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Harryhausen & Bradbury : Os Titãs da Fantasia.

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Los Angeles, California, USA, ano 1920. Em 29 de Junho, nascia Raymond Frederick Harryhausen, filho de Martha (nascida Reske) & Frederick W. Harryhausen, casal de origem alemã. 

Waukegan, Illinois, USA, 1920. Em 22 de Agosto nascia Ray Douglas Bradbury, filho de Esther (nascida Moberg), uma imigrante sueca, e Leonard Spauding Bradbury, um trabalhador humilde de origem britânica.  



Em 1934, a família Bradbury chegou em Los Angeles tentando uma vida melhor. O jovem Ray estudava, escrevia contos e gostava de patinação. 

Em 1937, durante um encontro de fãs de ficção científica, Ray Bradbury conheceu Ray Harryhausen, um garoto de sua idade e que fazia uns desenhos muito bons de monstros e queria fazer filmes com eles. Ray passou a frequentar a casa de Ray, principalmente a garagem, aonde Harryhausen fabricava pequenos dinossauros, e fazia máscaras horripilantes. 



"Ele fez um modelo de meu rosto, e com látex líquido criou uma máscara de um monstro verde, com a qual eu assustei vários amigos no Halloween. Então fomos juntos em uma sessão da meia noite com uma reprise de "The Cat and the Canary" com Bob Hope, e no meio do filme eu coloquei a máscara e fiz muitas pessoas que estavam sentadas, pularem de suas cadeiras."  ( * Bradbury na introdução do livro "Film Fantasy Scrapbook" de Harryhausen). 


Na mesma convenção de ficção científica, Ray & Ray conheceram também Forrest J. Ackerman, um pouco mais velho que eles, mas um grande fã e conhecedor do gênero e dos filmes de terror & fantasia. Os 3 foram amigos por toda a vida.


"Nós nos falávamos todas as noites por telefone, para compartilhar nossos sonhos, ele queria fazer seus filmes em stop-motion, eu queria escrever para Orson Welles" (*)

O garoto Harryhausen assistiu diversas vezes no cinema o clássico "King Kong" de 1933, e fascinado com os monstros, descobriu e passou a trabalhar de forma amadora com a técnica de animação 'Stop Motion'. Depois, ele conseguiu mostrar seus esforços para Willis O'Brien (1886-1962), o gênio por detrás dos efeitos do filme, e foi aconselhado por ele a aprimorar seu trabalho de escultura, o que ele fez com aulas noturnas (ele ainda cursava a high school) de artes gráficas, fotografia e direção de arte. Seu primeiro trabalho profissional foi "Sky Princess" (1942), curta infantil da série "Puppentoons" de George Pal (1908-1980). 


(originalmente chama de 'Pal Doll', a série criada pelo húngaro -depois naturalizado americano- George Pal, usava a sua técnica de animação de substituição: uma série de bonecos de madeira entalhados à mão diferentes (ou apenas as cabeças ou membros dos bonecos) era usado para cada quadro em que o boneco se movia ou mudava de expressão, em vez de mover um único boneco, como é o caso com a maioria das animações de bonecos em stop motion.) 

Entre 1942 e 1945, Harryhausen trabalhou para o exército americano sob comando do coronel e cineasta Frank Capra, em uma série de filmes instrutivos sobre a Segunda Grande Guerra, então em curso. Ele assinou a direção de "Guadalcanal" (1943), um curta (10min.) sobre a famosa batalha. Em 1946 ele produziu e realizou "Mother Goose Stories", um curta em stop-motion ao estilo 'Puppentoon'.

Enquanto isso, seu amigo Bradbury (que fora dispensado do serviço militar por causa de sua péssima visão) escrevia contos de ficção científica e fantasia para revistas 'pulp', e contribuía para publicações sobre cinema. Seu primeiro trabalho publicado foi na revista independente "Imagination!" do parceiro Forry Ackerman ( depois editor da revista "Famous Monsters of Filmland", e um dos maiores conhecedores e colecionadores do gênero). Em 1947 ele lançou seu primeiro livro de contos, chamado "Dark Carnival" (publicado pela editora Arkham House, de August Darleth, escritor e também o primeiro editor de H.P. Lovecraft!), e também se casou com Marguerite McClure, e Harryhausen foi um dos padrinhos e o orador na cerimônia.

No mesmo ano, Harryhausen foi contratado como animador assistente de Willis O'Brien para os complicados efeitos de "Mighty Joe Young" (Monstro de um Mundo Perdido, 1949) de Ernest B. Schoedsack...




Produzido pela mesma equipe de criação de "King Kong", e tentando reproduzir seu sucesso estrondoso , novamente centrando a história em um gorila gigante (agora o dócil Joe) que é trazido para a civilização...



Com efeitos especiais mais elaborados e ousados, Willis O'Brien tinha muitos problemas técnicos para resolver, assim ele acabou delegando grande parte da animação para seu jovem pupilo Ray Harryhausen...





"Mighty Joe Young" falhou nas bilheterias, mas recebeu o Oscar de Efeitos Especiais (categoria que não existia na época de King Kong), e com o tempo adquiriu o status cult, e o reconhecimento de ser um grande filme de ação e fantasia...


Bradbury continua suas lembranças:

"Em algum lugar ao longo dos anos, nós realizamos os nossos sonhos. Ele trabalhou com Mr. O'Brien em "Mighty Joe Young", e seguiu por este caminho cada vez mais para o alto."

 Harryhausen realizou também uma série de curtas em stop-motion baseados em em contos de fadas (utilizando vários rolos de filme 16mm que sobraram de seu trabalho no exército), como  "A História de Chapeuzinho Vermelho" (1950), "A História de Rapunzel" (1952), "A História do Rei Midas" (1953) que foram exibidos na TV.

Entre 1950 e 1954, 31 histórias de Ray Bradbury foram adaptadas para os quadrinhos da EC Comics por Al Feldstein, principalmente na revista "Weird Science", sem sua autorização e claro, sem ele receber. Mais tarde ele recebeu seus direitos e as história foram reimpressas, inclusive em forma de livros.



Depois de dois livros de contos bastante conhecidos "As Crônicas Marcianas (1950), e "O Homem Ilustrado" (1951), Ray Bradbury publicou  em 1953, "Fahrenheit 451", um de seus romances mais prestigiados e influentes.  Então um conto seu de 1951 foi comprado e adaptado para o cinema em um longa chamado "The Beast From 20.000 Fathoms" (O Monstro do Mar, 1953) de Eugène Lourié




No filme, um teste com uma bomba atômica no Ártico, acorda um dinossauro (um fictício 'Rhedosaurus'), que acaba causando mortes e destruição ao atacar a cidade de New York...



Do conto original foi utilizada a ideia de um monstro atraído pelo som da sirene de um farol, e destruindo-o. 



O filme é uma produção 'B', mas conta com os efeitos de animação de Harryhausen, em seu primeiro trabalho solo. Na verdade o filme já estava em desenvolvimento (com o título de "Monster from the Sea") quando Ray 'B.' visitou Ray 'H.' nos estúdios da produtora. Como Bradbury já era um escritor conhecido, lhe mostraram o roteiro e ele notou a semelhança de uma cena (a do farol) com o seu conto publicado na revista "The Saturday Evening Post" . No dia seguinte ele recebeu um telegrama com a proposta & o filme foi promovido com seu nome em destaque. "O Monstro do Mar" foi um dos primeiros filmes do gênero 'Monstros Atômicos', que dominou o cinema de sci-fi nos anos 50 ( e um grande sucesso), e com certeza uma das inspirações para a criação de um certo monstro japonês chamado...Godzilla!


A produtora Universal Pictures queria fazer seu primeiro filme em 3D, e encomendou para Ray Bradbury um roteiro de ficção científica com alienígenas. O escritor entregou 4 (!!) esboços de histórias, que combinados geraram "It Came From Outer Space" (Veio do Espaço, 1953) de Jack Arnold...



Um astrônomo amador (Richard Carlson) descobre que um meteorito que caiu perto de uma cidadezinha do Arizona é na verdade uma nave alienígena. Ninguém acredita nele, até que alguns habitantes locais desaparecem e depois voltam agindo estranhamente...



Ele faz contato com os aliens e descobre que eles estão 'encalhados' na Terra, e só querem voltar para seu planeta...


Os alienígenas são monstruosos, mas não são invasores, nem belicosos. Essa foi a grande sacada da história de Bradbury (que contou em uma entrevista: 'Eu queria tratar os alienígenas como seres que não eram perigosos, e isso era muito incomum.' Ele havia escrito esboços com os tradicionais invasores e outros com os seres benignos. 'O estúdio escolheu o conceito certo.'), que sempre foi um escritor humanista e sensível. 

No mesmo ano Bradbury foi chamado pelo diretor John Huston para trabalhar no roteiro de sua adaptação do clássico "Moby Dick" (o filme só ficaria pronto em 1956...). 

"Eu realizei meu sonho de escrever para Orson Welles duas vezes: Quando escrevi o roteiro de "Moby Dick" (nota; Welles é o pregador/ex-caçador de baleias Padre Mapple), e a narração para o " O Rei dos Reis" de Nicholas Ray (nota: filme épico/bíblico narrado por Orson Welles). Mas, acima de tudo, eu me lembro dos dias passados na garagem de Ray (Harryhausen), pegando seus pequenos monstros em minhas mãos. E nas noites em que ele vinha em minha casa, e trazia seus fantoches e marionetes, e fazia minha família se deliciar e dançar! Ele era o 'Tio Ray' em minha casa..." (*)



Harryhausen conheceu então o produtor Charles H. Schneer, que trabalhava com filmes classe 'C' da Columbia Pictures. Começaram sua longa parceria com "It Came From Beneath the Sea" (O Monstro do Mar Revolto, 1955) de Robert Gordon...


Uma série de desaparecimentos de barcos e navios pesqueiros no Oceano Pacífico são causados por um polvo gigante (acordado é claro pelos testes atômicos), e a criatura acaba se dirigindo e atacando a cidade de San Francisco...





O roteiro foi todo criado em cima das possibilidades dos efeitos de animação de Harryhausen, mas, com as restrições do orçamento ( o produtor executivo era Sam Katzman,  ele precisou construir seu Octopus com 6 tentáculos ao invés de 8, e as cenas na ponte Golden Gate foram filmadas em segredo pois as autoridades locais não haviam autorizado! 


(Harryhausen precisou sempre posicionar seu polvo de forma que não se note seu 'defeito físico')

Logo a seguir, Harryhausen começou a trabalhar nos efeitos especiais de "Earth Vs. the Flying Saucers" (Invasão de Discos Voadores, 1956) de Fred F. Sears, baseado em uma história de outro escritor de sci-fi, Curt Siodmak...



Diversos satélites do programa espacial americano são derrubados de volta a Terra. enquanto cientistas e autoridades investigam, um disco voador pousa e alienígenas em trajes metálicos fazem contato, e são recebidos à tiros...



Os extraterrestres que fugiram de um sistema solar destruído, pretendem ocupar a Terra, e os discos voadores atacam Washington, Moscou, Londres e Paris...




Um dos melhores filmes sobre invasão alienígena dos anos 50, durante uma 'febre' com o tema. Harryhausen fez os discos voadores e as impressionantes cenas de destruição usando o stop-motion. 



A produção fez um enorme sucesso, mas ele disse em sua biografia que é um dos seus trabalhos que ele menos gosta. Possivelmente por falta de amados monstros...

O produtor/diretor Irwin Allen (1916-1991    ) estava realizando um ambicioso documentário sobre a vida animal chamado "The Animal World" (1956). 




Ele queria incluir uma sequência inicial com dinossauros, para falar sobre a evolução dos bichos. Contratou então o veterano Willis O'Brien para realizar menos de 10 minutos de cenas em stop-motion, mas, com um prazo apertado e nenhuma equipe. O'Brien então chamou seu melhor 'aluno', fabricou diversos dinossauros em miniatura, para Ray Harryhausen fazer a animação quadro-a-quadro. 




Tanto o poster original do filme, quanto os críticos e o público, destacam essa parte como a mais impressionante e interessante de todo o documentário de 82 minutos...


Harryhausen voltou para a Columbia e para sua parceria com Charles Scheener para outro filme de sci-fi :

"20 Million Miles to Earth" (A 20 Milhões de Léguas da Terra, 1957) de Nathan Juran


 
Quando a primeira espaçonave enviada ao o planeta Vênus retorna a Terra, ela acaba caído no mar, próximo da Sicília, Itália. Dois astronautas ainda são resgatados com vida, mas um espécime que eles trouxeram preso em um pequeno cilindro escapa, e começa a crescer de forma espantosa...



Um coronel americano (William Hooper) captura a criatura com vida, mas, ela escapa do zoológico e espalha o terror nas ruas de Roma, durante uma batalha épica com um elefante...




Harryhausen teve pela primeira vez o domínio (quase completo) sobre uma produção. Primeiro, o roteiro foi baseado em uma história sua chamada "Ymir, o Gigante". Como ele queria visitar e trabalhar na Europa, convenceu os produtores (apoiado em seu status de responsável por grandes bilheterias) a ambientar a trama na Itália, algo incomum para os filmes de sci-fi americanos. O diretor Juran (1907-2002, nascido na Romênia, e especialista em filmes de terror & sci-fi) dirigiu a unidade americana, enquanto Ray & Charles Scheener foram os responsáveis pela equipe e cenas rodadas no 'velho continente'... 

Novos passos deveriam ser dados, e eles vieram com a inclusão de cores (até então Harryhausen só trabalhara seu processo chamado 'Dynamation' - que combinava as cenas live-action pré filmadas, com suas animações em estúdio- em p&b), e roteiros de fantasia e magia...

"The 7th Voyage of Sinbad" (Simbad e a Princesa, 1958) de Nathan Juran



O marinheiro Sinbad ( Kerwin Mathews) vai se casar com a linda Princesa Parisa (Kathryn Grant), mas surge o maligno mágico Sokurah (Torin Tatcher) que em sua busca de uma lâmpada mágica perdida, arrasta o herói para uma ilha recheada de monstros...


 

Uma história básica de aventura e fantasia, criada por Harryhausen inspirado em 'As 1001 Noites'. Existem muitas críticas aos épicos da dupla Harryhausen-Scheener, por conta de seus roteiros simplificados e apenas desculpas para as cenas de stop-motion /Dynarama...





Mas, foi uma fórmula de sucesso, e o filme foi uma das maiores bilheterias do ano, ao redor do mundo! 



 "Simbad e a Princesa" tem uma infinidade de cenas de 'encher os olhos', e que mesmo em tempos de 'CGI' possuem uma força imaginativa difícil de recriar. Além disso, o filme foi uma das inspirações admitidas por George Lucas para criar uma certa saga espacial, com princesas, heróis 'navegadores', monstros & etc....



A Columbia Pictures assinou um contrato com a dupla, para mais filmes coloridos de ação e fantasia...

Então vieram "The 3 Worlds of Gulliver" (As Viagens de Gulliver, 1960) de Jack Sher, com Kervin Mathews como o herói relutante criado por Jonathan Swift; e "Mysterious Island" (A Ilha Misteriosa, 1961) de Cy Endfield, baseado na novela de Jules Verne...





Ambos grandes sucessos de bilheteria novamente, mas depois eclipsados pela obra prima "Jason and the Argonauts" (Jasão e o Velo de Ouro, 1963) de Don Chaffey...


Jasão (Todd Armstrong)  foi profetizado para assumir o trono da Tessália, usurpado por Pelias (Douglas Wilmer) que matou seu pai. Jasão pretende viajar para para encontrar o lendário Velocino de Ouro e para isso monta uma tripulação com os melhores homens da Grécia, incluindo Hércules (Nigel Green). Eles estão sob a proteção de Hera (Honor Blackman), rainha dos deuses. A viagem é repleta de batalhas contra as monstruosas Harpias, Talos, um gigante de bronze, a Hidra de Sete Cabeças,  e um exército de esqueletos animados...






  Com um roteiro baseado na Mitologia Grega (e no poema épico 'A Argonáutica'), tem ótimas cenas de ação e suspense dirigidas pelo inglês Don Chaffey, e Harryhausen (que também foi produtor associado) caprichando ainda mais nos efeitos especiais e nas possibilidades de seu sistema. A luta com os esqueletos é clássica e foi depois copiada e homenageada em filmes mais recentes. Mas, a criatura mais impressionante e bem executada é o gigante Talos...



No Oscar de 1992, ao homenagear Ray Harryhausen com um prêmio pelo conjunto de sua obra, o ator Tom Hanks observou: 'Algumas pessoas dizem Casablanca ou Cidadão Kane. Eu digo que Jason e os Argonautas é o melhor filme já feito!'

Depois de fazer os efeitos especiais da divertida sci-fi  "First Men in the Moon" (Os Primeiros Homens na Lua, 1964) de Nathan Juran, baseado em H.G. Wells, Ray foi chamado por Don Chaffey para usar a magia de suas animações em "One Million Years B.C." (Mil Séculos Antes de Cristo, 1966) da Hammer Films...

Que tinha como maior atração a beleza de Raquel Welch como uma garota das cavernas, enfrentado perigos e dinossauros...

No mesmo ano, o livro "Fahrenheit 451" de Ray Bradbury foi adaptado para o cinema pelo diretor francês François Truffault, em um filme homônimo...



... com um elenco internacional, e trilha sonora de Bernard Hermann, compositor favorito de Alfred Hitchcocok, mas que também havia feito as trilhas sonoras de "Jasão e o o Velo de Ouro" e outros 3 filmes de Harryhausen na Columbia...

Harryhausen queria fazer outro filme com dinossauros, agora baseado em uma ideia antiga de seu mentor Willis O'Brien, chamada "Gwangi". A Columbia recusou, mas, Scheener procurou a Warner Brothers, que deu sinal verde para "The Valley of Gwangi" (O Vale de Gwangi, 1969) de Jim O'Connolly...





A premissa básica é: cowboys de um circo encontram um vale perdido com bichos pré-históricos e decidem captura-los para suas apresentações...




No mesmo ano o filme "The Illustrated Man" (O Homem Ilustrado, 1969) de Jack Smight, adaptou 3 contos de sci-fi/fantasia do livro homônimo de Ray Bradbury...





Schneer convenceu a Columbia Pictures a reviver a série das 1001 Noites, e assim nasceu "The Golden Voyage of Sinbad" (A Nova Viagem de Sinbad, 1973) de Gordon Hessler, com John Phillip Law, Caroline Munro...




 Foi outro grande sucesso, então Harryhausen trabalhou de outubro de 1975 até março de 1977 para concluir os efeitos de:

"Sinbad and the Eye of the Tiger" (Sinbad Contra o Olho do Tigre, 1977) de Sam Wanamaker, com Patrick Wayne







Mas, dessa vez a química não funcionou. A produção teve diversos problemas técnicos, o ator principal (filho do lendário John Wayne) é muito ruim, e para piorar, o filme estreou no mesmo verão de "Star Wars" (Guerra nas Estrelas de George Lucas), e sofreu muitas comparações (negativas) em relação com o épico de sci-fi...que como já citamos, foi influenciado pelo primeiro filme de Sinbad do Tio Ray...
O filme é divertido e foi bem nas bilheterias apesar das críticas. Mas, no mesmo ano também estreou "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" de Steven Spielberg...
A solução parecia ser um filme novo com grande produção e elenco de atores notáveis:

"Clash of the Titans" (Fúria de Titãs, 1981) de Desmond Davis, com Sir Laurence Olivier, Ursula Andress, Claire Bloom, Burguess Meredith...




De volta a mitologia grega, agora com as aventuras do herói Perseus (Harry Hamlin, novamente uma péssima escolha ...), que para salvar a Princesa Andrômeda (Judi Bowker) precisa combater a Medusa, e o titã Kraken...





...além do monstruoso Calibos, escorpiões gigantes e mais...




Harryhausen fechou com 'chave de ouro' seu trabalho mágico, artesanal e complicado. O filme produzido pela M.G.M. ( a Columbia desistiu por conta do orçamento) foi uma das maiores bilheterias mundiais do ano (competindo com "Caçadores da Arca Perdida, de Spielberg), e foi foi elogiado pela crítica, quase sempre destacando 'os efeitos charmosos e arcaicos', 'à moda antiga', 'nostálgicos' (etc.) de Ray...
P.S. A aventura teve um 'remake' em 2010, e uma continuação em 2012, em 3D, com efeitos totalmente digitais...
Com o avanço de novas tecnologias, monstros animatronicos e depois o domínio dos efeitos digitais, o trabalho artesanal de Ray Harryhausen ficou 'ultrapassado', e ele se aposentou. Ele apareceu em pontas/homenagens como no remake de "Mighty Joe Young" ( Poderoso Joe, 1998) de Ron Underwood.


(Terry Moore, a estrela do filme original e Harryhausen em uma ponta no "Poderoso Joe')

"Hoje, outras técnicas foram adicionadas para o profissional de animação.  O computador e o chamado 'go-motion' (nota: variação do stop-motion utilizada inicialmente pela IL & M de George Lucas, que 'borra' deliberadamente os quadros da animação para aumentar a sensação de movimento 'Real'), são ambos complementos da ideia básica do processo artesanal chamado de Stop Motion. 'Entertaiment'é diversão, em filmes, video, palcos de teatro ou produtos eletrônicos. As inovações, chamadas de 'técnicas modernas', são meras ferramentas adicionais para os cineastas usarem em sua luta para divertir o público, que paga para uma-hora-e-meia de prazer." 

(Ray Harryhausen na introdução do livro "The Illustrated Dinosaur Movie Guide" de Stephen Jones, em 1993).



"Ele era o 'Tio Ray' em minha casa, e dane-se se ele não é também o Tio de toda uma geração de fãs e fanáticos por cinema. 
Isto foi escrito pelo garoto que habita em mim, que aos 17 anos se admirou com seu gênio, e com toda a extensão de sua genialidade - os deliciosos monstros que se moviam em sua cabeça, e pra fora de seus dedos, entrando em nossos sonhos eternos. Muito tempo depois de irmos embora, suas criaturas ainda vão viver centenas de anos neste mundo". (*)

Em 1990 Ray Bradbury publicou a novela policial "A Graveyard for Lunatics: Another Tale of Two Cities" (Um Cemitério Para Lunáticos), sobre um roteirista que é contratado para escrever um filme de ficção científica nos anos 50, e sua amizade com um certo criador de efeitos especiais chamado 'Roy Holdstrom'...

De 1985 a 1992, Ray Bradbury apresentou a série de TV " The Ray Bradbury Theatre" , que em 65 episódios adaptou suas histórias e contos, sempre com a presença de grandes atores e atrizes convidados. 




Ray Bradbury e Ray Harryhausen foram amigos a vida toda, assim como o parceiro editor/escritor/colecionador ( e sempre um grande apoiador dos trabalhos de seus talentosos amigos) Forrest 'Forry' Ackerman...


                                  Ray, Forry & Ray
 
Forry faleceu em dezembro de 2008. Bradbury morreu em junho de 2012, após uma longa doença. Harryhausen se foi em maio de 2013. Sua esposa Diana Livingstone (eram casados desde 1963) sobreviveu mais seis meses...







Titãs da ficção científica e fantasia, e amigos de longa data Ray Harryhausen e Ray Bradbury se encontraram diversas vezes em convenções e eventos do gênero, e contaram para as plateias, anedotas de suas vidas e o amor que compartilhavam pelos monstros. No pequeno documentário (17 min. ) "An Unfathomable Friendship" (2003) Ray Bradbury descreve sua alegria na noite em que presenteou seu amigo com o Oscar honorário.




 'Maligno' como sempre, Bradbury promete erguer sua estrela na Calçada da Fama de Hollywood e colocá-la ao lado da estrela de seu querido amigo Harryhausen.






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