredo de Davi" (2018) de Diego Freitas...
Davi (Nicolas Prattes) é um jovem e tímido estudante de cinema, que tem hobby filmar pessoas em segredo. Seu voyeurismo assume uma nova faceta, quando Davi acaba matando sua vizinha Maria (Neusa Maria Faro).
O fantasma da mulher passa a acompanha-lo como uma amiga & conselheira, e Davi se revela um serial-killer que tem prazer em filmar suas vítimas e colocar os vídeos na internet. O segredo de Davi é seu passado macabro e escondido (qual psicopata não tem um?)...
Thriller psicológico muito bem produzido e com boas atuações & violência explicita. O problema do filme é sua tentativa de copiar convenções hollywoodianas moderninhas...
Visitamos o "Cemitério das Moscas" (2018) de Janderson Geison, Jeziel Bueno & Danilo Morales...
Antologia independente SOV do interior de São Paulo, com 3 histórias: "Origami" (de Bueno), "Sharon" (de Morales) & "Vozes" (de Geison), sobre loucura, medo e morte...
Descobrimos que existem "Exorcistas Carinhosos" (2018) de Vinicius J. Santos...
Dois ex padres-exorcistas (Marcelo Rodrigues e Gustavo Peres ) são perseguidos por uma seita satânica, pois possuem um artefato capaz de derrotar Lúcifer (Elaine Thrash) e seus demônios.
Comédia de terror com referências óbvias a "O Exorcista" e "Evil Dead". O longa independente (90 min) foi gravado em Jacareí, interior de São Paulo, e no elenco também estão: a diva Monica (Mattos) Monteiro & a diretora e atriz Ana Rosenrot...
Lançado em festivais do gênero e também em um DVD independente, ganhou o prêmio de Melhor Longa na Mostra Espantomania 2019 ...
Fomos então convidados para "As Núpcias de Drácula" (2018) de Matheus Marchetti...
O Conde Drácula (Daniel Simioni) parte de seu castelo na Transilvânia, para a América do Sul, para seduzir e se alimentar, tanto de mulheres, quanto de homens...
Filme independente (65 min.) com uma versão experimental e LGBT da obra de Bram Stoker...
Participou de muitas mostras e festivais, nacionais e internacionais, tanto de Terror/Fantasia, quanto aos dirigidos á diversidade sexual...
"A Pedra da Serpente" (2018) de Fernando Sanches...
...mistura drama, thriller de suspense & ficção científica, na história da empresária paulista Joana (Claudia Campolina) que vai descansar nas praias de Peruíbe (Baixada Santista)...
...ela acaba transando com um estranho, causando uma morte, conhece uma mulher grávida (Gilda Nomacce, ótima como sempre!) perturbada pelo desaparecimento de seu companheiro, tem sonhos estranhos, e tudo parece ligado com a presença de extraterrestres...
Longa (75 min.) co-produzido pelo Fantaspoa Festival...
"A Manicure" (2018) de Marina Stuchi...
O dia-a-dia de uma manicure (Marina Zani), e seu prazer sádico de pequenas torturas, quando visita suas clientes (Nadia Val & Ilka Elorza)...
Curta de terror & humor paranaense, com co-produção da RZP Filmes e patrocínio da Editora Estronho... Efeitos especiais, produção executiva e edição de Joel Caetano...
Finalmente, acabamos sob " A Sombra do Pai" (2018) de Gabriela Amaral Almeida...
Órfã de mãe, a menina Dalva (Nina Medeiros, "As Boas Maneiras") vê o seu pai, o pedreiro Jorge (Júlio Machado), ser consumido pela depressão após perder a mulher, e depois eu melhor amigo ("meu pai está virando um zumbi", comenta a menina para uma amiga).
Cuidada pela tia (Luciana Paes), uma mulher simples e cheia de crendices. A menina é estranha, seu pai está estranho, mas quer "uma família normal".
Dalva durante as férias se vê sozinha em casa, e cria um mundo particular de fantasias: enterra bonecas, cuida dos restos da mãe exumada, e assiste filmes de terror. Ela acredita ter poderes sobrenaturais e ser capaz de trazer a mãe de volta à vida...
Em seu segundo longa, Gabriela Amaral Almeida continua no gênero, mas, opta por um caminho inverso de "O Animal Cordial". Não existe sangue nem sustos, tudo é muito discreto e subliminar. A sugestão aumenta a angústia...
Acabamos o ano angustiados e desesperados com os rumos de nosso país. Mas, a fantasia e o talento de nossos realizadores de terror, são nossa catarse...
CONTINUAMOS...
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O Terror Brasileiro em Cartaz- Especial- Tributo a José Mojica Marins & Zé do Caixão!
O Pioneiro do cinema de Terror no Brasil e um dos nomes mais respeitados do gênero no Exterior, o cineasta e ator José Mojica Marins, o "Zé do Caixão", morreu na tarde do dia 19 de fevereiro (quarta-feira), de 2020, em São Paulo. Aos 83 anos, ele estava internado (desde o dia 28 de janeiro) devido a uma broncopneumonia no Hospital Sancta Maggiore Paraíso.
Nascido em 13 de março de 1936, uma sexta-feira, na capital de São Paulo. Neto de um imigrante espanhol, que se mudou para o Brasil para ser toureiro em circos e festas populares em pequenas cidades do interior. Seu pai, depois de vários empregos, acabou sendo gerente de um cinema na Vila Anastácio, zona oeste de São Paulo: Arte popular & cinema, o jovem José já tinha isto nas veias!
Foi precisamente seu pai quem lhe deu, quando ele era muito jovem, uma câmera de 8mm, de aniversário. Na virada dos anos 40 para 50, José fez uma série de curtas com os garotos do bairro, tendo um galinheiro abandonado como estúdio, e trocou sua câmera por uma de 16mm.
Para conseguir verba, elenco e equipe, criou uma escola de interpretação, e os alunos além de pagar o curso, faziam vaquinhas para produzir os filmes. Seu sonho era realizar um longa metragem e viver só de cinema.
Depois de várias tentativas de realizar o drama "Sentença de Deus" que se mostrou extremamente desastroso, em 1958, com apenas 23 anos, fez sua estréia profissional com o longa "A Sina do Aventureiro" .
Um western bem brasileiro, filmado com recursos mínimos em uma fazenda no interior do interior paulista. José Mojica escreveu, dirigiu, fez cenografia, maquiagens, carregou equipamentos, compôs as músicas da trilha sonora e ainda fez um papel. Apesar da pobreza da produção, o filme foi o primeiro rodado no sistema Cinemascope no Brasil, rodando o circuito de cinemas do interior e depois permanecendo semanas em cartaz no Cine Coral em São Paulo.
Os críticos reclamaram do amadorismo da produção, mas elogiaram a iniciativa da produção independente. O "pobrema" veio com a igreja católica (influente na época, e capaz de "proibir" seus fiéis de verem obras contra seus preceitos) que criticou duramente a violência da "fita", e uma cena com o banho de cachoeira com duas figurantes nuas (sem nenhuma nudez explícita).
Mais tarde, seguindo conselhos do proprietário de alguns cinemas eróticos, "A Sina do Aventureiro" foi relançado com 10 minutos de cenas extras de strip-tease. Mojica faz outro papel, o de um velho vaqueiro tarado, que obriga mulheres a tirarem a roupa sob a mira de seu revólver.
Depois de editar e escrever a revista independente "A Voz do Cinema" (que encalhou nas bancas e só durou 4 edições), Mojica tentou agradar os padres, que criticaram seu primeiro longa, realizando "Meu Destino em Tuas Mãos" (1962).
Um dramalhão piegas e com um irritante cantor infantil (Franquito) famoso na época, e que foi um retumbante fracasso nas bilheterias.
Falido, com Rosita, sua esposa, grávida (e com um filho "secreto" com sua amante Maria), José ficou deprimido e pensou em suicídio, e neste estado, teve um pesadelo que mudaria sua vida: Um vulto o arrastava por um cemitério, e lhe mostrava uma lápide com as datas de seu nascimento e morte...
Foi sua inspiração para escrever uma história macabra, e convencer seus alunos, amigos e familiares de que sua salvação e sucesso viriam com um Filme de Terror!
Para complementar o orçamento muito minguado para a produção do filme (obtido com a venda de cotas de participação), Mojica vendeu todos os móveis de sua casa e até suas roupas. Totalmente rodado em um estúdio alugado, que serviu para abrigar os cenários criados pelo cenógrafo José Vedovato (incluindo um cemitério, uma floresta, um bar...), e também o elenco/equipe, que dormia no local, nasceu...
"À Meia-Noite Levarei Sua Alma" (1964), a primeira produção de terror feita no Brasil, e também uma obra claramente blasfema e provocadora, cheia de cenas de violência, sexo e sadismo, algo incomum naqueles anos.
O filme, hoje um Cult do horror mundial, apresentaria as bases do cinema de Mojica e serviria de estreia para sua criação máxima, o impagável Zé do Caixão- o coveiro amoral capaz das maiores atrocidades na busca pela companheira que geraria o filho perfeito...e assim a sua imortalidade através da continuidade de seu sangue...
"O personagem é cruel, impiedoso, machista e ateu. Zomba de fiéis cristãos em procissão de Sexta-Feira Santa. Questiona o poder divino. Desafia tradições. O sadismo do coveiro é tão profano que vira uma força de influência negativa, capaz de gerar pesadelos e enlouquecer."
(Rodolfo Stancki)
Dois dias antes de começarem as filmagens, o ator escolhido para viver o personagem desistiu, quando soube que teria que teria que atuar com aranhas caranguejeiras de verdade. Depois de seis horas de testes com candidatos ao papel, Mojica tomou uma decisão: ele mesmo seria o Zé do Caixão! E, mais...iria incrementar o visual do personagem e seria "Pior que o Diabo!".
Com unhas compridas e vestindo capa e cartola, o Zé do Caixão de José Mojica Marins praticamente entrou para a história do cinema brasileiro e mundial, transformando-se num ícone reconhecido em toda parte.
Autodidata, Mojica destila (sem saber) influências das histórias em quadrinhos de terror que leu, dos filmes de hollywood que assistiu, das crendices populares, das radionovelas e de sua próprias obsessões.
À Meia Noite é puro cinema de invenção, literalmente falando! Além da ousadia do tema , o filme une uma linguagem tradicional, com muito do cinema experimental. Além do cenógrafo Vedovato, Mojica contou com a experiência e criatividade do veterano diretor de fotografia Giorgio Attili, dos efeitos especiais de Indrikis Kruskopis (criador dos "olhos diabólicos" do Zé, da procissão dos mortos em negativo, e do "fantasma que brilha"!)...
... da "brava gente brasileira" (seus alunos & seguidores), da dublagem de Laércio Laurelli como a "voz oficial de Zé do Caixão"& do "jeitinho brasileiro" de improvisar..."CRÁSSICO!"
O filme foi um sucesso de bilheteria, mas, o sonhador José não ganhou nada...no limite do endividamento e e não sabendo se conseguiria exibir sua obra, ele vendeu os direitos de distribuição!
Apesar disto, Zé do Caixão/Mojica começou a ficar famoso, e sua escola aumentou e foi transferida para o prédio de uma antiga sinagoga com fama de...assombrada!
Sua vida pessoal estava mais bagunçada ainda, além da esposa e da amante (e filhos), ele se apaixonou por uma jovem de 18 anos, cantora e trabalhava na TV: Diomira Feo, depois conhecida como Nilcemar Leyart, a Nilce, que seria sua parceira na vida artística e privada por muitos e muitos anos.
O produtor Augusto Pereira, que havia recusado investir no primeiro filme de Zé do Caixão, agora desembolsa um orçamento 3 vezes maior, condições mais dignas de trabalho, e um contrato para sua continuação...
"Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver" (1967), começa aonde termina o primeiro filme. Sobrevivendo ao ataque dos fantasmas de sua vítimas, Zé continua sua busca insana, agora ajudado por seu criado, o corcunda-deformado Bruno (Jose Lobo)...
...para sequestrar e torturar seis belas mulheres, esperando que uma delas seja "a mulher superiora", capaz de gerar um filho seu.
A figura de Bruno mostra as influências do terror clássico estilo Universal Filmes anos 30/40, na obra de Mojica. O assistente corcunda era uma presença constante nos filmes da série "Frankenstein"; assim como a figura da velha bruxa-cigana (Eucaris Moraes) que aparece no primeiro filme, nos remete a Maleva de Maria Ouspenskaya da série "Lobisomem", e outras...
Voltando ao filme, Esta Noite é mais direto e violento do que À Meia Noite. E bem melhor produzido- rodado na escola-estúdio-sinagoga, com a mesma equipe técnica básica, mas, com atores profissionais (e não só os seus alunos e amigos).
Um adendo importante na equipe foi a contratação do maquiador Antonio Fracari, que acabou sendo produtor-associado do filme e resolvendo várias coisa complicadas que Mojica não tinha tempo, e Augusto Pereira não tinha vontade de resolver....
Apesar do orçamento melhor, as filmagens ficaram longe de serem tranquilas e serenas. "Pobremas" com membros da equipe, atriz complicada se achando estrela, o "elenco" de muitas dezenas de aranhas caranguejeiras e muito mais...
O ponto alto deste obra é a sequência do pesadelo de Zé do Caixão, aonde ele se vê arrastado para as profundezas do inferno. Inferno gelado! Um purgatório alucinógeno, com condenados sendo torturados e violentados. "O inferno em cores" anunciava o cartaz do filme. Sim! O filme é em P&B, mas, com 14 minutos de loucuras/torturas/delírios coloridos!
Zé comete tantos crimes que acaba sendo perseguido pelo povo revoltado da cidadezinha (outra influência dos filmes de terror da Universal) & acaba levando vários tiros e afundando no pântano aonde jogava os cadáveres de suas vítimas. "Eu não creio! Não creio!" grita antes de se afogar em barro e restos de corpos. A censura não gostou nem um pouco de suas ousadias, e exigiu uma mudança no final. Assim, redublado, Zé do Caixão passou a dizer o texto imposto pelos censores: "Deus… Sim… Deus é a verdade! Eu creio em tua força. Salvai-me! A cruz, cruz, padre…!
O filme foi atacado pela censura, pela igreja e por um movimento que acusava "Zé do Caixão é Nazista!"
Enquanto terminava de filmar "Esta Noite...", na sinagoga do bairro do Brás, "À Meia Noite..." estreava finalmente em circuito nacional, e gerava reações diversas. Uma sessão no cinema Roxy, em Copacabana (RJ) foi tumultuada com um maluco que gritava: "Gênio! Puta que o pariu! Porra, este cara é um gênio!!" O "maluco" era o baiano Glauber Rocha...
Entre os muitos fãs célebres que Mojica arregimentou, estava o escritor Rubens Francisco Lucchetti, nosso maior expoente da literatura "pulp" policial e de terror. Os dois gênios foram apresentados, e começaram uma parceria que duraria décadas!
"Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver" estreou com sua versão alterada pela censura, gerou ódio, paixão, e grandes bilheterias. Mojica estava no auge, e entregou outro clássico do cinema brasileiro. Mas, praticamente acabou sem receber um centavo!!! Mais endividado do que nunca, vendeu novamente sua parte...
José Mojica Marins & Zé do Caixão nunca mais se separariam. Na cultura popular são os mesmos. Na vida real, muito diferentes, mas, inseparáveis.
Em 1967, Mojica foi contratado para apresentar e dirigir "Além Muito Além do Além", uma série de historias de terror e assombração "reais" (roteiros de R.F.Lucchetti), nas noites da recém inaugurada TV Bandeirantes.
Histórias bem populares interpretadas por Mojica e seus alunos, bastante criticadas na época, mas com grande público (conseguindo o primeiro lugar em audiência diversas vezes).
Em 1968, Mojica foi para a TV Tupi sem avisar ninguém, deixando a Bandeirantes “na mão”.
Havia inclusive um projeto de uma novela que estava sendo escrita por Rubens Lucchetti, "O Homem Que Apareceu", com Mojica. A sinopse e vários elementos dessa novela foram reaproveitados no filme "Finis Hominis", lançado em 1971.
Na Tupi, Mojica estreou o programa "O Estranho Mundo de Zé do Caixão" (1968), com qualidade superior, atores consagrados (como Lima Duarte e Irene Ravache) e direção de Antônio Abujamra. Foi curiosa a mistura do trash de Mojica com a sofisticação do diretor Antônio Abujamra, que bolou uma espécie de teleteatro em que Zé do Caixão entrava no cenário durante a história e fazia intervenções.
Ao contrário do tom realista usado na TV Bandeirantes, na Tupi o programa tinha um tom mais onírico e surreal. A iluminação destacava os personagens e criava o clima desejado; os cenários eram muitas vezes estilizados, como no teatro.
O programa chegou a fazer sucesso no início, mas a audiência foi começando a cair. Os telespectadores que curtiam as histórias realistas da TV Bandeirantes reprovaram a sofisticação de Abujamra.
No cinema...bem, no cinema, o personagem continuou aparecendo em filmes do diretor/criador como "O Estranho Mundo de Zé do Caixão" (1968, na figura do personagem professor Oaxiac Odez)), "O Despertar da Besta" (1970), "Exorcismo Negro" (1974), "Delírios de um Anormal" (1978), como coadjuvante, ou narrador. Tentou fugir do personagem, criando o místico Finnis Hominis, presente no filme homônimo (de 1971) e depois em "Quando os Deuses Adormecem"(1972), sem sucesso...
A sina do aventureiro José Mojica Marins prossegue. Presente em todas as mídias, ilustrando marca de perfumes, cachaça, quadrinhos, campanhas publicitárias diversas, concorrendo a um cargo político, aparecendo na TV!
O ser humano ZÉ, batalhou sempre para sobreviver, como qualquer brasileiro pobre.
Em 1974 foi convidado para participar do IV Festival de Cinema Fantástico de Paris (França), aonde foi homenageado, e se encontrou com lendário Christopher "Drácula" Lee...
...e ganhou a prêmio L'Écran Fantastique, pelo conjunto de sua obra, e o prêmio Tiers Monde da imprensa internacional.
Por aqui, ele continuava quebrado e sempre batalhando. Mojica acabou se enveredando pelas pornochanchadas ("A Virgem e o Machão", de 1974, "Como Consolar Viúvas", de 1976, e outros) e pelo pornô explícito ("A Quinta Dimensão do Sexo", de 1984, "24 Horas de Sexo Explícito", 1985, "48 Horas de Sexo Alucinante" de 1987 ; aonde também ousou e revolucionou!!), contabilizando mais de 50 longas-metragens.
Depois de aproveitar o fenômeno "O Exorcista" para divulgar seu "Exorcismo Negro" (1974), Mojica tirou proveito de cenas de seus filmes anteriores (principalmente do censurado "o Despertar da Besta") e lançou "Delírios de um Anormal"(1978)...
Nos anos 80, seu trabalho foi relançado em VHS, e a distribuidora americana Something Weird o renomeou como Coffin Joe.
Em 1981, Mojica levou ao ar outra série própria, "Um Show do Outro Mundo", dessa vez na TV Record.
Em 1985 conheci pessoalmente José/Zé na primeira convenção de terror do Brasil, a "Horrorcon"...
...e graças a uma pasta de recortes e materiais sobre seus filmes (que tenho até hoje, autografada e atualizada) fui convido a conhecer seu "estúdio" em uma manhã de segunda feira. O cafezinho, acabou se estendendo até um almoço, com muita conversa e troca de materiais, selando a amizade de um fã, com alguém que apesar de seu ego...nunca agia como um ídolo. Nos reencontramos várias vezes mais tarde, em outras convenções, pude entrevista-lo para meus fanzines, e tive a honra de leva-lo e hospeda-lo em Porto Alegre nos...
... meados dos anos 1990, quando foi (re) descoberto por fãs do cinema de terror nos EUA e Europa e passou a ser convidado para festivais internacionais do gênero...
(na convenção Chiller Theatre em 1994, com o escritor/crítico/editor Tim Lucas, e a musa Barbara Steele)
.... e virou referência na cultura pop, especialmente entre músicos de rock pesado, como White Zombie, os brasileiros do Sepultura, The Cramps e até os Ramones - que lhe presentearam com uma jaqueta de couro autografada pelos quatro integrantes!
Mojica (e Zé) foram descobertos por uma nova geração ao apresentar o programa "Cine Trash" (ex-Cine Sinistro) nas tardes da TV Bandeirantes. A "Praga do Dia" virou moda...e piada...
Em 1998, André Barcinski & Ivan Finotti lançaram o livro "Maldito- a vida e a obra de José Mojica Marins, o Zé do Caixão", uma grande e completa pesquisa, e obra fundamental sobre criador & criatura.
A saga de Zé do Caixão finalmente foi retomada em "Encarnação do Demônio", de 2008...
... com um Zé do Caixão já de barbas grisalhas, depois de 40 anos na prisão- e seu criador há 30 anos em dirigir um longa metragem...
...ele continua sua busca, auxiliado por Bruno (agora vivido pelo ótimo Rui Rezende), e novos seguidores. Continua também assombrado pelos fantasmas de suas vítimas, e tem que enfrentar policiais e um padre maluco. Co-roteiro de Dennison Ramalho, ótima produção, elenco, figurinos e efeitos especiais. Não é o "filho perfeito", mas é um bom fecho para a saga.
O filme foi apresentado nos prestigiado Festival de Veneza, em uma sessão -claro!- à meia noite.
Entre 2008 e 2013, Mojica apresentou o talk-show "O Estranho Mundo de Zé do Caixão" no Canal Brasil, entrevistando convidados como: Zé Ramalho, Mãe Dinah, João Gordo, Orlando Drummond, Supla, Ângela Rô-Rô, Carlos Eduardo Miranda, Ney Matogrosso, INRI Cristo, Marcelo Nova, Serguei, Dicró, Agildo Ribeiro, Rogério Skylab...e muitos outros...
No Carnaval Carioca de 2011, foi homenageado e participou do desfile da Escola Unidos da Tijuca, que foi Vice-Campeã..
Desde 2014, quando sofreu um enfarte, teve problemas de saúde crescentes. Com o rim comprometido, passou a fazer diálise três vezes por semana, depois duas.
O último filme que dirigiu foi o segmento "O Saci" (onde também atuou), da antologia "As Fábulas Negras" (2015) coordenada e produzida por Rodrigo Aragão.
Em 2015, o canal por assinatura Space fez uma minissérie biográfica sobre Mojica intitulada "Zé do Caixão", dirigida por Vitor Mafra, e com o cineasta interpretado maravilhosamente por Matheus Nachtergaele.
Inspirada no livro "Maldito", foi criticada por
sintetizar fatos e mesclar personagens reais. O personagem Chicão (que aparece em vários episódios) parece ser uma mistura de vários amigos cineastas intelectuais do Mojica, como Luís Sérgio Person e Ozualdo Candeias. A secretária que ele tem um caso é uma mistura de algumas mulheres que passaram na sua vida ou trabalharam com ele. A maior crítica foi a ausência de Rubens Lucchetti na história, dada a sua importância na carreira de Mojica no cinema, TV & quadrinhos.
Em 2016, Mojica foi homenageado pelo Festival de Cinema de Gramado com o troféu Eduardo Abelin, pelo conjunto de sua obra. Por ordens médicas, foi impedido de viajar à Serra gaúcha. Sua filha Liz Marins (a "Liz Vamp") recebeu a honraria em seu nome.
Bastante doente, Mojica teve que se afastar da vida pública, reaparecendo brevemente em 2019, muito debilitado.
O cateter fixo implantado em Mojica para os procedimentos de diálise era constante fonte de infecções, como a que ocorreu no mês passado. Internado desde o começo da ano, Mojica apresentou melhoras, mas, surgiu uma broncopneumonia. O gênio lutador não resistiu mais e descansou...
”O que é a vida?
É o princípio da morte.
O que é a morte?
É o fim da vida.”
Arte de Cayman Moreira
Arte de Marcos Miller
Arte de Ron Selistre
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O Terror Brasileiro em Cartaz 13 !!!
2019:
Assume o (des) governo Jair Bolsonaro.
Rompe a barragem de rejeitos de minério de Brumadinho:186 mortos, 122 desaparecidos.
Massacre na em uma escola de Suzano (SP)
Incêndios.
Enchentes.
Vazamento de óleo contamina praias do Nordeste.
Morreram- Marcelo Yuka, Ricardo Boechat, Lady Francisco, Lúcio Mauro, Serguei, André Matos, Ruth de Souza, Fernanda Young, Paulo Henrique Amorim, Rubens Ewald Filho, Zilda 'Catifunda' Cardoso...
Governo ataca a cultura e dificulta financiamentos de filmes.
Um dos piores anos da história recente do Brasil, mas nas telas...
Visitamos "Recife Assombrado- O Filme" (2019) de Adriano Portela...
20 anos depois de sair do Recife, Hermano (Daniel Rocha) precisa encarar os seus traumas do passado e retornar à cidade após o desaparecimento do seu irmão caçula Vinicius (Pedro Malta). Em sua busca , ele tem que enfrentar antigos e dolorosos problemas familiares, e acaba descobrindo uma cidade que fica assustadora após o anoitecer...
Drama e thriller sobrenatural, que leva para as telas algumas das lendas da capital pernambucana, como a "perna cabeluda", o "papa-figo" e a "Galega de Santo Amaro". Além delas, lugares assombrados da cidade também ganham espaço no filme, como A Praça Chora Menino, na Boa Vista, e a Cruz do Patrão, no Bairro do Recife...
Longa metragem com cenas também filmadas no agreste pernambucano (Caruaru e Bezerros), e lançado nos cinemas...
Estivemos na pequena e desaparecida "Bacurau" (2019) de Kleber Mendonça Filho & Juliano Dornelles...
Os moradores de um pequeno povoado no sertão pernambucano descobrem que misteriosamente, sua comunidade desapareceu dos mapas.
Drones passeiam pelos céus, e Bacurau passa a ser uma zona de caça para turistas assassinos, liderados pelo sádico Michael (Udo Kier)...
...o povo pobre, sofrido, mas unido, cansado de ser vítima, vira a mesa contra os vilões, unindo-se por todos os meios necessários para proteger e manter sua comunidade remota, provocando um confronto feroz...
Drama, ação, fantasia, ficção, suspense, gore. "Bacurau" (Prêmio do Júri no Festival de Cannes) é uma alegoria social e política flertando com o cinema B. Não é terror, mas também é...
...assim como "A Noite Amarela" (2019) de Ramon Porto Mota...
Adolescentes que estão concluindo o ensino médio, fazem uma uma viagem a uma ilha deserta para a casa da avó de uma das meninas do grupo.
A Ilha parece estranha, e quando uma menina desaparece, os amigos vão viver momentos bizarros. Um vídeo serve como providencial explicação para o que está por trás dos acontecimentos...
O jovem diretor paraibano Porto Mota (um dos diretores de "O Nó do Diabo" de 2018) define seu filme como um ‘slasher espiritual’, por ser um slasher em que o 'espírito'é que está em jogo...
Longa independente (premiado internacionalmente) e também metafórico, sobre o medo do futuro e do desaparecimento/esquecimento, mas com um final aberto...veja e decida!
Sentimos o "Mormaço" (2019) de Marina Meliande...
Ana (Marina Provenzzano), é uma advogada que defende os moradores da Vila Autódromo, região do Rio de Janeiro muito prejudicada pela especulação imobiliária antes das olimpíadas de 2016. Em paralelo a isso, Ana ainda precisa lidar com a desocupação do prédio onde mora. Ao longo da narrativa, ela desenvolve uma doença de pele sem precedentes e seu dermatologista não consegue identificar o que é...
Ana não consegue deter a doença que corroí o seu corpo, nem a ganância alheia que destrói a cidade...
Um "Body Horror" político da editora/diretora carioca, filmado em 2017, que participou de festivais em 2018, e estreou em 2019 nos cinemas...
"Cemitério das Moscas II: Os 7 Pecados Capitais" (2019) de: Janderson Rodrigues, Cleiner Micceno, Lula Magalhães, Larissa Anzoategui, Danilo Morales, Marcella Arnulf & Jeziel Bueno...
Antologia com sete diretores mostrando o horror nos tais sete pecados capitais...
O longa ( 119 min. ) foi exibido no Festival POE de Cinema Fantástico (SP), IV Mostra de Cinema CINE HORROR (Bahia), Rio Fantastik Festival (RJ), III Mostra de Terror de Sorocaba (SP)...
O episódio "Mais uma Dança" (11: 44min.) de Larissa Anzoategui, retoma o "puteiro assombrado" Red Hookers (do curta homônimo de 2013 ): Um policial "casca grossa" investiga a estranha morte do filho de um político que frequentou o local.
Seus métodos violentos despertam a verdadeira natureza das meninas da casa (entre ela, Larissa Maxine!)...
"290 Venenos" (2019), de Petter Baiestorf. Com André Gorium, Wender Santos, Hamilton Martins e Roberta Mourão.
Em 2019 o governo brasileiro liberou 290 novos agrotóxicos em seu mercado interno. 18 deles são extremamente tóxicos...e estão em nossa comida...
Curta (10 min.) denuncia-gore-cômico, com efeitos especiais de Alexandre Brunoro.
"Dog Skin" (2019), de Tiago Teixeira.
Um homem é atormentado pela visão de um cachorro que se transforma em uma mulher durante a noite. Curta (13 min.) de terror & sexo, baseado em uma fábula do folclore indiano. Participou de diversos festivais nacionais e internacionais, sendo premiado no Rio Fantastik Festival 2019, como Melhor Direção de Curta Metragem.
"O Espiral de Contos de Deolindo Flores" (2019), de Rodrigo Araujo e Thiago L. Soares.
Deolindo (Chico Caprário) é um boêmio contador de histórias aterrorizantes, que ele afirma, são reais. Nas noites míticas de Florianópolis (SC) desfilam casos de bruxas, fantasmas e possessões...
Uma antologia (83 min.) de terror dividida em três histórias narradas pelo personagem título.
"ONI" (2019), de Diogo Hayashi.
Tentando descobrir o mistério que fez uma fazenda ficar infértil, o botânico Ichiro (Cauê Ito) acaba chamando a atenção de espíritos que esperavam pacientemente na escuridão...
Curta (18 minutos) paulista, rodado em 2017, e que participou de festivais internacionais e teve sua estreia oficial no Fantaspoa XV.
"Disforia" (2019) de Lucas Cassales...
Dario (Rafael Sieg) é um psicólogo infantil que volta à atender, após um sério trauma envolvendo sua esposa doente. Sua primeira paciente é Sofia (Isabella Lima), uma enigmática menina de 9 anos, que provoca sensações de angústia e desorientação nas pessoas que a cercam...
...neste processo, segredos e fantasmas virão à tona...
Longa metragem (90 min. ) gaúcho (filmado em Porto Alegre). Suspense psicológico com um toque de sobrenatural. Troféu "Cramulhão" de Melhor Direção de Longa metragem no Rio Fantastik Festival...
"Who's That Man Inside My House?" (2019) de Lucas Reis.
O jovem Nicolas (João Pedro Prates) enxerga um homem sinistro (Cristian Verardi) que aparece todas as noites em sua casa. Uma entidade? Um fantasma? Fazer, ou não fazer o quê?
Curta (10 minutos) gaúcho (de Sapucaia do Sul), com prêmios no Festival de Gramado e no Festival Cinefantasy (melhor curta de horror) .
"Cabrito" (2019), de Luciano de Azevedo.
"E comerás o fruto do teu ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o Senho, teu Deus, no cerco e no aperto com que os teus inimigos te apertarão" (Deuteronômio 28:53)...
Um homem muito perturbado por influência de sua mãe, uma louca-fanática religiosa, se transforma em um assassino animal...
...e o mineiro Luciano Azevedo transforma seu premiado curta de 2015 em um longa metragem (80 min.), de puro Slasher nacional!
Tudo um projeto independente e bem pensado por Luciano. Em 2017 ele realizou "Rosalita", um curta sequência, que conta os acontecimentos seis meses depois de "Cabrito"...
"Pop Ritual" (2019) de Mozart Freire...
Um padre (Alcântara Costa) aprisiona um vampiro (Kahlo de Oliveira). Seus experimentos & rituais com a criatura sobrenatural acabam se transformando em uma relação erótica...
Curta (20 min.) premiado do cineasta cearense, que estreou com a ficção científica cyberpunk "Janaina Overdrive" em
2016.
Descobrimos que existe uma "Noite Escura da Alma" (2019) de Breno Castelo...
Augusto (o diretor/roteirista Breno Castelo), um empresário de classe média alta, muito religioso e pai de família dentro dos moldes tradicionais, depois de ter uma visão profética e demoníaca, vê sua vida e a de seus familiares entrar em uma espiral de terror. Sobrenatural ou paranoia religiosa?
Longa metragem (96 min.) independente amazonense recheado de clichês, e lançado diretamente no youtube...
Ficamos "Sem Seu Sangue" (2019) de Alice Furtado...
Silvia (Luiza Kosovski) é uma jovem introvertida e desinteressada pelo mundo à sua volta até que Artur (Juan Paiva) começa a estudar na mesma escola. Silvia descobre o amor e o sexo, mas Artur apesar de ser um jovem feliz, sofre de hemofilia, e está bastante doente. A morte de Artur afunda Silvia em um transe físico e mental, e uma obsessão de tentar ressuscitá-lo...
Longa (104 min.) de estreia da diretora, que incorpora elementos do cinema de terror no drama romântico.
Com o título de "Sick,Sick, Sick" foi exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes.
Relembramos um fato "Macabro" (2019) de Marcos Prado...
Anos 90: Teo (Renato Góes) é um policial encarregado de investigar e procurar os notórios "Irmãos Necrófilos", acusados de cometerem brutais assassinatos na região serrana de Nova Friburgo (RJ). Ele se envolve com o caso, enquanto esconde um crime do seu passado...
Longa (100 min.) produzido pela Globo Filmes. Policial, suspense e terror baseado na história real dos jovens irmãos pobres que matavam (principalmente) mulheres, para depois fazerem sexo com os cadáveres.
Muito bem produzido, mas, totalmente calcado nos clichês americanos do gênero. Uma história de horror real brasileira, sem nenhuma brasilidade...
Quase perdemos "O Juízo" (2019) de Andrucha Waddington...
Guto (Felipe Camargo) foge da vida urbana para se livrar do alcoolismo. Ele se muda para um casarão em uma fazenda isolada,herdada de seu avô, junto com sua esposa (Carol Castro) e seu filho (Joaquim Torres Waddington, filho do diretor e da roteirista, a atriz Fernanda Torres).
Enquanto tentam transformar a velha casa em um lar, passam a ser assombrados pelos fantasmas de Couraça ( o cantor/rapper Criolo) e sua filha Ana (Kênia Bárbara), escravos assassinados ali por um antepassado de Guto duzentos anos atrás.
Augusto/Guto, assim como um Jack Torrence nacional, vai enlouquecendo com o isolamento e as assombrações e ameça sua família...
Outro longa da Globo Filmes, com produção impecável, atores famosos em pontas (Fernanda Montenegro, Lima Duarte)...
... e o mesmo problema de "Macabro" : temática sobrenatural brasileira feita para gringo ver. Além disto, sendo um filme de suspense/terror, "O Juízo" não tem nenhum sustos, e como drama, é um filme frio...
Vivemos em uma "Cova Humana" (2019) de Joel Caetano...
...a depressão causada pelo luto sempre acaba voltando, de uma forma ou outra...o horror pode ser a dor enterrada...
Curta (11 min.) de Joel Caetano & Mariana Zani: Econômicos, criativos, elogiados & premiados como sempre!
Terminamos o ano vivendo em um Brasil distópico. O terror real do nosso dia-a-dia, a política surreal e opressiva, nosso povo batalhador, alegre, criativo, agindo como mortos-vivos Sem Fome de Cérebros! O cinema de gênero nunca foi tão prolífico. Sobrevivemos...
CONTINUAREMOS...
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